Política eticamente imutável


Por Gustavo Kruschewsky/[email protected]

Gustavo (2)No dizer de Parmênides – filósofo grego – o ser é essencialmente imutável!  Parece que a afirmação colide com o pensamento de Heráclito. Será? Heráclito – também filósofo grego – que viveu, assim como Parmênides, antes de Sócrates,  afirmou que: “tudo se move, nada permanece o mesmo, a única realidade do mundo é a mudança”. Concordo ainda com ele que “a vida move-se num círculo, tudo se move em círculos. A criança nasce, depois vem a juventude, a velhice e a morte. Move-se como se movem as estações: vem o verão, depois as chuvas, em seguida o inverno, e assim tudo continua num círculo”. Neste aspecto, nada muda, tudo volta a ser o que era, por causa do movimento natural circular contínuo que se  repete. Com esse fenômeno, verifica-se verdadeiramente um  círculo imutável… Até aí chego à conclusão que Parmênides e Heráclito se completam! Apenas uma cogitação profunda…

Deixemos essa lucubração filosófica para o ambiente acadêmico e vamos ao dimensionamento da consciência humana! Neste caso, parece que a história é outra, “antes que o novo comece, há um espaço através do qual o ser humano pode escapar”, ou seja, mudar para melhor ou para pior. A porta da consciência estará aberta para a imutabilidade ou para a mudança no decorrer da vida humana, depende da índole e da educação que a pessoa assimilou. Se ela – a educação – não conseguiu corrigir a índole ruim da consciência do indivíduo, proliferam-se, portanto, no tribunal humano, ações para o malfeito. Daí em diante tudo é possível até o aparecimento de  ladrões do dinheiro público – da forma que vem acontecendo há muito na politicagem brasileira – a  exemplos do mensalão e do petrolão que resvalam também em favorecimento a politiqueiros em âmbito estadual e municipal.

No caso em comento, é prudente detalhar que: para concretizar algo que se deseja é preciso externar a repulsa e se ter coragem para agir.  No primeiro caso é não aceitar passivamente a situação da forma que ela se apresenta. No segundo caso,  o sentimento de coragem proporciona o animus – a vontade –  de modificar aquela situação. Em outras palavras, é ir à luta para tentar mudar o quadro que se apresenta na situação atual política do Brasil para que a situação se torne eticamente imutável. Nessa toada, faz-se necessário, desde logo no Brasil, a imediata reforma política e o fim do investimento empresarial em candidatos e partidos. E segundo informações da mídia  investigar – criando uma CPI –  empréstimos bilionários que  o governo brasileiro supostamente tem feito com o nosso dinheiro, através do  BNDES  – Banco Nacional do Desenvolvimento – a exemplos de obras supostamente concluídas em Cuba, Equador, Moçambique, Venezuela, Angola, etc. Todos esses bilhões deveriam ser aplicados em obras sociais para os nossos municípios que estão falidos sobretudo pela epidêmica corrupção capitaneada por muitos partidos políticos que desmoralizam o Estado Brasileiro.

As manifestações de 15 de março de 2015 no Brasil demonstraram exatamente que a  grande parte do povo brasileiro – de várias classes sociais – está indignada com a situação social e política do país e por isso agiu com coragem de ir às ruas protestar contra vários desmandos – crimes políticos – que depenaram os cofres da mais forte e rica empresa estatal brasileira, a Petrobras, atingindo de cheio a economia brasileira e por efeito a vida das pessoas – da população – na sua totalidade. As manifestações, contrariamente do que dissera o atual Ministro da Justiça Eduardo Cardoso, não foram pacíficas, elas foram ordeiras, é um pouco diferente. É questão de detalhe! Porque literalmente o termo pacífico tem  acepção mais contundente de exprimir aquilo “que é aceito ou admitido sem discussão ou oposição”. Pelo contrário, os brasileiros – na sua grande maioria – opõem-se –  não aceitam os desmandos e mazelas que os “governantes” atuais estão fazendo com o nosso país e com o povo brasileiro, por isso foram às ruas. Perceberam que quase todos os “políticos” em âmbito, federal, estadual e municipal são jagodes que não merecem crédito! Alguns deles são bonecos de louça teleguiados e orientados por caciques tresloucados de determinados partidos políticos que detém o “poder”.

O brasileiro quer mudança com o fito de alcançar a imutabilidade na política brasileira! Mudança num círculo em que a ordem permaneça imutável assim: na juventude – durante a formação educacional do brasileiro – nasça o aprendizado do exercício da ética na vida social e política, a posteriori o brasileiro – do sexo masculino e feminino – seja inserido dignamente no mercado de trabalho, conforme sua formação. E que o Estado aplique o castigo para os que se desviarem da ordem moral e legal na função pública e consequentemente fiquem impedidos de voltarem ao cenário político.  Depois vem a colheita que deverá redundar num Brasil socialmente justo, em seguida o efetivo gozo do descanso na idosidade até se chegar ao momento da morte. E tudo voltará a ser o que era por causa do movimento social e político circular e contínuo. Logo, o todo – no aspecto social e político no Brasil – tornar-se-á imutável.

Acabe-se, portanto, no Brasil, o retorno dos que ingressam na política apenas para roubar, apene-os! Porque se eles voltarem à politicagem, irão continuar a roubar o povo brasileiro no âmbito federal, estadual ou municipal. O círculo deles é a saga do crime, de muita enganação – mentirada mesmo – e, sobretudo, um círculo eivado de cinismo doentio.  É preciso interceptar esse vício contumaz no Brasil que tornou segmentos da “política” brasileira aeticamente imutável. Portanto, eles têm que ser – o quanto antes – alijados do sistema verdadeiramente político do nosso Brasil.

*Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky é Professor e Advogado.