Bebeto Galvão recebe alta do Hospital


Bebeto Galvão. Foto arquivo.

Recebeu alta médica, na noite dessa segunda-feira (04), o senador suplente pela Bahia, Bebeto Galvão. Acometido pela covid-19, Bebeto estava internado há uma semana na capital baiana, após sofrer uma forte febre.

“Foram dias difíceis, duros, mas que, me agarrando a fé e ao carinho de todos, consegui superar”, afirmou Bebeto em mensagem enviada a amigos.

Nos próximos dias, o político seguirá cumprindo quarentena, isolado. Posteriormente, será submetido a novo teste, para confirmar que não possui mais a doença.

“Esse vírus não é brincadeira e, caso não levemos a sério, tomando as precauções necessárias, como o distanciamento social, a higienização das mãos e aumentarmos a assistência aos menos favorecidos, estaremos colocando ainda mais irmãos e irmãs em risco” finalizou.

Butantan busca desenvolver vacina alternativa contra covid-19


Pesquisadores do Instituto Butantan, na capital paulista, estão utilizando técnicas inovadoras de biotecnologia para desenvolver uma vacina alternativa contra a covid-19. O instituto espera que a nova abordagem sirva como uma espécie de plano B, caso as vacinas feitas pelo modelo tradicional, já em teste em alguns países, não tenham resultado satisfatório.

Segundo o Butantan, a vacina que o instituto está desenvolvendo utiliza um mecanismo usado por algumas bactérias para enganar o sistema imunológico humano: elas produzem pequenas bolhas, ou vesículas, feitas com material de suas membranas para atrapalhar as células de defesa. Dessa forma, o sistema imunológico passa a atacar também as bolhas, diminuindo a agressão contra as bactérias.

Os pesquisadores do instituto pensam em fazer o mesmo, fabricando essas bolhas em laboratório, mas, em vez de usar a membrana das bactérias, vão acoplar nas vesículas proteínas de superfície do novo coronavírus. Assim, em contato com o sistema de defesa, as bolhas criariam uma memória imunológica no organismo, estimulando a produção de anticorpos específicos contra o coronavírus.

De acordo com o Butantan, as vesículas são muito imunogênicas, ou seja, têm alta capacidade de estimular a resposta imune ao entrar em contato com o organismo. Segundo o instituto, estudos recentes mostram que elas têm grande capacidade de ativar células de defesa do organismo.

“No mundo todo, e aqui no Brasil também, estão sendo testadas diferentes técnicas. Muitas delas têm como base o que já estava sendo desenvolvido para outros vírus, como o que causou o surto de Sars [síndrome respiratória aguda grave] em 2001. Esperamos que funcionem, mas o fato é que ninguém sabe se vão realmente proteger. Neste momento de pandemia, não é demais tentar estratégias diferentes. A nossa abordagem vai demorar mais para sair, mas, se aquelas que estão sendo testadas não funcionarem, já temos os planos B, C ou D”, destacou a pesquisadora Luciana Cezar Cerqueira Leite, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto Butantan.

A pesquisa está sendo apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Casos de covid-19 no mundo ultrapassam 3,5 milhões


Imagem ilustrativa.

Os casos de coronavírus no mundo passaram de 3,5 milhões nesta segunda-feira (4), e as mortes se aproximaram de 250 mil, de acordo com uma contagem da Reuters, o que leva especialistas a temerem uma defasagem considerável de relatos, apesar de a taxa de mortes e casos novos estar desacelerando.

Países da América do Norte e da Europa, onde as taxas de crescimento da contaminação estão diminuindo, ainda respondem pela maioria das novas infecções relatadas nos últimos dias.

Mas a quantidade de casos está aumentando na América Latina, África e Rússia, e especialistas expressaram o receio de que os dados gerais estejam muito aquém do verdadeiro impacto da pandemia.

Globalmente, surgiram 74.779 casos novos nas últimas 24 horas, segundo uma contagem da Reuters que se baseia em dados oficiais de governos – o que eleva o total de casos para cerca de 3,52 milhões.

