A ofensiva aos “caroneiros” na BR-415/BA


Por Thiago Pacheco

TiagoPachaco263211_241981615835091_6777255_nA AGERBA, Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia, deflagrou no mês de março último uma ofensiva contra os motoristas que trafegam pela rodovia Ilhéus-Itabuna e fornecem, de forma gratuita, o transporte não remunerado popularmente conhecido como “carona” aos estudantes da Universidade Estadual de Santa Cruz, situada à beira da Rodovia.

Diversos sites de notícias tem divulgado a atuação dos fiscais da Agência Reguladora Estadual que notificam os condutores e apreendem seus veículos com base em Resoluções, tanto da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres, como da própria AGERBA, especialmente na Resolução nº 4.287/20133 da ANTT e Resolução nº 27/2001 da AGERBA.

Ocorre que as autuações realizadas pelos agentes são contrárias a diversos dispositivos do ordenamento jurídico nacional, sendo passíveis de anulação através de processo judicial, que pode cancelar as penalidades e determinar a devolução dos valores.

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Dia do Cacau: O fortalecimento da CEPLAC é o presente que precisamos


Por Bebeto Galvão

BebetotribunaNeste 26 de Março comemoramos o Dia do Cacau, uma data que ainda não é tão conhecida, mas é de um valor importantíssimo para o Brasil, para a Bahia e principalmente para a nossa Região Sul da Bahia. Eis aqui um momento para realizar uma profunda reflexão sobre a grandiosa importância da lavoura cacaueira, que já foi responsável por alimentar boa fatia de toda economia do estado, gerando nas épocas áureas 120 mil empregos diretos, representando inclusive a 70% de toda exportação do estado, com uma receita da ordem de U$ 1 bilhão. Nos dias atuais, estima-se que o numero de empregos despencou dos 120 mil para 30 mil. Uma região, cuja produção de cacau chegava a atingir a marca de 400 mil toneladas por ano deste fruto, que é considerado o grande signo de desenvolvimento da região, mas também hoje é signo de crise, de abandono, de saudade. Contudo, ele pode ser o signo da restauração, da reconstrução.

E parte dessa reconstrução passa, dentre outras coisas, pela anistia da dívida da cacauicultura, como forma de fazer justiça aos produtores de cacau, que foram fundamentais para o processo construtivo regional. Fala-se em perdão da dívida. Mas na verdade não existe perdão, pois os produtores não precisam ser perdoados, já que nada cometeram de crime. A anistia é necessária.

É possível e necessária a recuperação da economia da nossa região, que já protagonizou as discussões de economia do estado e do país, mas sofre com a visível ausência do Estado brasileiro. Em nossas discussões, costumamos ressaltar que a “falta de políticas públicas para o cacau consegue ser mais nociva do que a própria vassoura de bruxa”. E o argumento é simples, pois a fórmula para combater esta praga já foi descoberta há tempos, graças a um esforço concentrado dos produtores e dos técnicos da CEPLAC, que é através da clonagem da planta. Portanto, o caminho para vencer a crise nós já sabemos. Agora se faz necessária a implementação de políticas públicas para usarmos na prática essa descoberta, garantindo, por exemplo, que pequenos e médios produtores tenham acesso a créditos que possibilitem a aquisição dessa tecnologia, que já não é mais novidade há tempos.

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INSTITUIÇÃO DO RECALL NO SISTEMA POLÍTICO BRASILEIRO


Por Gustavo Kruschewsky/ [email protected]

Gustavo (2)É urgente e necessária, no presente momento, a instituição do RECALL no ordenamento constitucional da República Federativa do Brasil. Não é mais crível nossa democracia amargar – conforme vem amargando há muito – lavagem do dinheiro mefítico advindo da corrupção. São crimes diabólicos altamente potencializados por parte de muitos governantes em conluio com partidos políticos. A Presidente da República tem consciência da roubalheira de muitos “políticos” a ponto de declarar que: “a corrupção no Brasil é senhora muito idosa”. Exatamente, ficou velha e se transformou em ilícito cultural por não ser punida severamente pelos órgãos competentes. A corrupção é cometida historicamente por muitas pessoas que compõem os três poderes, Executivo Legislativo e Judiciário, nos três âmbitos, Municipal, Estadual e Federal.

