Quem é mais ético no reino da hipocrisia?


Por Jamesson Araújo

A sessão da Câmara de Vereadores de Ilhéus desta terça-feira (29) foi marcada por mais um episódio de desentendimento entre parlamentares, desta vez envolvendo os vereadores Tandick e Vinícius Alcântara, ambos do União Brasil. O clima ficou tenso, e a intervenção de guardas municipais e outros vereadores foi necessária para evitar que a situação escalasse para agressões físicas.

Os frequentes conflitos no legislativo ilheense têm prejudicado a imagem da Casa e gerado preocupação até mesmo entre os próprios vereadores, que reconhecem a necessidade de medidas para conter esses incidentes. No entanto, enquanto alguns buscam pacificação, outros parecem alimentar as disputas, transformando o plenário em palco de embates pessoais em vez de debates propositivos.

O caso desta terça-feira ganhou contornos ainda mais graves quando Tandick afirmou que Vinícius Alcântara, policial rodoviário federal, estava armado durante a sessão. A possibilidade de um confronto mais sério acende um alerta sobre a necessidade de maior controle e respeito ao regimento interno, evitando que divergências políticas coloquem em risco a segurança de todos.

Diante desse cenário, cresce entre os parlamentares a cobrança para que o presidente da Câmara, Cesar Porto, tome medidas mais firmes para restabelecer a ordem. Há até sugestões de que sejam adotados mecanismos para avaliar condutas, uma vez que a Comissão de Ética, que deveria atuar nesses casos, não tem cumprido seu papel de forma efetiva.

É essencial que os vereadores de Ilhéus priorizem o interesse público e o respeito às instituições, deixando de lado conflitos pessoais que só servem para desgastar a vereança.

Enfim, Ilhéus merece um legislativo melhor. Mas, pelo visto, por enquanto, teremos que nos contentar com o Big Brother dos Vereadores – só que, em vez de prêmio em dinheiro, o prejuízo é nosso.

Facções, tiroteios e domínio territorial: a Bahia à beira do colapso


Por Jamesson Araújo

Baianos na mira de fuzis.

A escalada da violência impulsionada por facções criminosas e disputas territoriais tem transformado a realidade de milhões de brasileiros, especialmente na Bahia, onde a população presencia, atônita, a deterioração da segurança pública. A situação não se limita ao estado baiano—estende-se por várias unidades federativas—, mas os casos do Rio de Janeiro, Ceará e Bahia têm sido comparados a um cenário de guerra civil.

A Polícia Militar da Bahia tem reagido com combatividade, mas enfrenta desafios estruturais e falta de suporte institucional. Enquanto isso, parte da mídia e de setores da sociedade criminaliza a ação policial, ignorando que, sem sua atuação, o estado já estaria completamente dominado pelo crime organizado. Das dez cidades mais violentas do Brasil, seis estão na Bahia. Dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) revelam que, apenas nos dois primeiros meses de 2023, cerca de mil armas de fogo foram apreendidas, incluindo oito fuzis—evidência clara de que o estado vive um conflito armado.

Para as facções criminosas, o controle territorial é essencial para a expansão de seus negócios ilícitos. Sem ele, não há tráfico de drogas, extorsão, roubo de cargas ou monopólio de serviços básicos, como gás e transporte. Na Bahia, a atuação de grupos criminosos intensifica os índices de homicídios e confrontos. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a Bahia registrou uma taxa de 47,5 homicídios por 100 mil habitantes em 2022, acima da média nacional, que foi de 22,7.

A Bahia, inclusive, tem a polícia que mais mata em confrontos no Brasil. Esse dado, longe de ser um orgulho, reflete a brutalidade da guerra contra o crime. Se as forças de segurança não agissem com firmeza, as facções já teriam tomado o controle de municípios do interior e de bairros inteiros das grandes cidades, como ocorreu em partes de Salvador.

Especialistas em segurança pública, como Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE e consultor, alertam que o problema vai além da violência urbana: as facções estão infiltrando-se na política e em setores econômicos, controlando até mesmo o fornecimento de gás e transportes em comunidades carentes. Esse cenário lembra o que aconteceu em El Salvador antes da ascensão de Nayib Bukele, onde as gangues MS-13 e Barrio 18 dominavam territórios e influenciavam eleições.

Bukele, com apoio popular e do Legislativo, adotou medidas extremas: estado de exceção, prisões em massa e construção de megapresídios. O resultado? Uma queda drástica nos homicídios, de 103 por 100 mil habitantes em 2015 para 7,8 em 2022. A estratégia salvadorenha, embora polêmica, mostrou que apenas políticas de tolerância zero e forte presença estatal podem quebrar o poder das organizações criminosas.