Outras gripes

Em comparação, a gripe sazonal anual provoca de 3 a 5 milhões de casos de doenças graves, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a cifra ainda fica bem abaixo da gripe espanhola, que começou em 1918 e infectou cerca de 500 milhões de pessoas.

“Ainda temos que ser céticos com os números que recebemos”, disse Peter Collignon, médico especialista em doenças infecciosas e microbiologista do Hospital de Canberra, à Reuters. “Isto é um problema enorme”.

“A taxa de mortalidade também é dez vezes mais alta do que a da gripe em todas as faixas etárias”, relatou Collignon.

Os casos podem provocar somente sintomas leves e nem todas a pessoas com sintomas são examinadas, e a maioria dos países só registra mortes nos hospitais, o que significa que falecimentos em residências e casas de repouso ainda não foram incluídos.

Mortes, isolamento e impacto econômico

As mortes relacionadas à covid-19, a doença causada pelo novo vírus, estão em 246.920. A primeira delas ocorreu no dia 10 de janeiro em Wuhan, na China, onde o vírus surgiu em dezembro.

A taxa diária de casos novos em todo o mundo ficou em torno de 2% a 3% na semana passada, tendo tido um pico de cerca de 13% em meados de março, o que levou muitas nações a começarem a afrouxar as medidas de isolamento que transtornaram os negócios e abalaram a economia global.

Mas o relaxamento das restrições causa polêmica enquanto os especialistas debatem a melhor estratégia para impedir uma grande “segunda onda” do surto.

“Poderíamos facilmente ter uma segunda ou terceira onda porque muitos lugares não estão imunes”, alertou Collignon, observando que o mundo está distante de uma imunidade de rebanho, que exige que cerca de 60% da população tenha se recuperado da doença.

Informações da Agência Brasil.

Feirantes protestam contra interdição da Central de Abastecimento do Malhado em Ilhéus


Feirantes protestam contra fechamento da Central de Abastecimento do Malhado. Foto de Jamesson Araújo/ Blog Agravo.

Trabalhadores e feirantes que atuam na Central de Abastecimento do Malhado chegaram na manhã deste sábado (02) para trabalhar e se depararam com todo o complexo da feira interditado com fitas isolantes pela Vigilância Sanitária do estado, e por forte aparato policial.

Em protesto, os feirantes ocuparam a Av. Ubaitaba, e tentavam entender o fechamento sem nenhum aviso prévio, para que pudessem ter feito um planejamento para diminuir o prejuízo na economia.

Vídeo:

Durante a manifestação, alguns feirantes revoltados chegaram a se dirigir ao supermercado Meira, exigindo o fechamento do estabelecimento, alegando que no local também há uma forte movimentação de pessoas e fica localizado em frente à Central.

Policiais se colocaram entre os feirantes e o estabelecimento, impedindo que o pior viesse a acontecer.

Alguns feirantes alegam que o governo do Estado não deu tempo para os trabalhadores se organizarem, e muitos protestavam com legumes e hortaliças nas mãos.

Alguns líderes da manifestação exigiam a presença e uma ação do prefeito Mário Alexandre para que a Central fosse reaberta.

Foto Jamesson Araújo/ Blog Agravo.

Todo o trânsito na avenida Ubaitaba nas proximidades da Central de Abastecimento está fechado.

O anúncio da interdição da Central foi feita Secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Villas-Boas, nesta sexta-feira (01), durante sua visita ao Centro de Atendimento Covid-19, no Centro de Convenções de Ilhéus.

Galeria de Fotos:

Prefeitura de Ilhéus realiza cadastro de feirantes do Malhado

Quatro semanas para esmagar a curva


Artigo de Fábio Vilas-Boas.

A pandemia de COVID-19 é um evento dinâmico e de longo prazo que exigirá um desenvolvimento quase constante de estratégias proativas para solução de problemas.

A medicina moderna tem muito, mas muito pouco, a oferecer como tratamento específico. A necessidade de contratação de pessoal especializado, aquisição de equipamentos – principalmente ventiladores pulmonares – e a montagem de uma cadeia confiável de suprimentos, conspiram contra os esforços para estruturação de uma rede de atendimento adequada. Como vamos lidar com os milhares de pacientes que precisarão de cuidados?

Primeiro, precisamos trabalhar para garantir que as intervenções baseadas na população – incluindo ações de distanciamento social, quarentena e isolamento – sejam tomadas com rapidez e prudência. Segundo, podemos usar os fundamentos estabelecidos pela ciência para guiar estratégias de intervenção.

Sob a liderança do Governador Rui Costa, estabelecemos uma Central de Comando e Controle da Saúde. Utilizando princípios bem desenvolvidos de planejamento de ações para gerenciamento de crises, expandimos drasticamente o acesso aos testes diagnósticos por meio do fortalecimento do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN). Ampliamos e descentralizamos a oferta de exames de biologia molecular (RT-PCR, padrão ouro) para garantir a classificação adequada de pacientes internados.

Paralelamente, elaboramos um plano para acrescentar mais de 1 mil novos leitos hospitalares, exclusivos para Covid-19. Para otimizar a eficiência do atendimento e das transferências via central de regulação, vinte e cinco Centrais Regionais de Triagem foram abertas em todo o estado.

A proteção dos profissionais de saúde também é essencial. Não enviaríamos soldados para a batalha sem coletes balísticos. Para tanto, estamos sendo estratégicos em nossos planos para o uso de EPIs e considerando alternativas extraordinárias, incluindo o emprego de máscaras de tecido, para uso generalizado da população. Montamos um programa de testagem universal para profissionais de saúde, oferecendo RT-PCR em coleta rápida, padrão “drive-through”, para identificar aqueles profissionais assintomáticos carreadores do vírus.

Nosso platô de crescimento só será atingido entre meados de junho e julho. Não é possível continuar crescendo a taxas diárias superiores a 8%. Precisamos inspirar e mobilizar o público para aderir às medidas preconizadas, imediatamente. Nesse esforço total, todos têm um papel a desempenhar e praticamente todos estão dispostos.

O objetivo não é achatar a curva; o objetivo é esmagar a curva. E com inteligência suficiente poderemos em breve começar a reativar a economia, sem colocar vidas adicionais em risco.

Fábio Vilas-Boas – Doutor em Ciências e Secretário Estadual da Saúde da Bahia.

Artigo publicado originalmente no Jornal A Tarde.

Álcool gel adulterado foi vendido para a Polícia Federal


PF apura venda de álcool gel com teor abaixo do indicado no rótulo.

A Polícia Federal (PF) está desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (30) cumprindo quatro mandados judiciais de busca e apreensão, dentro da Operação Acqua Gel, deflagrada para investigar a comercialização de álcool gel com percentual abaixo do indicado nos rótulos.

A investigação começou há 15 dias, quando o Setor Técnico Científico (Setec) da PF identificou que um lote de álcool em gel, com 65% de álcool, vendido à Superintendência Regional da Polícia Federal, no Paraná, mas que apresentava “percentual bem abaixo do indicado – cerca de 30%, perdendo em sua função de desinfecção e assepsia”.

Diante disso foram realizados exames periciais adicionais que confirmaram o baixo percentual em todo o lote adquirido pela PF, motivando a representação pelos mandados judiciais.

Segundo a PF, as buscas têm por objetivo identificar outros lotes da fabricante com o mesmo problema e constatar se foram feitas vendas do mesmo lote para outros órgãos governamentais e hospitais.

“O álcool em gel foi adquirido para uso dos servidores e colaboradores da PF que seguem na linha de frente ao combate à criminalidade organizada em tempos da pandemia da civid-19”, informou ainda a PF.

Prefeito determina instalação de pontos para atendimento sobre auxílio emergencial


Filas enormes e aglomerações em bancos e casas lotéricas.

Visando facilitar o atendimento e evitar aglomerações em bancos e casas lotéricas devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Prefeitura de Ilhéus, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), em parceria com a Caixa Econômica Federal vai instalar a partir desta quarta-feira (29) cinco pontos de atendimento para orientações sobre o auxílio emergencial.

A decisão foi acordada em reunião realizada por videoconferência com o prefeito Mário Alexandre, Superintendência Regional e Gerência da Caixa. “As filas são um grande problema e não podemos mais admitir que as pessoas fiquem aglomeradas. Colocamos essa ação imediata dentro do planejamento do Município para cuidar da saúde de cada pessoa e prestar um atendimento de excelência com todas as medidas de prevenção”, frisou o prefeito.

O cidadão que tem direito ao benefício poderá se dirigir ao ponto mais próximo à sua residência, que estará em funcionamento de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h. Os stands serão instalados em locais estratégicos, próximos a casas lotéricas e com um grupo maior para atender a população.

Conforme o decreto municipal nº 030, de 25 de abril de 2020, as instituições bancárias e casas lotéricas têm obrigação de registrar sinalização horizontal indicando o distanciamento entre pessoas nos locais onde ficam localizadas as filas.

Qual a função dos pontos de referência para atendimento?

– Facilitar o atendimento por zonas;

– Diminuir as filas nas agências;

– Prestar dúvidas e esclarecimentos;

– Auxiliar na instalação e utilização dos aplicativos para solicitação e saque do benefício;

– Auxiliar na emissão de senha para saque nas agências e casas lotéricas;

Localização dos stands

Zona Norte:

– Centro de Estadual de Educação Profissional (CEEP) do Chocolate Nelson Schaun- Avenida Antônio Carlos Magalhães, no bairro Malhado;

Centro:

Praça do Palácio do Paranaguá;

Estacionamento do Cais;

Calçadão da Rua Marquês de Paranaguá;

Zona Sul:

Colégio Estadual Professora Horizontina Conceição – Rua Eixo Coletor Principal, no bairro Hernani Sá.

Corpo de Bombeiros entrega 5 mil frascos de álcool em gel para colégios do Sul da Bahia


Foto divulgação.

O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) entregou nesta terça-feira (28), ao Núcleo Territorial de Educacional (NTE) Litoral Sul, em Itabuna, 5 mil frascos de álcool em gel (500 ml). A ação foi realizada por equipes do 4° e 5° GBMs, localizado e em Itabuna e Ilhéus. O material é fruto de uma parceria das secretarias estaduais do Planejamento (Seplan), da Educação (SEC), de Desenvolvimento Rural (SDR) e de Desenvolvimento Econômico (SDE).

“Nossa tropa, assim como equipamentos e viaturas estão à disposição dos cidadãos, também para as ações de combate à Covid-19. Estamos seguindo todos os protocolos de segurança e passando para a população a importância dos cuidados. Além disso, iniciamos a campanha Quarentena Solidária, onde arrecadamos, em todos os quartéis do estado, alimentos não perecíveis e materiais de limpeza para doação”, explicou o comandante-geral do CBMBA, Coronel BM Francisco Telles.

Além dos 5 mil frascos (500 ml) de álcool em gel entregues pelos bombeiros, o Governo do Estado entregou no sul da Bahia, na última segunda-feira (27), outros 3 mil litros de álcool 70%, 8,2 mil máscaras de TNT e 2 mil máscaras acrílicas de proteção facial do tipo Face Shield, para utilização em unidades de saúde, além de 5 mil máscaras de tecido para estudantes da rede estadual.

“Este apoio do Corpo de Bombeiros nas mais diversas ações de combate ao Coronavírus fortalece nossa luta, salva vidas, e ajuda a Bahia a controlar esta pandemia que já contaminou mais de três milhões de pessoas no mundo inteiro. Portanto, os estudantes da rede estadual de educação do sul da Bahia poderão, por exemplo, fazer uso do vale-alimentação estudantil com mais proteção”, ressaltou o secretário estadual do Planejamento, Walter Pinheiro.