O recall é uma forma de revogar, tornar nulo, o mandato eletivo de qualquer governante através de decisão popular. Em vários países funciona historicamente a instituição do recall, a exemplos dos Estados Unidos, Argentina e Venezuela. Um número determinado de eleitores, através de documento escrito, dirige uma petição subscrita por todos eles destinada ao político governante que perdeu a confiança do povo requerendo sua substituição, ou que se demita do cargo pelo fato dele já estar causando danos à sociedade. É tomar o poder do eleito que vem exercendo pessimamente – e já desacreditado – uma função pública. Se não existirem respostas, faz-se uma votação em que conste a confirmação ou não da remoção, conforme a maioria. No mesmo pedido do documento encaminhado pode-se elencar nomes de outros candidatos para substituir aquele que se pretende seja removido da função pública. Logo, o instituto do recall tem o escopo de destituir o representante do poder – requerido pelos eleitores em número preestabelecido por lei – determinando a remoção do cargo público que ocupa, por considerar que aquele a quem se pretende remover não reúne mais condições de competência e moral para o exercício daquela função pública.

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Política eticamente imutável


Por Gustavo Kruschewsky/[email protected]

Gustavo (2)No dizer de Parmênides – filósofo grego – o ser é essencialmente imutável!  Parece que a afirmação colide com o pensamento de Heráclito. Será? Heráclito – também filósofo grego – que viveu, assim como Parmênides, antes de Sócrates,  afirmou que: “tudo se move, nada permanece o mesmo, a única realidade do mundo é a mudança”. Concordo ainda com ele que “a vida move-se num círculo, tudo se move em círculos. A criança nasce, depois vem a juventude, a velhice e a morte. Move-se como se movem as estações: vem o verão, depois as chuvas, em seguida o inverno, e assim tudo continua num círculo”. Neste aspecto, nada muda, tudo volta a ser o que era, por causa do movimento natural circular contínuo que se  repete. Com esse fenômeno, verifica-se verdadeiramente um  círculo imutável… Até aí chego à conclusão que Parmênides e Heráclito se completam! Apenas uma cogitação profunda…

Deixemos essa lucubração filosófica para o ambiente acadêmico e vamos ao dimensionamento da consciência humana! Neste caso, parece que a história é outra, “antes que o novo comece, há um espaço através do qual o ser humano pode escapar”, ou seja, mudar para melhor ou para pior. A porta da consciência estará aberta para a imutabilidade ou para a mudança no decorrer da vida humana, depende da índole e da educação que a pessoa assimilou. Se ela – a educação – não conseguiu corrigir a índole ruim da consciência do indivíduo, proliferam-se, portanto, no tribunal humano, ações para o malfeito. Daí em diante tudo é possível até o aparecimento de  ladrões do dinheiro público – da forma que vem acontecendo há muito na politicagem brasileira – a  exemplos do mensalão e do petrolão que resvalam também em favorecimento a politiqueiros em âmbito estadual e municipal.

No caso em comento, é prudente detalhar que: para concretizar algo que se deseja é preciso externar a repulsa e se ter coragem para agir.  No primeiro caso é não aceitar passivamente a situação da forma que ela se apresenta. No segundo caso,  o sentimento de coragem proporciona o animus – a vontade –  de modificar aquela situação. Em outras palavras, é ir à luta para tentar mudar o quadro que se apresenta na situação atual política do Brasil para que a situação se torne eticamente imutável. Nessa toada, faz-se necessário, desde logo no Brasil, a imediata reforma política e o fim do investimento empresarial em candidatos e partidos. E segundo informações da mídia  investigar – criando uma CPI –  empréstimos bilionários que  o governo brasileiro supostamente tem feito com o nosso dinheiro, através do  BNDES  – Banco Nacional do Desenvolvimento – a exemplos de obras supostamente concluídas em Cuba, Equador, Moçambique, Venezuela, Angola, etc. Todos esses bilhões deveriam ser aplicados em obras sociais para os nossos municípios que estão falidos sobretudo pela epidêmica corrupção capitaneada por muitos partidos políticos que desmoralizam o Estado Brasileiro.

