Na Bahia do Axé e Carnaval, a educação “dança” como a segunda pior do Brasil


Artigo do Professor Reinaldo Soares 

REINALDO SOARES FOTO DIVULGAÇÃOConsiderada a terra da alegria, a Bahia que ostenta o título de realizar o melhor carnaval de rua, convive com péssimos indicadores sociais.

Na última segunda-feira dia 5, foi divulgado o resultado de avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), o mais importante instrumento de avaliação educacional do mundo, aplicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em 70 países.

Foi avaliado o nível de aprendizagem dos alunos do Ensino Médio em Português, Matemática e Ciências. O resultado do Brasil foi trágico. Em um grupo de 70 países, o Brasil ficou na 65º posição, ostentando a 5º pior educação do mundo.

Na comparação entre os Estados Brasileiros, o Espírito Santo tem a melhor educação e a Bahia ocupa o penúltimo lugar, estando à frente apenas de Alagoas. O Estado da folia possui a segunda pior educação em um país que apresenta a quinta pior educação do mundo. Temos motivos para foliar?

O que esperar de uma Rede de Ensino em que 90% dos funcionários técnicos administrativos são contratados por empresas terceirizadas que não pagam os salários e vales transportes destes funcionários?

O que esperar de um ensino de tempo integral ofertado em escolas sem a mínima de estrutura física e humana?

O que esperar de uma Rede que se orgulha de ter expandido o Ensino Técnico sem ter realizado um único concurso para professores com formação específica, improvisando com PST que na maioria dos casos não tem graduação concluída?

O que esperar de um sistema de ensino que abandonou a EJA, tendo dezenas de escolas com turnos fechados por “falta” de alunos, mas nada é feito para atrair e manter Jovens e Adultos na Escola?

O que esperar de uma educação que basta o aluno atingir 50% de aprendizagem que está aprovado, contrapondo ao que a sociedade e o mercado exigem que no mínimo se obtenha 70%.

É preciso refletir e adotar ações concretas para reverter essa situação. A valorização salarial dos professores atrelada a um programa de formação continuada é urgente e necessária. Estudos têm mostrado que a aprendizagem do aluno perpassa pela valorização e qualificação dos professores, atrelado a projetos pedagógicos consistentes e eficazes com espaços escolares dignos.

Se fosse usado o mesmo emprenho, profissionalismo, envolvimento social e da mídia que faz do carnaval da Bahia o melhor do Brasil na Educação, com certeza a Educação pública estadual seria a melhor do Brasil, mesmo porque, o carnaval é temporal, enquanto a Educação é permanente e seus resultados impactam a sociedade e seu futuro.

*Reinaldo Soares é Mestre em Cultura e Turismo pela UESC/UFBA, Ex- Presidente do Conselho Municipal de Educação de Ilhéus- Diretor do IBEC, Palestrante, Professor da Pós-Graduação da FACSA/IBEC e do Colégio Estadual Padre Luis Palmeira.  E-mail: [email protected]