Enquanto o Brasil debate políticas de redução de danos e direitos humanos para criminosos, a população sofre. A pergunta que fica é: até quando a sociedade baiana e brasileira suportarão viver sob o domínio de facções? Se a violência continuar nesse ritmo, a pressão por um “Bukele brasileiro” pode crescer—alguém disposto a tomar medidas duras, mesmo que controversas, para restaurar a ordem.

A diferença é que, em El Salvador, houve vontade política. No Brasil, o crime avança também na política enquanto o Estado hesita. Se nada for feito, a Bahia—assim como outras regiões—pode mergulhar em um caos ainda maior. A pergunta não é se um líder como Bukele surgirá no Brasil, mas quando.

Confira debate sobre segurança pública no Podcast Inteligência LTDA:

Crime bárbaro contra cão em Ilhéus: quem vai pagar por essa crueldade?


Romeu foi levado para uma clínica veterinária, mas precisa de doações para continuar o tratamento. Foto Ong Planeta dos bichos.

Romeu, também conhecido como Jurandir, era um cachorro comunitário que vivia próximo a uma fábrica no bairro Iguape, em Ilhéus. Manso e querido por todos, ele recebia cuidados e carinho de funcionários e moradores. Mas sua vida mudou de forma brutal e dolorosa.

Em um ato de extrema violência, Romeu teve parte do rabo e do ânus cortados com um facão. As feridas graves evoluíram para um estado de putrefação, deixando-o em sofrimento constante e risco de morte. A dor que ele sente é inimaginável, e sua sobrevivência agora depende de ajuda urgente.

Resgatado pela ONG Planeta dos Bichos, Romeu está internado em estado delicado, precisando de tratamentos intensivos, medicamentos e cirurgias. Cada dia é uma batalha pela vida, e sua recuperação exige recursos que vão além do que a ONG pode arcar sozinha.

Crueldade é Crime

O que aconteceu com Romeu não é apenas um ato de violência, mas um crime previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998). Desde 2020, a Lei Sansão (14.064/2020) aumentou as penas para maus-tratos contra cães e gatos, prevendo de 2 a 5 anos de prisão, além de multa e perda da guarda de animais.

A agressão a Romeu não pode ficar impune. Denunciar casos como esse é um dever de todos que acreditam em justiça e compaixão.

Como Ajudar
Romeu precisa de você. Qualquer valor, por menor que seja, pode salvar sua vida. As doações podem ser feitas via PIX para a ONG Planeta dos Bichos:

Chave PIX: 35.774.889/0001-49

Nenhum gesto de solidariedade é pequeno. Juntos, podemos mostrar que o amor supera a crueldade e que Romeu terá a chance de recomeçar.

Ele sobreviveu ao pior. Agora, precisa de nós para ter o melhor: a vida.

Cidades pequenas gastam mais de R$ 1 mi por ano com salários de membros do Executivo


Cidade de Cedro do Abaeté, em Minas Gerais, que tem 1.091 moradores – Divulgação/Prefeitura Cedro do Abaeté no Facebook.

Cidades com menos de 3.000 habitantes espalhadas pelo interior do Brasil estão avançando na criação de cargos comissionados e chegam a ter estrutura de governo semelhante à de cidades maiores, ainda que dependam majoritariamente de recursos externos para sobreviver. As cidades ainda patinam na implementação de políticas de primeira necessidade, como saneamento básico.

Cedro do Abaeté (MG) tem 1.091 moradores e nove secretarias —1 para cada 121 habitantes. A renda média de seus trabalhadores formais fica na casa de 1,7 salário mínimo.

Os salários do prefeito José Filho (MDB), do vice, Helder Andrade (MDB), dos nove secretários e do chefe de gabinete custam R$ 860 mil ao ano, cifra que supera em mais de R$ 100 mil a arrecadação prevista para 2025 em impostos e taxas municipais (R$ 758 mil), segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Cenário semelhante vive Cachoeira de Goiás (GO), com 1.419 habitantes. Com 13º salário, vencimentos de agentes políticos somam quase R$ 1,1 milhão por ano —quase toda a arrecadação própria de 2024 (R$ 1,3 milhão).

Um decreto-lei de 1969 condicionava a existência de secretarias a cidades paulistas com mais de 150 mil habitantes. A chamada Lei Orgânica dos Municípios de São Paulo deixou de ser cumprida com a Constituição, que deu ampla autonomia a municípios –a legislação estadual acabou revogada em definitivo em 2006.