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Eliane Cantanhêde: ‘Eles têm nojo da gente’


Por Eliane Cantanhêde/ Estadão

ECantanhede_400x400Meses antes de estourar o mensalão, o então deputado Roberto Jefferson chegou atrasado para um almoço de parlamentares do PTB com jornalistas, justificou que estava numa reunião com petistas no Planalto e desabafou: “Eles não querem aliados, querem sabujos. Eles têm nojo da gente”.

Deu no que deu. Jefferson detonou o esquema do mensalão, que quebrou o encanto do governo Lula e levou para a cadeia os principais líderes petistas e o próprio petebista. Nunca mais o PT foi o mesmo.

O PMDB de hoje no governo Dilma está mais ou menos como o PTB de ontem no governo Lula, às vésperas do mensalão. Com a diferença de que o PMDB é o PMDB: ocupa a Vice-Presidência da República, é o maior partido do Congresso e tem as presidências da Câmara e do Senado, o maior número de governos estaduais e milhares de prefeituras.

E há agravantes: Luiz Inácio Lula da Silva foi um deputado inexpressivo e dizia que o Congresso tinha “uns 300 picaretas”, mas ele conhecia o jogo. Dilma Rousseff nunca foi parlamentar, não conhece o Congresso, não gosta de política, despreza os próprios aliados.

É aí que mora o perigo, porque cidadãos e cidadãs, à distância, têm até o direito de imaginar que os 513 deputados e os 81 senadores são uns desqualificados, aproveitadores, que você compra com um cargo daqui, uma emenda dali. Mas o, ou a, presidente da República e sua equipe direta têm obrigação e necessidade de saber que não é tão simplório assim.

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Pendências de Parlamentares com a Justiça


Por Gustavo Kruschewsky – [email protected]

Gustavo (2)Lendo o Jornal A TARDE desse domingo, 01 de março de 2015, especificamente no caderno que aborda questões políticas, deparei-me com uma publicação da AGÊNCIA O GLOBO de Brasília intitulada “SENADORES TÊM PENDÊNCIAS JUDICIAIS”. Na verdade isso já não é mais novidade para o povo brasileiro e de tantas outras nacionalidades. O Texto diz o seguinte: “Assim como a câmara, a Mesa Diretora do Senado é formada por parlamentares que têm pendências com a justiça. Levantamento feito pelo Globo aponta que quatro dos sete integrantes da direção da Casa respondem a alguma ação. Os processos vão de improbidade administrativa a embriaguez ao volante, passando por condenações no Tribunal de Contas da União (TCU) e pendências com a Justiça Eleitoral por violações supostamente cometidas durante as eleições. – INTEGRANTES DA MESA PROCESSADOS – Todos os integrantes da Mesa Diretora do Senado respondem a vários processos por motivos como improbidade administrativa e embriaguez. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), responde a dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e dois no Tribunal Regional Federal (TRF) do Distrito Federal. Uma das investigações o acusa de tráfico de influência. Numa ação civil pública no TRF, ele é acusado de improbidade administrativa por ter supostamente recebido propina da empreiteira Mendes Júnior. Em outra ação, ele é acusado de crimes contra o meio ambiente. A quarta ação é do uso irregular de jatinho da FAB para ir a um casamento. O segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), é alvo de inquérito que investiga improbidade administrativa. A ação tramita no STF desde 2004. Somente em 2010 voltou a andar, mas ainda não há uma sentença. O primeiro secretário, vicentinho Alves (PR-TO), já foi condenado pelo TCU, em 2002, por irregularidades em convênios com o governo federal quando ele era prefeito de Porto Nacional (TO)”.

Continuando a compulsar o referido Jornal que trata de economia e negócios li o artigo intitulado ENERGIA PETROLEIRA BRASILEIRA REGISTRA UM DÉB ITO DE R$ 40 BILHÕES ESTE ANO (2015) – da lavra de BRUNO ROSA E RAMONA ORDONEZ da Agência O Globo, Rio de Janeiro. Com isso e mais outras mazelas que está amargando a Petrobras ela perdeu “o grau de investimento ( o selo de boa pagadora)”. O efeito é que a Petrobras – segundo vários especialistas – terá dificuldades “para ter acesso ao mercado financeiro”, pois terá a estatal de amargar juros mais elevados e dificuldades bem maiores para pagar as suas dívidas, principalmente as mais antigas.

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Carnaval 2015 em Ilhéus


Por Julio Gomes

julio-cezar-gomesFoi carnaval ou festa de largo? Não sei dizer, mas, quem gosta de carnaval – assim como eu gosto – não tem dúvida de que tivemos o menor carnaval de todos os tempos, no tamanho do circuito e, talvez, na participação do povo.

Parece que neste ano o governo se esmerou em apequenar alguns aspectos da festa popular: não contratou nenhum trio elétrico; não colocou nenhum tipo de decoração carnavalesca; não armou palanque oficial, quiçá para evitar constrangimentos; e reduziu o espaço físico do evento público à menor área ocupada de toda a sua história: iniciava-se junto à catedral e terminava primeira esquina mais próxima da Soares Lopes, concentrando ali barracas, palco, vendedores e foliões.

Por outro lado, quem é folião, quem gosta de brincar, sempre dá um jeito de aproveitar o carnaval e ser feliz, seja em um bloco popular ou afro; seja próximo à banda que toca no palco ou indo ao circuito junto com as pessoas de quem gosta.

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Os fatos em Ilhéus


Por Gustavo Kruschewsky / [email protected]

Gustavo (2)É importante que os Ilheenses – principalmente os que nasceram no século vinte e ainda estão vivos – lembrem-se que a maioria dos ocupantes de cargos públicos, prefeitos e vereadores, jogou solto até hoje sem nenhuma preocupação com o futuro de Ilhéus, em desenvolver um sistema alternativo de circulação, a exemplo de um trânsito ágil, com criação de ciclovias e motovias públicas, hidrovias, ferrovias, serviços de bondes, construção de outros viadutos, até mesmo metrô em superfície que é um transporte para todos, sem distinção, moderno, rápido, com conforto e com horários pré-estabelecidos que interligasse a cidade de Ilhéus a Itabuna. Além de que, na cidade de Ilhéus, já existissem pelo menos passarelas na região central, em locais estratégicos na zona sul e norte da cidade e planos inclinados em alguns lugares em que as pessoas – moradoras e visitantes – necessitassem deste tipo de transporte para a sua melhor locomoção. Todo esse sistema modal criativo, se fosse pensado e posto em execução desde 50 anos passados, teríamos nos dias atuais um trânsito em Ilhéus fluindo de forma mais confortável. Acresce que já deveria ter uma ponte que interligasse o Bairro Teotônio Vilela à zona sul da cidade ou até mesmo o Banco da vitória à zona sul de Ilhéus, além de outra ponte que se pretende do Cristo ao Pontal. Infelizmente, para desgosto dos munícipes, nada disso fora feito pelos “governantes” – vereadores e prefeitos – que ocuparam as cadeiras do executivo e legislativo Ilheense até hoje. Além de todo esse quadro em Ilhéus é lamentável que os distritos estejam abandonados e as estradas que levam até eles, na sua grande maioria, são de difícil trânsito. Pior ainda que não há costume administrativo por parte de muitos prefeitos, nas suas gestões – muitas delas deficientes – em fazer obras de conservação no asfaltamento das ruas da cidade pelo menos uma vez anualmente! Triste realidade vem amargando a nossa cidade de Ilhéus…

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O princípio da autotutela estatal e o decreto 265


Por Bel. Renê Sampaio Medeiros/ Blog Una na Mídia

ren_4O arcabouço jurídico pátrio prevê dentre os vários princípios da administração pública, o principio da autotutela. Esse princípio significa dizer que a administração poderá rever seus atos a qualquer tempo quando comprovada afronta ao princípio da estrita legalidade ou quando ferir a Lei Maior. Porém, às decisões do Executivo e do Legislativo podem ser analisadas e julgadas no âmbito do Poder Judiciário, através de remédios próprios. Em 2009, este princípio foi aplicado na pratica, todavia o Judiciário, à época, referendou a decisão do mandatário, atribuindo responsabilidades judiciais as personalidades envolvidas no trágico episódio.