Graças a esta parceria, as máscaras também estão sendo direcionadas para os estudantes da rede estadual na capital e do interior e distribuídas nas filas, para a entrega do vale-alimentação. A ação já alcançou, por exemplo, além de Salvador, municípios como Feira de Santana, Simões Filho, Mata de São João e Dias d’ÁVila. O Núcleo Territorial de Educação (NTE 05), com sede em Itabuna, também já recebeu as máscaras para a entrega aos estudantes na fila da rede Assaí, em Ilhéus. Junto com as máscaras, o NTE também distribuirá álcool em gel para escolas em municípios da sua área de atuação. Os colégios estaduais indígenas Tupinambá de Olivença, Tupinambá Amotara e Tupinambá Acuípe de Baixo já receberam.

A Secretaria da Educação do Estado reforça a orientação para que vá ao supermercado (Assaí ou Cesta do Povo e suas lojas credenciadas) apenas uma pessoa: o estudante, o pai, a mãe ou o responsável, cujo CPF está cadastrado na escola, e que esta ida seja planejada para evitar aglomerações.

Medo de contágio esvazia setores de hospitais e laboratórios privados


Foto de Diego Vara.

Enquanto os números de casos e de mortes causadas pelo novo coronavírus não param de aumentar, hospitais particulares, laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem enfrentam um paradoxo: pacientes com outras doenças estão deixando de buscar atendimento por medo da covid-19. A situação, segundo entidades que representam os estabelecimentos, ameaça o equilíbrio financeiro do setor de saúde suplementar.

Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), o número de exames realizados caiu cerca de 80% desde que o novo coronavírus começou a se espalhar pelo país, entre o fim de fevereiro e o início de março. As cirurgias caíram pela metade. De acordo com o diretor executivo da entidade, Marco Aurélio Ferreira, a realização de procedimentos cirúrgicos corresponde a quase 50% do faturamento dos hospitais particulares.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) informou que as clínicas de diagnóstico por imagem registraram queda na procura de 70%, em média. Nos laboratórios clínicos, o atendimento caiu, em média, 60% se comparado ao movimento do mesmo período de 2019.

“É uma queda expressiva e generalizada. Há laboratórios operando com apenas 20% de sua capacidade”, disse à Agência Brasil a diretora executiva da Abramed, Priscilla Franklin Martins. “A associação vem conversando com o Ministério da Economia, buscando alternativas como uma linha de crédito do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que possa aliviar os empresários que precisam encontrar meios para manter seu quadro de funcionários e arcar com os custos fixos. Até porque, na hora em que esta pandemia passar, a demanda represada virá e precisaremos de capacidade para atendê-la”, disse a executiva.

Além do apoio financeiro do banco público, a Anahp e a Abramed defendem que a população seja informada sobre a importância de não interromper tratamentos continuados, bem como da “segurança” de se submeter aos chamados procedimentos eletivos (considerados menos urgentes) e a exames clínicos. De acordo com Ferreira e com Priscilla, o objetivo é garantir não só a saúde financeira dos estabelecimentos particulares, mas também evitar que os pacientes interrompam ou adiem o início de tratamentos.

“Pedimos muito à ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] que flexibilizasse um pouco sua orientação inicial sobre as cirurgias eletivas porque os hospitais estavam se esvaziando. Na última semana, a agência divulgou nota estimulando as pessoas a cuidarem da saúde, recomendando que os pacientes não interrompam os tratamentos. Desde então, já pudemos sentir certo aquecimento no movimento”, comentou Ferreira, referindo-se a um comunicado que a autarquia divulgou.

Na nota, a ANS alerta sobre o risco da interrupção de tratamentos continuados e sobre a obrigatoriedade do pronto atendimento em casos urgentes. A agência também esclarece que, apesar da pandemia e das orientações de distanciamento social, jamais recomendou a suspensão ou proibiu a realização de internações e cirurgias eletivas.

“Acreditamos que chegamos a um bom ponto”, disse Ferreira. “Agora, estamos trabalhando nestas três frentes: a retomada dos procedimentos eletivos, a continuidade do diálogo com as operadoras de planos de saúde – às quais pedimos que mantenham seus pagamentos em dia – e a busca da abertura de linhas de crédito do BNDES”.

MEDO

O diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), José Bonamigo, disse que muitos pacientes adiaram não só os atendimentos mais simples, mas também os de maior complexidade – o que, segundo ele, deixou ociosos alguns serviços médicos não voltados ao atendimento de pessoas com síndromes respiratórias – inclusive em algumas unidades públicas.

“Há muitos hospitais e clínicas de medicina diagnóstica particulares querendo desesperadamente retomar suas atividades porque estão enfrentando dificuldades financeiras devido à redução expressiva do número de atendimentos. Temos notícias de que, em São Paulo, alguns hospitais reduziram a carga horária de alguns profissionais. E até mesmo de alguns casos de demissões – o que parece surpreendente considerando o momento”, afirmou Bonamigo.

Marco Aurélio Ferreira, da Anahp, diz não ter conhecimento de demissões em hospitais particulares. “Estamos vendo muitos hospitais privados contratando profissionais para o lugar daqueles que foram atingidos pelo novo coronavírus. Hoje, cerca de 3% dos nossos profissionais [que atendem a pessoas infectadas pelo novo coronavírus ou suspeitas de terem contraído a covid-19] estão afastados por causa da doença ou da suspeita de estarem doentes. A respeito de demissões em outros setores [cujos médicos não atendem aos infectados], não tenho informação”.

O diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Gerson Salvador, confirma as demissões, embora afirme que a entidade não tem números. De acordo com Salvador, os maiores prejudicados foram os profissionais que atuam com procedimentos eletivos, entre eles anestesistas – informação mencionada também por Bonamigo, da AMB. “Um absurdo, pois ninguém tem tanta habilidade ao entubar um paciente quanto esses médicos, que podem vir a ser fundamentais na linha de frente do tratamento de pessoas com a covid-19”, diz Salvador.

INTERRUPÇÃO

Vários dos entrevistados mencionaram o receio de que, ao evitar hospitais e laboratórios clínicos, muitas pessoas interrompam tratamentos ou adiem o diagnósticos de doenças, retardando, desnecessariamente, o início da terapia.

“As pessoas estão com medo de ir aos laboratórios. O que é preocupante”, disse Priscilla. “Os pacientes estão receosos de buscar atendimento para outras doenças, o que pode resultar em agravos à saúde. Temos observado pessoas com quadros preocupantes, como dor torácica ou sintomas neurológicos, retardando a ida ao hospital por medo de se contaminar”, reforçou Bonamigo.

Para Daniel Knupp, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a situação é preocupante. “As pessoas não podem deixar de fazer algumas consultas e procedimentos, caso contrário as consequências podem ser piores. Mas é bom lembrar que em momento algum houve orientação para que esses atendimentos fossem interrompidos. A recomendação foi para que fossem adiadas as cirurgias eletivas, como, por exemplo, uma cirurgia plástica.

Quem tem uma insuficiência renal, disse Knupp, não pode ficar sem controlá-la. “Quem tem um câncer não pode deixar o tratamento de lado. Há pacientes com transtornos de ansiedade que vão precisar aumentar a dose de medicamentos por causa de toda esta situação; pacientes com hipertensão…enfim, a dificuldade, muitas vezes, está nos serviços conseguirem se organizar para atender às pessoas com síndromes respiratórias ou com suspeita de coronavírus, ao mesmo tempo em que oferecem assistência às demais”.

Para Salvador, do Simesp, compete ao Estado estabelecer diretrizes e “organizar” a oferta, levando em conta a demanda pelos serviços de saúde.