Professor assistente de direito administrativo na PUC-SP, o advogado José Jerônimo Nogueira de Lima diz que é hora de o país retomar uma legislação do gênero —mas isso depende de emenda constitucional.

“O que temos hoje não se paga. São milhares de cidades, com formas distintas de gestão. É muito pulverizado, você não consegue racionalizar políticas e investimentos”, afirma. “É uma autonomia descontrolada”.

Mudanças devem ser feitas, diz, o que depende também de uma pauta suprapartidária.

“Você precisa de vontade política. Os prefeitos garantem votos aos deputados e aos senadores, que têm seus redutos eleitorais, o que dificulta qualquer debate sobre o tema.”

Confira a matéria completa na Folha de São Paulo.

MPBA aciona Estado da Bahia e Ipac para que promovam concurso público no Instituto


O Ministério Público do Estado da Bahia ajuizou ação civil pública contra o Estado da Bahia e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) para que realizem concurso público a fim de admitir servidores aptos a trabalharem na instituição. Ajuizada no último dia 8 pela promotora de Justiça Eduvirges Tavares, a ação decorre de inquérito instaurado pelo MPBA para apurar irregularidades referentes à ocupação de cargos públicos no Instituto.

A ação solicita à Justiça que, de forma liminar, proíba a contratação via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda) para suprir necessidades do quadro técnico e permanente do Ipac, além da realização de audiência para tentativa de conciliação. Foi solicitado ainda que, Estado e Ipac cumpram com o cronograma requerido na ação, que estipula seis meses para a publicação do edital do concurso, 12 meses para realização das provas e 18 meses para nomeação e posse dos aprovados.

De acordo com a promotora, foi constatado que o Ipac nunca realizou concurso público para admitir novos servidores e tem atualmente em seu quadro funcional pessoas que ingressaram sem concurso cinco anos antes da Constituição de 1988. O próprio Ipac informou que são servidores despreparados ou desatualizados para exercerem as funções na instituição. Os demais foram indicados politicamente ou contratados via Reda. Diante da ausência de profissionais capacitados e da não realização de certame adequado, a promotora aponta “a falta de profissionalismo e constância necessários para que o Ipac cumpra com seu objetivo de proteger o Patrimônio Cultural da Bahia, conforme determina o artigo 216 da Constituição Federal”.

Segundo a promotora, a ausência de profissionais devidamente capacitados para ocupação dos cargos no Instituto tem gerado prejuízos à proteção do patrimônio cultural no estado, visto que diversos processos de tombamento encontram-se paralisados, além da ausência de administração eficiente no Parque Imobiliário de Salvador, que inclui bens culturais como Pelourinho, prejudicando a preservação, regularização e uso adequado dos imóveis públicos, com danos financeiros ao erário e à sociedade.

União Brasil e PP fecham fusão: quem ficará no comando em Ilhéus?


Valderico Junior (UB), Jabes Ribeiro (PP) e ACM Neto (UB).

Nesta sexta-feira (25), o vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, participa de um encontro político em Ilhéus com aliados, incluindo o prefeito Valderico Junior e a vice-prefeita Wanessa Gedeon (Novo). Além de debater estratégias para as eleições de 2026, o grupo será informado sobre os detalhes da Federação entre o União Brasil e o Partido Progressista (PP).

O acordo entre as duas legendas foi firmado na quarta-feira (23), após meses de negociações, e será oficialmente anunciado na próxima terça-feira, em Brasília. A federação visa unir as forças partidárias em nível nacional, mas o processo tem gerado resistências em alguns estados, como na Bahia, onde lideranças do PP temem perder espaço para a cúpula do União Brasil.

Nos estados, a tendência é que o partido com mais deputados federais assuma o comando. Na Bahia, o União Brasil, que tem seis representantes na Câmara, levaria vantagem, colocando ACM Neto em posição de liderança. No entanto, o atual presidente do PP no estado, deputado federal Mário Negromonte Júnior, enviou um ofício à direção nacional pedindo que a definição sobre a coordenação estadual seja feita pela cúpula da federação, evitando uma possível debandada de filiados.

No documento, divulgado pelo site Política Livre, Mário Júnior alerta que a transferência automática do controle para o União Brasil poderia levar à saída de grande parte da bancada estadual e de prefeitos do PP, além de enfraquecer a representação do partido no Congresso.