A Prefeita Diane Rusciolelli, assim como o ex-prefeito Dejair Birschner, embarcou numa dolorosa peleja, a principio administrativa, com os servidores públicos por conta de, supostas, graves ilegalidades cometidas por ex-vereadores e ex-prefeitos que praticaram atos ilegais e imorais, como se a administração a eles pertencessem e não estivessem atritos aos princípios da Carta Magna. Tanto o ex-prefeito Davi Cerqueira quando os sete vereadores respondem judicialmente, por conta de uma legislação mal elaborada, mal votada e inoportuna para o momento da sua tramitação na época. A Lei foi feita em período eleitoral e foi taxada como eleitoreira pelo Judiciário.

A atual gestora baixou decreto número 265, publicado no Diário Oficial de hoje (29) suspendendo o pagamento de benefício do 1/2 de férias e o pagamento de promoção por antiguidade dos servidores. O Poder Executivo, através da Procuradoria Jurídica, entende que o pagamento de 1/2 de férias afronta a Constituição Federal que prevê o pagamento de 1/3. Ademais, o pagamento de gratificação de promoção por antiguidade teria satisfação dúbia para o servidor que já recebe o adicional por tempo de serviço. A Constituição Federal veda o pagamento de gratificações por fatores idênticos. Tanto uma, quanto a outra, tem o mesmo objetivo que é o de gratificar o servidor pelo tempo de relevantes serviços frente à administração pública.

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Fecha as pernas, menina


Por Julio Gomes

FOTO ARTIGOS JULIO GOMESCausa-me forte impressão o descuido de muitas mães de hoje em dia com a conduta de suas filhas ainda crianças, tanto nas classes mais populares como, até mesmo, nas mais abastadas e bem escolarizadas.

Na época em que era criança – nasci em 1965 – cresci ouvindo as mães advertindo suas filhas para que tivessem “modos” e “cuidado”. Uma das expressões mais ouvidas, quando as meninas se sentavam displicentemente, com as pernas abertas, mostrando em público a calcinha ou parte dela, era o famoso: “fecha as pernas, menina, e senta direito.”

Isso valia para ricos e pobres. Para negros e brancos. Para filhas de doutor ou de trabalhador rural. A preocupação das mães com o pudor e com não expor suas filhas permeava toda a sociedade.

Hoje, no Brasil, temos índices vergonhosos de violência sexual praticada contra crianças. Incorporou-se plenamente ao vocabulário cotidiano uma palavra antes quase desconhecida, que designa este tipo de crime: pedofilia.

Os números são alarmantes: Segundo o Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes no Brasil, publicado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos, com base em registros do SINAN, foram atendidos, em 2011, um total de 10.425 crianças e adolescentes vítimas de violência sexual. A grande maioria do sexo feminino: 83,2%, sendo que a maior incidência de atendimentos registra-se na faixa de 10 a 14 anos.

Estes números não traduzem senão muito palidamente a realidade, que é muitíssimo pior, pois a criança ou adolescente simplesmente não dispõe, na imensa maioria das vezes, de meios para denunciar seu agressor, que quase sempre é um familiar com forte ascendência sobre ela, passando a sofrer a violência calada, por anos a fio.

Acrescente-se que, em muitos casos, após cometer o abuso ou a violência sexual, o criminoso, buscando não ser identificado, mata barbaramente a criança indefesa, trazendo-nos outra palavra bem pouco pronunciada em anos passados: infanticídio.

Para constatarmos esta avalanche de violência sexual contra crianças e adolescentes não precisamos recorrer às estatísticas oficiais. Basta ligarmos o rádio, a TV ou acessarmos à internet, e todos os dias nos depararemos com casos similares.

No Brasil em que as leis são normalmente ineficazes para conter a prática de crimes, resta às famílias – sobretudo às mães – dar as orientações cabíveis quanto à conduta e manter a vigilância necessária em favor de suas filhas e filhos. E denunciar imediatamente qualquer fato suspeito.

Aqui, mais do que nunca, mais vale prevenir do que remediar.

 *Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz. e-mail: [email protected]