OU PRENDAM COLLOR, OU SOLTEM O PRISCO


Por Targino Machado

Targino Machado
Targino Machado

O povo brasileiro ainda trazia na memória a falência de uma das maiores mobilizações populares deste país: as “Diretas Já”. Falência por não ter sido possível a produção dos seus efeitos com a eleição de Tancredo Neves, impedido de tomar posse em virtude de problemas de saúde, que veio a falecer.

Naquele hiato de tempo resolveram dar posse a José Sarney – o vice.

Todo tipo de trapalhada o Brasil presenciou durante o governo Sarney: desemprego, greves, corrupção, miséria e fome. Tudo isso com uma inflação galopante: cerca de 80% ao mês.

Tudo conspirava favoravelmente a eleição de um candidato que incorporasse um discurso novo, eivado de modernidade, que se apresentasse como paladino da moralidade e prometesse austeridade administrativa para a promoção de políticas desenvolvimentistas.

O terreno estava propício a um oportunista de posse daquele discurso. Mais que isso, eis que surge um novo e bem-apessoado político das Alagoas, com um bom marketing e ainda pregando a caça aos marajás, assim chamados os funcionários, fantasmas ou não, detentores de salários exorbitantes, comumente parentes ou apaniguados de figurões da política.

Logo o jovem Fernando Collor de Mello, pilotando um partido nanico, tornou-se o queridinho dos jovens de zero a cem anos.

Collor presidente praticou estelionato político junto com a quadrilha instalada no poder, sob a sua liderança e do tesoureiro de campanha Paulo César Farias, o conhecido PC. A Era Collor foi meteórica, como fugaz as esperanças nela depositadas. Fruto de denúncias emanadas do próprio irmão Pedro Collor, provavelmente por divergências no rateio do quanto surrupiado, iniciou-se no meio da população, especialmente dos jovens que para as ruas foram Brasil afora, de caras pintadas, o movimento denominado FORA COLLOR.

Apeado do poder pelo impeachment, que ocorreu não pelas pressões das ruas, vez que o Congresso da época, como o de hoje, não obedece aquele comando. O erro de Collor, que resultou em seu impeachment, foi ter desdenhado os senhores parlamentares com assentos no Congresso Nacional. Por julgar-se todo poderoso, não “dialogou” com as forças políticas e como resultado perdeu o poder.

Dez anos após assumiu o governo do país o sindicalista Lula, candidato derrotado nas eleições de 1989 por Fernando Collor.

O Partido dos Trabalhadores (PT) assumiu a Presidência da República após dois anos de governo de Itamar Franco e oito anos de Fernando Henrique Cardoso. Estes, através do Plano Real, estabilizaram a nossa moeda e debelaram a inflação. Assim foi transferido o poder para o PT.Lula, preparado por diversas derrotadas eleitorais, dono de grande inteligência e sagacidade, fez tudo ao contrário do prometido. Estabeleceu um governo neoliberal, honrou os contratos pré-existentes, deu continuidade ao Plano Real, tão criticado pelo PT, conseguindo ser mais ortodoxo na política econômica que o ministro Pedro Malan.

A grande sacada de Lula foi buscar no erro do presidente Collor a sua bússola. De forma cartesiana, estabeleceu uma relação íntima com o Congresso Nacional, construindo ali uma sólida maioria pró-governo, fazendo, para isso, sangrar os cofres públicos através do loteamento partidário dos ministérios, autarquias e distribuição de cargos públicos.

Como os aliados queriam mais, para tê-los, com tranquilidade, Lula montou com José Dirceu e outros o mensalão, maior escândalo de corrupção até aquele momento existente.

A equivocada oposição blindou Lula do impeachment, pois acreditavam, à época, que seria melhor enfrentar Lula sangrando, que afastá-lo e enfrentar na eleição seguinte o vice-presidente José Alencar.

Assistimos neste rastro a reeleição de Lula e a eleição do seu poste: Dilma Rousseff. Obediente companheira que a ele se juntou para a consecução do projeto petista. É fato que o escândalo da Petrobras, em valores, supera muito o mensalão. Mas este é um crime continuado. O protagonista continuou sendo Lula ao escolher José Sergio Gabrielli e Dilma para juntos dirigirem os destinos da petroleira.

Êta país engraçado! O que agora se vê: o pedido de habeas corpus solicitado pela defesa do líder sindical Marco Prisco foi negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, na última quarta-feira (23).

No dia seguinte, o mesmo STF absolveu Collor à unanimidade, mais de duas décadas após a ocorrência dos crimes de falsidade ideológica, corrupção passiva, peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Duas vergonhas: a pena aplicada ao vereador e líder sindical Marco Prisco, ocorrida sob as bênçãos do governador Jaques Wagner e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na tentativa de intimidar os demais sindicalistas por receio de manifestações durante a Copa do Mundo. A segunda vergonha: o STF levar 22 anos para julgar os crimes perpetrados por Collor que produziram comoção social e mancharam a nossa história política.

Só resta a todos cumprir as decisões prolatadas pelo STF. Não cabe alternativa, senão obediência.

Com a devida vênia, senhores ministros, em nome dos brasileiros que encetaram o movimento FORA COLLOR, clamo à vossas excelências: OU PRENDAM COLLOR, OU SOLTEM O PRISCO.

Targino Machado é médico, e deputado Estadual da Bahia.

PELO FIM DO AUXÍLIO RECLUSÃO JÁ


Por Julio Gomes

julio-cezar-gomesTodo início de mês, ao pagar benefícios previdenciários como aposentadoria e pensão por morte, o Governo Federal também paga o auxílio-reclusão, em favor de pessoas que estão encarceradas, cumprindo pena após terem sido julgadas e condenadas pelo Poder Judiciário.

Sei perfeitamente que o auxílio reclusão tem valor entre um salário mínimo (R$ 724,00) a R$ 1.025,81 (Portaria MF nº 19, de 19/01/2014). Também sei que não é pago por cada filho, mas por segurado que esteja recolhido à prisão.

Entretanto, todos nós também sabemos que as leis de um Estado não caem do céu. Elas são, em regra, votadas e aprovadas por parlamentares, e sancionadas pelo Poder Executivo. Assim, podem ser criadas, alteradas ou revogadas a qualquer tempo.

Dessa forma, é legítimo que qualquer pessoa do povo se manifeste quanto ao conteúdo das leis do país onde vive. Se é certo que, estando vigentes, deverão ser cumpridas; também é certo que podem e devem ser questionadas a todo o momento, e postas de acordo com a vontade soberana do povo.

Sou um dos milhões de brasileiros que é contra a existência do benefício denominado auxílio-reclusão, e temos o direito cidadão de nos manifestarmos contra a existência desta verdadeira aberração, que só existe no Brasil e em mais nenhum outro país do mundo.

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50 anos de 31 de março de 1964 e o Brasil de hoje


Por Julio Gomes

julio-cezar-gomesPara uns, golpe. Para outros, revolução. O fato é que há cinquenta anos um movimento militar arrancou o Presidente João Goulart do Palácio do Planalto e impôs àquele Brasil um governo composto por uma estranha junta militar.

O resto da história, já se sabe. O regime de exceção se impôs pela força das armas e da máquina governamental por vinte e cinco longos anos, até que sob a pressão da imensa maioria dos brasileiros pelo fim da Ditadura, foi eleito, de forma indireta, um presidente civil, em 1985; e depois promulgada a Constituição de 1988, pondo fim ao Período Militar.

Entretanto, o que há de novo neste aniversário de 31 de março de 1964 não é a comemoração dos militares, que sempre a fizeram, de forma mais ou menos ostensiva, mas um clamor pela volta dos militares ao poder, que ecoou fortemente por todos os meios de comunicação.

Causa estranheza que em um Brasil muito mais desenvolvido economicamente, muito mais escolarizado e com chances de ascensão social infinitamente maior do que as que existiam na década de 1960, 70 e 80, este clamor tenha sido ouvido. Mas foi.

