Deputada faz alerta na assembleia sobre os prejuízos com a importação de cacau


Ângela Cacau

“A região cacaueira está diante de uma importação de cacau absurda e desnecessária, sendo atingida por mais um duro golpe que por certo irá trazer muitos mais prejuízos para todo o sul do estado e com consequencias ainda mais graves para toda a Bahia”. O pronunciamento foi feito pela deputada estadual Ângela Sousa (PSD) na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, na tarde desta quarta-feira (06), como forma de alertar os parlamentares e o governo do estado para os problemas gerados com a importação do cacau dos países da África. A deputada falou sobre o protesto dos produtores rurais, empresários, políticos e da sociedade civil organizada realizado em Ilhéus na manhã desta terça-feira contra a importação do cacau e conclamou toda a sociedade baiana a entrar nessa luta.

Vice-presidente da Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo da Assembleia Legislativa, Ângela Sousa de reuniu com os demais membros da comissão, ainda na manhã de terça-feira, para mostrar que o Sul da Bahia não mais precisa da importação de cacau, pois já produz matéria prima suficiente para abastecer o mercado interno. Ele explicou que além da qualidade duvidosa do produto externo, a importação ainda tem provocado a queda nos preços do cacau, gerando sérios prejuízos para a economia regional. Diante de todo o problema, a deputada estará se reunindo novamente com a comissão para discutir quais os caminhos que devem ser adotados para se somar à luta dos agricultores e evitar que o cacau continue sendo importado.

De acordo com Ângela Sousa, a região passou por uma séria crise financeira com a chegada da vassoura de bruxa, que destruiu fazendas e gerou desemprego. “Mas nunca perdemos a fé e a coragem. Fomos à luta. Criamos alternativas a todo momento para vencer a vassoura de bruxa, certos de que essa região voltaria a ser sim a maior produtora de cacau do mundo. E temos superado todas as dificuldades”. Ela explicou que graças a esse trabalho a região já voltou a ser autossuficientes na produção de cacau, já é capaz de abastecer o mercado interno com um produto de qualidade e reconquistará, em bem pouco tempo, o seu posto de maior exportador desse produto no mundo.

“Mas não podemos permitir que nesse momento de luta para soerguer a economia regional sejamos atingidos por mais esse duro golpe da importação de cacau.Por esse motivo é que os produtores e produtoras, trabalhadores e trabalhadoras rurais foram às ruas para dar um basta a importação, para mostrar que não precisamos mais desse produto vindo de outros países quando nossos armazéns estão abarrotados e com o diferencial de ser o melhor cacau do mundo”, complementou.

Ainda em seu pronunciamento, a deputada Ângela Sousa explicou que enquanto que o cacau vindo da África apresenta qualidade ruim, duvidosa, produzido e manufaturado de forma inadequada, o sul da Bahia é reconhecido e admirado pela qualidade do nosso produto. “O cacau da África é secado em passeios, sem a fermentação necessária e sem as condições de higiene adequadas, sujeitos a bactérias e capazes de contaminar as pessoas. Tudo isso sem contar com os dejetos, insetos e até pedras que são misturados ao produto africano, que muitas vezes trazem doenças e chegam a danificar as máquinas moageiras de cacau”, explicou.

PREÇOS – Além dos problemas na qualidade e no desemprego que traz para toda uma região, ela informou que a importação desse cacau de má qualidade ainda faz cair o preço do produto na região. “Somente para se ter ideia do poder devastador dessa importação, o preço da arroba de cacau tem despencado ano a ano sendo cotada entre R$ 58,00 a R$ 60,00, valor que muitas vezes não chega a cobrir os custos de manejo. Mesmo assim continuamos acreditando e investindo na lavoura cacaueira para gerar empregos e fortalecer a economia do nosso estado”, disse ela.

Ângela Sousa solicitou que a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia elaborasse um documento para ser encaminhado aos governos Estadual e Federal mostrando toda a indignação dos parlamentares com relação a importação de cacau e cobrando providências para que essa ação danosa não continue acontecendo. “Essa luta em defesa da cacauicultura não pode ser de um único deputado ou de uma única região. Essa luta precisa ser de todos aqueles que em compromissos com o desenvolvimento e com fortalecimento da nossa Bahia”, finalizou.