Mestre Virgílio é Doutor Honoris Causa da Uesc


Reitor e professor Dr. Alessandro entregou a honraria ao Mestre Virgílio.

José Virgílio dos Santos – o Mestre Virgílio – um dos mais importantes divulgadores do conhecimento e da prática da Capoeira Angola na Bahia e no Brasil é Doutor Honoris Causa. A sua trajetória o qualificou a receber, nesta segunda-feira (24), o título pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), durante reunião extraordinária do Conselho Superior (Consu), no Auditório do Centro de Arte e Cultura da Instituição.

Para o reitor da Uesc e presidente do Consu, professor Dr. Alessandro Fernandes de Santana “o título de Doutor Honoris Causa ao Mestre Virgílio, mestre de Capoeira, é importantíssimo para nossa Universidade. No momento em que o país passa por um período de intolerância, a Uesc através do seu Conselho Superior dá uma demonstração inequívoca de reconhecimento a arte da Capoeira, de reconhecimento a uma pessoa que passou a sua vida lutando pelo melhor entendimento entre os povos. Esse título outorgado ao mestre Virgílio na realidade, é um título que está sendo outorgado a Capoeira baiana, a Capoeira brasileira e a Capoeira Angola. A Universidade sente-se extremamente honrada em conceder esse título, por unanimidade, tanto para arte da Capoeira como para cultura da região Sul da Bahia quiçá da Bahia e do Brasil.”

A autora da proposta, a professora Dra. Camila Righetto Cassano, do Departamento de Ciências Biológicas (DCB/Uesc) lembrou em seu pronunciamento que “a trajetória de vida e resistência, suas produções artísticas, o apoio e incentivo a grupos de capoeira e a manutenção da tradição da Capoeira Angola em sua linhagem demonstram o saber e o fazer de Mestre Virgílio em prol da cultura afro-brasileira, tendo a cidade de Ilhéus como ponto de origem. Tais atributos conferem a Mestre Virgílio as qualidades que justificam a concessão do título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz, o qual se destina à “personalidade que se tenha distinguido pelo saber ou atuação em prol das Artes, das Ciências, da Filosofia, das Letras ou de melhor entendimento entre os povos”.

Depois de várias homenagens de mestre de capoeira, lideranças da arte e cultura do Sul da Bahia, Ilhéus e Salvador , on-line, bastante emocionado o Mestre Virgílio declarou que tinha caminhado muito, mas não tinha se apercebido onde chegou. “Cheguei aqui pela graça de Deus e o apoio de todos vocês. Este título que recebo não é meu, vai ficar na parede porque ele é de todos vocês,” disse se dirigido aos professores e ao seu grupo de Capoeira. “Caminhei pelo Brasil e fora daqui. Sempre fui alegre graças a Deus. Minha trajetória de vida até aqui foi muito alegre, sempre me dei bem com todos, com os meus alunos e com todo mundo,” prosseguiu o Mestre.

Em trechos do parecer que compõem o processo de solicitação de título de Dr. Honoris Causa a Mestre Virgílio, emitido pela professora/Dra Flávia Alessandra diz que “Por meio da Capoeira Angola, Mestre Virgílio expressa uma forma africana e afro-diaspórica de conhecimento orgânico, o qual não se pode adquirir nos poucos anos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado da academia ocidental clássica. O saber-fazer compartilhado pelo Mestre Virgílio é indissociável de valores negros que, não por acaso, foram edificados na ancestralidade africana. Mestre Virgílio é uma biblioteca vigorosa, complexa e pujante…”

Outro parecer dado pela professora/Dra. Luzineide Miranda Borges afirma “Mestre Virgílio traz na sua trajetória de vida, escrita pela sua corporeidade nos movimentos encantados pelo toque do atabaque e som do berimbau, a memória coletiva do seu povo, da cidade de Ilhéus, da Bahia e do Brasil. Um povo que não se reconhece e não escreve a sua própria história corre o risco de viver invisibilizado e subjugado.”