De Júlio Gomes

Quem estuda ou produz no campo da História sabe que há fatos que, para serem devidamente interpretados, precisam de um certo tempo para ser melhor analisados, mais adequadamente contextualizados ou mesmo digeridos.
A votação da admissibilidade do impeachment da Presidente Dilma ocorrida no dia 17/04/2016 foi, sem dúvida, um desses fatos ou momentos históricos que requererão leitura e releitura, análise e reanálise para que possamos apreender toda a extensão de seu significado.
Até por sermos brasileiros, o que dificulta bastante que tenhamos uma visão menos apaixonada, mais racional do citado episódio, foi muito salutar ouvir a repercussão da votação dos deputados brasileiros pelo mundo afora, em órgãos de imprensa conceituados como The New York Times, El País, The Guardian, Le Monde e outros da mesma estatura, além das reportagens nas principais emissoras de TV estrangeiras.
No enfoque destes veículos de imprensa duas coisas saltaram aos olhos dos observadores internacionais: A ausência de base jurídica para que ocorresse a aprovação da proposta – que era o que realmente deveria importar nesta discussão – e a verdadeira palhaçada em que se constituiu a manifestação de grande parte dos Deputados Federais brasileiros.