“Estamos vendo uma parte do sistema de saúde sobrecarregada e outra parte ociosa, o país precisando de leitos hospitalares e de mão de obra qualificada. Então, cabe ao Estado assumir a gestão e distribuir esses recursos de maneira igualitária para que um paciente que precise de um leito, por qualquer motivo, seja atendido, independentemente se no sistema público ou no privado. O que não podemos é ter gente morrendo por falta de leitos enquanto há setores ociosos em hospitais e médicos sendo demitidos”, disse Salvador, manifestando o receio de que, a título de socorrer hospitais e laboratórios privados, pessoas sejam incentivadas a procurar ajuda, mesmo em casos que podem ser adiados sem maiores riscos.

“É preciso cuidado para que um estímulo à retomada de procedimentos eletivos não represente apenas a preocupação com os lucros imediatos. Por isso, a meu ver, o melhor, por ora, é que os recursos privados estejam à disposição do SUS [Sistema Único de Saúde], com os estabelecimentos privados sendo devidamente remunerados por isso”, propôs Salvador.

A Anahp minimiza os riscos. “Há, nos hospitais, estruturas diferenciadas, preparadas para atender os casos da covid-19 e outras estruturas separadas, nas quais são tomados todos os cuidados necessários ao atendimento dos outros pacientes. Os hospitais estão preparados e têm dado provas disso. É preciso levar em conta a realidade local. Se houver mais casos da covid-19, é óbvio que todos os demais serviços devem ser paralisados. Caso contrário, vamos atender aos outros pacientes”.

Ministério da Saúde

Consultado, o Ministério da Saúde informou que, “devido ao momento de emergência em saúde pública, tem orientado os gestores, por meio de notas técnicas, a manter os atendimentos essenciais, suspendendo ou adiando aqueles procedimentos eletivos que não necessitam de urgência para realização”. O objetivo, segundo a pasta, “é desafogar os leitos para casos graves da covid-19 e as demais situações emergenciais do sistema de saúde”.

“Além disso, o acompanhamento de pacientes de outras doenças pode ser mantido por meio de outras alternativas”, sustenta o ministério, sem fazer distinção entre serviços públicos e privados. “Os gestores locais podem optar por iniciativas como a telemedicina, visitas domiciliares, fazer busca ativa de pacientes que necessitam ter suas doenças controladas, atendimento em áreas separadas dos casos da covid-19, entre outras, de acordo com a realidade local e com as medidas de precaução adequadas”.

Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília.

Anvisa aprova testes rápidos para covid-19 em farmácias


A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou hoje (28) a aplicação de testes rápidos para a detecção do novo coronavírus (covid-19) em farmácias. Com a decisão, a realização deixará de ser feita apenas em ambiente hospitalar e clínicas das redes públicas e privadas.

“O aumento [dos testes] será uma estratégia útil para diminuir a aglomeração de indivíduos [em hospitais] e também reduzir a procura dos serviços médicos em estabelecimento das redes públicas”, disse o diretor presidente substituto da Anvisa, Antonio Barra Torres.

As farmácias não serão obrigadas a disponibilizar o teste. O estabelecimento que optar pelo procedimento deverá ter profissional qualificado para realizar do exame.

A realização dos exames não servirá para a contagem de casos do coronavírus no país. Em seu voto, Barra Torres, que foi o relator do processo, destacou ainda que o teste não terá efeito de confirmação do diagnóstico para o coronavírus, uma vez que há a possibilidade de o teste apontar o chamado “falso negativo”, quando o paciente é testado ainda nos primeiros dias de sintomas.

“Os testes imunocromatográficos não possuem eficácia confirmatória, são auxiliares. Os testes com resultados negativos não excluem a possibilidade de infecção e os positivos não devem ser usados como evidência absoluta de infecção, devendo ser realizados outros exames laboratoriais confirmatórios”, disse.

A liberação dos testes rápidos em farmácias enfrentava resistências, devido a questões sanitárias e ligadas também à eficácia dos exames. Ao comentar a aprovação da realização dos testes em farmácias, Barra Torres lembrou que esses testes vêm sendo feitos por determinação de alguns governos locais.

A liberação desses testes será temporária e deve permanecer no período de emergência de saúde pública nacional decretado pelo Ministério da Saúde em 4 de fevereiro deste ano.