Psicóloga afirma que casos de autismo tem sido recorrentes na APAE de Ilhéus


Por Anna Oliveira 

Diretora da Apae de Ilhéus, Vitória Penalva, e a Psicóloga Edna Lúcia Queiroz.
Diretora da Apae de Ilhéus, Vitória Penalva, e a Psicóloga Edna Lúcia Queiroz.

Houve um aumento na procura de pais de pessoas portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Ilhéus. A instituição, que conta com uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Psicopedagoga e Assistente Social, realiza uma triagem para o encaminhamento educacional.

Para se ter uma ideia, de cada cem crianças, uma é autista, segundo revelam pesquisas. O fato é que grande parte da sociedade, muitas vezes não conhece ou até nunca parou para buscar conhecer sobre os autistas. Quem traz informações importantes sobre o autismo, é a Psicóloga voluntária da Apae de Ilhéus, que atua na instituição desde 2014, Edna Lúcia Queiroz. Ela destaca a importância da orientação e acompanhamento das pessoas que convivem com o autista, seja o professor, familiares, ou o cuidador.

“Em alguns casos de autismo, e, muitas vezes na infância, a comunicação do autista é algo muito difícil para ele, para a família e o meio onde ele possa estar. Por exemplo, quando uma criança autista, em alguns casos, fica irritada ou tem uma crise, é porque ela quer alguma coisa, como beber água, comer, porque está com sono ou cansada”, explica a Psicóloga Edna, com 18 anos de atuação profissional, formada pela Universidade São Marcos-SP, especializada em Psicopedagogia pelo Instituto Pieron-SP e Acompanhamento Terapêutico pelo Instituto de Psicanalise Habitat.

Comunicar o próprio desejo é muito conflitante para a pessoa autista, explica. Estudos mostram que a ocorrência do autismo decorre de questões genéticas, do meio, sociais e psicoemocionais. Diferentes síndromes que englobam o autismo, são caracterizadas por perturbações do desenvolvimento neurológico, possui traços como dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

“Nestes casos, a Psicologia orienta à pessoa ir nomeando para a criança o sentimento ou o que ela esteja querendo. Exemplo: ‘Ah filho, será que você quer água?  A mamãe acha que você está cansado. Venha, vou colocar você para descansar’”, orienta a Psicóloga Edna, que destaca o ato de observar a reação da criança e de atendê-la na medida em que ela vai respondendo.

“Não podemos ter a ideia fechada e rígida de que o autista não possa se comunicar. Assim como o autista não é um coitadinho.  Ele tem que estar dentro das regras do comportamento do nosso mundo, porque é o mundo que ele vai viver na medida do possível e do crescimento. Os vínculos são muito importantes”, afirmou. Fazer todas as vontades do autista não é o caminho correto, mas sim educá-lo, explica a Psicóloga Edna Lúcia, que possui experiência na Escola Trilha, referência em educação especial em São Paulo.

“Para alguns tipos de autista, o que está fora da rotina dele ou de um padrão pré-estabelecido por ele, pode ser demasiadamente angustiante, gerando uma crise”, comentou a voluntária, sobre a mudança de ambiente e rotina, ou acontecimentos repentinos, que mexem com o autista de uma forma conflitante.

“Na medida do possível, estar com o autista em parques, praias, festas e visitas a parentes, são momentos importantes, para esta criança estar no convívio social. O autista pode vir sim a ter uma vida dentro da normalidade. Ter um trabalho, ser independente e relacionar-se afetivamente”, finalizou a Psicóloga Edna Lúcia.