Penso mesmo que, se o povo não aderiu ao apelo do retorno à Ditadura, foi justamente por esta compreensão de que a vida melhorou, e muito.

Porém, o mesmo povo que se recusou a aderir à Marcha da Família também se recusa a defender o regime democrático, em uma clara demonstração de desprestígio da democracia junto àqueles que mais deveriam defendê-la: o povo.

Observo, especialmente, que o discurso de que a Ditadura assassinou cruelmente seus opositores – e assassinou de fato – não comove mais às pessoas. Por que será?

Façamos uma análise. Segundo organizações que têm afinidade com os mortos e desaparecidos da ditadura, estes somaram 379 pessoas ao longo de 25 anos (fonte: http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoas.php?m=3). A relação oficial, admitida pelo Governo, registra 357 mortos; e os familiares dos desaparecidos falam em 426 pessoas (fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/58032-lista-oficial-de-mortos-pela-ditadura-pode-ser-ampliada.shtml).

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Mobilização para quê ?


Por Julio Gomes

julio-cezar-gomesNos dias 17, 18 e 19 de março o ensino público de primeiro e segundo grau estará em greve, promovida pela CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, em todo o Brasil.

A ação da CNTE visa, segundo consta de sua convocação, exigir o cumprimento da Lei do Piso do Magistério; estabelecimento de plano de carreira e fixação nacional da jornada de trabalho dos professores; garantir o investimento dos royalties do petróleo na valorização da Educação; votação imediata do PNE – Plano Nacional de Educação, pelo Congresso Nacional; firmar posição contra a proposta dos governadores dos estados, de reajustes para o magistério abaixo do estabelecido pela Lei do Piso; e destinação de 10% do PIB para a Educação Pública.

Sem dúvida, as propostas da CNTE são justas, e se aprovadas poderiam proporcionar um salto qualitativo na educação brasileira, tão desvalorizada e de desempenho tão pífio, sobretudo na rede pública de ensino básico.

Poderia ainda, ao valorizar economicamente o magistério, impedir que a Educação continue a perder seus melhores profissionais para outros setores da economia, e incentivar aos jovens para ingressar nos cursos de nível superior voltados para a docência, hoje tão desprestigiados.

Em busca de tais objetivos, sacrificaremos três dias de aula, e conforme o vício dos professores, pais e alunos brasileiros, o faremos com a semana quase toda, pois após três dias sem funcionar a quinta e sexta-feira (dias 20 e 21) terão aula em um injustificável ritmo de “enforcamento”, de “feriadão”, tão vergonhoso, mas tão ao gosto de nosso povo.

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A política do lepo lepo e o Brasil


Por Anna de Oliveira

A matéria que passou no Jornal da madrugada do SBT, nas primeiras horas desta sexta-feira (28), informou que a música “Lepo lepo” da Banda Psirico, na Bahia, é a mais cotada para o Carnaval de Salvador, e que vai de encontro com a tendência musical da ostentação, como o funk tem difundido através de estrelas emergentes e populares do Rio de Janeiro. Pois, como relata a letra da música “Lepo Lepo”, “não tenho carro, não tenho teto, não tenho grana, e se ficar comigo é porque gosta”.

Ao dar voz aos foliões para se definir o que viria a ser o “lepo lepo”, a matéria, por meio do discurso dos entrevistados, descreveu o “lepo lepo” como `amor`, ou o jeito de se `fazer amor`. O clímax da matéria se deu quando o cantor da banda, Márcio Vitor, foi entrevistado para trazer sua definição sobre o termo, afirmando: “o lepo lepo é contra o capitalismo, porque se ficar comigo é porque gosta. O lepo lepo é amor”.

Análise: um cantor altamente adornado de bens de consumos acessíveis a pessoas de poder aquisitivo, que têm carro, teto e grana, afirma que sua música é contra o capitalismo. Sendo que, seu produto de venda, dentro desse mesmo sistema, são as suas músicas, letras, banda, isto é, todo o capital produzido e beneficiado com o sucesso e propagação do negócio cultural. Este, que é o instrumento de trabalho para se gerar o produto, as próprias músicas, as apresentações, ou seja, o instrumento de sustentação financeira.

Por se tratar de um meio de produção cultural, este tipo de produto se caracteriza como ‘coisa’ processada cognitivamente por meio de um intenso e contínuo CONSUMO de linguagem, para que seus consumidores permaneçam ativos num ciclo de alienação (ligação), e fiéis à onda musical, alimentando a cadeia produtiva cultural. Este processo implica, assim, para que os consumidores COMPREM os ingressos que estão a VENDA, dos shows da banda, dos blocos, festas particulares, cd’s, e aumentem a popularidade artí$tica na rede, com os downloads das músicas e retroalimentação das vendas e ideias, continuamente.

Além disso, a matéria e a música “Lepo lepo”, através do recurso da corrupção da linguagem – imposto pelos detentores hegemônicos dos instrumentos de produção e difusão de linguagem e sentido, como os meios de comunicação, sistemas de educação e as universidades, por exemplo -, se esforçam para transverter o valor ontológico e alto do amor, buscando-se trazê-lo para o escalão mais baixo, onde residem as fontes de aspirações decaídas do ser humano, tentando legitimar o amor neste mísero terreno.

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Reportagem revela que Sul da Bahia tem forte ligação ancestral com o Sul da Chapada Diamantina


Fórum Barão de Macaúbas.
Fórum Barão de Macaúbas- Rio de Contas – BA

A grande reportagem intitulada “O Alto Sertão Baiano”, produzida pela jornalista ilheense Anna Karenina de Oliveira, demonstra que a formação originária da primeira cidade planejada do Brasil, Rio de Contas-BA, tem seu início em Itacaré, nas margens do rio das Contas.

“Segundo a história oral do líder das três comunidades quilombolas de Rio de Contas, Carmo Joaquim da Silva, foi no desembocar do rio das Contas, que desagua em Itacaré, por onde seguiram os escravos fugitivos de um navio negreiro. De acordo com o quilombola, a história passada de pai para filho, narra que os escravos teriam se refugiado na Chapada Diamantina, no encontro do rio das Contas com o rio Brumado, e representam os ancestrais que constituíram os quilombos Barra do Brumado, Bananal e Riacho das Pedras, comunidades que integram a formação originária de Rio de Contas, conforme atestam estudos antropológicos apresentados neste trabalho”, explica a jornalista Anna Karenina de Oliveira.

Quilombo Barra do Brumado de Rio de Contas.
Quilombo Barra do Brumado de Rio de Contas.

 Acessível pelo link http://www.altosertaobaiano.blogspot.com.br/, a reportagem, que possui seis capítulos, usa a linguagem literária para abordar sobre a realidade social das comunidades quilombolas de Rio de Contas, vizinhas de uma comunidade de descendentes portugueses, que mesmo após mais de 100 anos da abolição da escravatura, não se miscigenaram até 2010, quando este trabalho de conclusão de curso foi desenvolvido. Além disso, com a metodologia da História Oral, narrativas diretas de importantes atores sociais de ambas as comunidades são interpostas por dados historiográficos e antropológicos, assim como relata em profundidade sobre os principais acontecimentos que marcaram o centro da indústria da mineração na Bahia, na era setecentista, durante parte do Império Português.

Para a jornalista, “as pessoas precisam acessar esse conteúdo, para ver que a Bahia é rica em muitos aspectos. Conhecida atualmente por seu aconchegante carnaval, assim como a tradicional festa Católica do Santíssimo Sacramento celebrada durante a Semana Santa há mais de 200 anos, Rio de Contas desvela, sobretudo, as expressões de um povo, além de possuir um dos Acervos Públicos mais ricos do país, com raros documentos historiográficos, bela arquitetura colonial edificada no auge da produção aurífera, e é um dos destinos mais procurados por pessoas que desejam desfrutar de trilhas e belezas naturais.

Pelo direito à mobilidade


Por Aldenes Meira

1779386_672579426096100_52264417_nApesar dos problemas que afetam a qualidade do serviço, alguns dos quais fogem à competência das empresas, é impressionante a reação diante de qualquer tentativa de favorecer a parte mais vulnerável nessa relação, que é o usuário.

As manifestações que ocorreram em todo o Brasil em meados de 2013 tiveram como principal mote a luta por um transporte público eficiente e com preço justo. Encabeçada pela juventude, aquela mobilização reflete o anseio geral de uma camada significativa da população que utiliza o ônibus e outros meios coletivos para se deslocar, mas sofre historicamente com a precariedade do serviço.

Basta conversar com os moradores de bairros periféricos de Itabuna sobre o transporte público para se ouvir relatos lamentáveis. Para muitos, o que se oferece são ônibus em péssimo estado de conservação, pelos quais se tem que esperar às vezes mais de uma hora, algo que atormenta e humilha cidadãos e cidadãs diariamente. Isto sem falar nas condições ruins de muitas vias de acesso, além da falta ou precariedade dos abrigos destinados aos passageiros.

Apesar dos problemas que afetam a qualidade do serviço, alguns dos quais fogem à competência das empresas, é impressionante a reação diante de qualquer tentativa de favorecer a parte mais vulnerável nessa relação, que é o usuário. Em junho, foi somente à base de muita pressão popular que essa equação injusta começou a ser modificada, mas um espírito de retrocesso ainda paira no ar.

Foi esse espírito que infelizmente levou o prefeito de Itabuna, Claudevane Leite, a vetar o projeto de nossa autoria que institui o direito à meia passagem no transporte coletivo, para todos, aos domingos e feriados. O prefeito apoiou-se em dois argumentos básicos, porém equivocados: o de que a proposta atinge o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos e o de que a matéria é da competência privativa do Executivo.

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Artigo: Uma Juventude na Mira do Mal


Por Julio Gomes

Frequentemente nos queixamos de determinados aspectos do comportamento dos jovens de hoje. Dizemos que as músicas que eles ouvem são um lixo, que eles têm a cabeça vazia (fúteis é uma palavra que quase não se usa mais hoje em dia), que as moças têm um comportamento prá lá de inadequado do ponto de vista moral, que muitos não querem nada com o estudo e absolutamente nada com o trabalho, e que há uma tendência crescente a não respeitarem nada nem ninguém.

De fato, se fizermos uma generalização grosseira, nossos jovens são assim mesmo. Mas por que são assim?

Em primeiro lugar devemos entender que se eles são assim é porque assim nós os levamos a ser.  O comportamento humano é socialmente aprendido, e não é novidade nenhuma afirmar que o homem, e a mulher, são frutos do meio em que vivem.

Mesmo que em nosso grupo familiar nos esforcemos ao máximo para que as coisas não trilhem este caminho, não podemos – nem devemos – impedir que nossos jovens entrem em contato com o mundo, que será deles quando partirmos. E o mundo, a sociedade, encontra-se em uma terrível miséria em termos de moralidade e bons exemplos.

Para começar, tudo o que não presta parece que passou a ser inquestionavelmente correto. Assim, se alguém desfruta de luxo e dinheiro sem trabalhar e sem ser rico, ninguém vê nada de errado nisso, como se o dinheiro caísse do céu. Se alguém bebe demais ou usa drogas, é retado! Se tem duzentos relacionamentos, seja homem ou mulher, seja com homem e/ou com mulher ao mesmo tempo, é um exemplo a ser seguido!

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Onde estão os guardas de trânsito de Ilhéus ?


Por Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky – Advogado e professor

Gustavo-Kruschewsky-OABOs guardas de Trânsito sumiram das ruas de Ilhéus! Notícias dão conta que a ausência dos Guardas à frente da fiscalização do trânsito na cidade é em função de uma briguinha, interna corporis, ensejada por questões da atual administração pública de não ceder e providenciar urgentemente o fardamento desses funcionários públicos importantes para o disciplinamento e fiscalização do trânsito em Ilhéus. Todavia,  não é motivo da Administração Pública omitir-se de prestar o serviço colocando os guardas nas ruas da cidade devidamente fardados. O fato é que o trânsito local da forma que se encontra vem causando transtornos para os motoristas e pedestres.

Devido a esse desprezo do Município de Ilhéus em relação à fiscalização do trânsito,  motoristas de automóveis, bicicletas, motos e outros veículos, que transitam na cidade,  são várias vezes flagrados na contra mão e desrespeitando placas proibitivas. Um exemplo é a Rua Ladeira da Vitória, onde estão localizados o Cemitério da Vitória, Hospital São José, Maternidade Santa Helena e várias famílias residentes nas imediações desse local, onde se percebe vários ilícitos causados por motoristas que transitam naquele local. Por isso, levou esse articulista a protocolar um requerimento ao órgão de trânsito competente requerendo providências urgentes! Infelizmente, passaram-se mais de trinta dias e não se obteve nenhuma resposta do Município.

No teor do aludido requerimento, solicita-se o disciplinamento do trânsito naquela via pública de circulação urbana que se encontra insuportável. Pela notória estreiteza da rua, pois a via não alcança 05 (cinco) metros de largura de uma guia a outra do passeio, não é crível que se tenha nessa viela, pelo fato de já se ter experiência durante muitos anos sem obter sucesso prático, estacionamento permanente de veículos automotores particulares de forma ilegal desrespeitando placas de sinalização nas imediações, mormente na entrada do Hospital São José, da Maternidade Santa Helena e Pronto Socorro. Outro exemplo é a antiga Rua do Café! Uma ladeira estreita que se encontra dia e noite tomada por estacionamentos de veículos no sentido da subida e descida da ladeira, onde  os motoristas ainda tem de transitar amargando trânsito de mão e contra mão! Uma loucura que pode causar acidentes.

Espera-se, portanto,  que o Poder de Polícia Administrativo do Município funcione, não seja omisso, colocando guardas municipais na extensão de toda a cidade de Ilhéus e nas referida ruas, fiscalizando e modificando o trânsito, se for o caso, multando os infratores que não respeitam a legislação de trânsito ao subirem seus veículos nos passeios, impedindo a passagem dos pedestres e estacionando em portas de garagens e em locais onde estão afixadas placas que impõem proibição. Além de transitarem na contramão levando perigo para outros motoristas e pedestres.

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Quem são nossos heróis ?


Por Julio Gomes

A ficha caiu quando assistia a um show de rap de Racionais MC. Um aluno do 3º ano me passou o CD como parte da apresentação de um trabalho sobre o negro e a escravidão no Brasil.

Conforme o aluno me falou, no CD havia uma parte intitulada Documentário, que versava sobre a escravidão. Embora muito ambientado na realidade de São Paulo do Século XIX, o material é de fato interessante, tanto pelas fotos dos cativos – esse privilégio de podermos ver como eram os rostos de nossos antepassados, e não ficarmos restritos à versão dos pintores – quanto pelo texto narrado em off pelos artistas da banda.

Assisti tudo. Pouco mais de uma hora de documentário, que não se deteve na escravidão, mas avançou pela República, falando das precaríssimas condições de vida dos descendentes dos escravos até a década de 1980, além de abordar aspectos ligados à cultura.

Após cumprir a obrigação de professor, fiquei livre para assistir ao Show contido no CD. Delícia. Sempre gostei da banda, desde jovem. Verdade que quando minhas filhas começaram a crescer, parei de ouvir Racionais em casa. Tinha muito palavrão e eu não queria dar mau exemplo. Mas continuei gostando – e elas também, porque muitas vezes as peguei ouvindo.

Ambientado em um cenário de favela, o grupo cantava alguns de seus melhores raps, quando percebi mais forte o apelo que toca de fato a juventude: Tendo o criminoso como primeira pessoa, falando de si e de seu mundo, o rap de Racionais acaba por colocá-lo como o modelo e protagonista principal da juventude negra, pobre e mestiça de nossas periferias. O cara!

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