Em Ilhéus, a expectativa gira em torno de quem assumirá o comando do novo partido resultante da fusão: o atual prefeito Valderico Junior ou o ex-prefeito Jabes Ribeiro, filiado ao PP. A decisão pode definir os rumos políticos das eleições de 2026.

Adélia Pinheiro é nomeada para o Gabinete do Governador da Bahia


A médica e ex-candidata a prefeita de Ilhéus, Adélia Pinheiro (PT), foi oficialmente nomeada para o cargo de assistente na Casa Civil, com atuação direta no Gabinete do Governador Jerônimo Rodrigues. A nomeação foi publicada no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira (17).

Após a derrota nas eleições municipais de 2024, especulava-se que Adélia retornaria ao primeiro escalão do governo em uma  de secretaria de estado, o que não se concretizou. Agora, a petista assume uma função com salário mensal superior a R$ 15 mil.

Nos bastidores políticos, circula a informação de que a nomeação pode ser um movimento estratégico para fortalecer a base do PT na região de Ilhéus e projetar Adélia para uma futura candidatura à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) ou até mesmo à Câmara Federal. Na última eleição, a petista obteve votação expressiva, reforçando seu perfil como uma das principais lideranças do partido no sul do estado.

Com a decisão, o governador Jerônimo Rodrigues mantém uma aliança sólida*no município e fortalece o PT em um território-chave para as eleições estaduais e federais dos próximos anos.

 

Análise Política: Augusto Castro (PSD) ganha projeção e pode integrar chapa de Jerônimo (PT) na Bahia


Por Jamesson Araújo

Augusto Castro (PSD) ao lado do senador Otto Alencar, do governador Jerônimo Rodrigues, da deputada federal Lídice da Mata (PSB) e do ministro Rui Costa durante sua posse como diretor de Relações Institucionais e Governo da UPB

O ex-deputado estadual e atual prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), tem consolidado sua trajetória política com uma gestão municipal que lhe rendeu um feito histórico: a reeleição, algo inédito na cidade. Com sua popularidade em alta, Castro ampliou sua influência ao assumir a Diretoria de Relações Institucionais e Governo da União dos Municípios da Bahia (UPB), fortalecendo seus laços com lideranças regionais.

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem demonstrado atenção especial a Itabuna, intensificando parcerias com a prefeitura e transformando o município em um verdadeiro canteiro de obras. Essa aproximação não passa despercebida e alimenta especulações sobre um possível movimento estratégico: a inclusão de Augusto Castro como vice na chapa petista nas próximas eleições estaduais.

Essa manobra poderia reforçar Jerônimo no sul do estado, região economicamente relevante e que abriga cidades-chave como Itabuna e Ilhéus. Além disso, a eventual aliança com Castro dificultaria os planos da oposição, liderada por ACM Neto (União Brasil), já que o prefeito possui significativa penetração política na área.

Se confirmada, a união entre PT e PSD representaria uma articulação de peso, combinando a força petista no estado com a base regional de Augusto Castro. Enquanto os bastidores fervilham, a movimentação em Itabuna pode ser apenas o primeiro passo de um projeto maior.

Grupo teatral apresentará peça “Paixão de Cristo” na Sexta-feira Santa (18) em Ilhéus


A Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, apoiará a apresentação da peça Paixão de Cristo, encenada pelo grupo teatral Irmãos na Fé. O espetáculo será realizado na Sexta-feira Santa, dia 18 de abril, às 18h, nas escadarias da Catedral de São Sebastião.

A iniciativa reforça o compromisso da gestão municipal com a valorização da cultura e das manifestações religiosas, promovendo o acesso da população a uma das encenações mais tradicionais do calendário cristão.

“O apoio à peça é mais uma ação do governo de Valderico Junior para fortalecer os grupos culturais da cidade, que desempenham papel fundamental na preservação da memória e das expressões populares”, disse a secretária de Cultura, Anarleide Menezes.

PF e CGU desarticulam organização criminosa responsável por desvios milionários


3ª Fase da Operação Overclean cumpre mandados na Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Sergipe.

A Polícia Federal, em ação conjunta com a Controladoria-Geral da União, deflagrou, nesta quinta-feira (3/4), a terceira fase da Operação Overclean, com o objetivo de desarticular organização criminosa suspeita de atuar em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro.

Foram cumpridos, nas cidades de Salvador/BA, São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG e Aracaju/SE, 16 mandados de busca e apreensão e uma ordem de afastamento cautelar de um servidor público de suas funções, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal.

Estima-se que a organização tenha movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão por meio desses contratos fraudulentos e obras superfaturadas.

Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça.