Bahia produzirá água de coco engarrafada sem conservantes químicos


imagesA partir de março, a Bahia passa a produzir água de coco engarrafada sem conservantes, usando tecnologia inédita no mundo. Foi para conferir esse grande empreendimento do Grupo Aurantiaca no município de Conde, a 182 km de Salvador, que o secretário estadual da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, sobrevoou ontem (8) os 2,2 mil hectares de coqueirais da divisão agrícola do grupo – que inclui sócios brasileiros e norte-americanos -, e visitou as instalações industriais de beneficiamento da fibra, engarrafamento da água e produção de leite e óleo de coco, batizada de Frysk Industrial.

O secretário exaltou o modo de produção, a tecnologia empregada e o aproveitamento máximo da matéria-prima como modelo para os projetos agroindustriais do país. James Correia também visitou a Escola Castro Alves, onde foi investido R$ 1 milhão pelo Grupo Aurantiaca para garantir educação para 85 crianças da comunidade de Pedra Grande, na zona rural de Conde.

“Realmente é um empreendimento extraordinário por suas instalações moderníssimas e gigantescas, pelo valor do investimento de R$ 370 milhões e pelo número expressivo de 1 mil empregos diretos em um município que tem uma população economicamente ativa de 6 mil pessoas. Tanto as fazendas quanto a fábrica vão dar uma dinâmica extraordinária a uma região que só tem praticamente a pesca artesanal e o turismo como atividades econômicas”, diz Correia, que foi recebido pelo vice-presidente do Grupo Aurantiaca, Roberto Lessa.

Produtores da região

Cerca de 50% da demanda por cocos da Frysk será abastecida pelos produtores da região, enquanto a outra metade virá das três fazendas que o grupo mantém no Litoral Norte, que somam cerca de 2,2 mil hectares de plantio e 3,9 mil hectares de áreas preservadas.

A média local de produção hoje é de 30 frutos por árvore/ano. Com alta tecnologia, irrigação e manejo, a produtividade deverá subir para 230 frutos por árvore/ano.

Na divisão agrícola, a produção é feita por um sistema de glebas, em que cada trabalhador, chamado de arista, é responsável pelo cultivo, manejo e produção de sua área. No total são 110 glebas, com 450 mil pés de coco, que vão produzir 90 milhões de frutos/ano.

Cada coqueiro tem um código de barras instalado desde o plantio, permitindo que seja feito o controle individual de produtividade e qualidade de cada um deles. A variedade cultivada é o anão, que produz cerca de 400 mililitros/fruto, contra 150 mililitros/fruto do coqueiro híbrido.

Processamento industrial

Instalada em uma área de 150 mil metros quadrados, sendo 35 mil metros quadrados de área construída, a Frysk já deu partida na sua unidade de produção de biomantas e biorolos, que têm como matéria-prima a fibra do coco seco. São materiais utilizados, principalmente, por empresas de mineração e construção civil para a recomposição de encostas e áreas degradadas. Elas também têm aplicação na indústria têxtil e automobilística, como enchimento de bancos, por exemplo.

Ao lado da fábrica de biomantas, está sendo concluída a montagem da unidade que irá produzir água de coco, com capacidade para processar 800 mil frutos/dia, sendo 600 mil de coco verde e 200 mil de coco seco.

Utilizando tecnologia inédita no mundo, a água de coco será extraída do fruto através de uma agulha para que chegue diretamente à embalagem sem contato com o ar.

Declínio das bebidas carbonadas

“Teremos a melhor água de coco do mundo, sem conservantes, permitindo que façamos um processo de pasteurização suave, aumentando a durabilidade e o sabor do produto”, garante Lessa, depois de testes realizados em laboratórios do Brasil e da França.

Segundo o executivo, a Frysk aposta alto no declínio das bebidas carbonadas – refrigerantes – e no aumento brasileiro e mundial do consumo de água de coco. E os números são animadores: nos EUA, o comércio de água de coco subiu de US$ 6 milhões em 2008 para R$ 600 milhões em 2013.

Até o final de 2014 as unidades produtoras de leite e óleo de coco também deverão estar em funcionamento. Em uma terceira etapa, a Frisk também produzirá farinha de coco. E os resíduos que sobrarem de todas as atividades serão transformados em biomassa para abastecer as caldeiras e gerar energia por meio do vapor.