Gestores públicos têm amizade a Ilhéus ?


Por Gustavo Kruschewsky – [email protected]

Gustavo (2)Em outros países – notadamente em algumas cidades da Europa – tem-se notícias de existências de municípios que são verdadeiras microcidades “autossuficientes e amigáveis”, com uma centralidade comercial e de serviços em espaços próximos que poupa o morador de fazer grandes percursos de transporte, que por melhor que seja não esconde a precariedade pelo custo e tempo gasto no deslocamento de ir e  vir a fim de comprar material de consumo e outras necessidades para a sua subsistência.

Cidades da Bahia e até mesmo a capital do Estado deveriam ser assim planejadas nestes mais de meio de século de existência. No tocante especificamente a Ilhéus, pode-se dizer que essa histórica cidade deixou cumular – ou os seus “gestores” deixaram cumular – muitos problemas, que agora travam o seu verdadeiro progresso. A economia de Ilhéus só pode prosperar se houver também perfeita integração no seu território como um todo, que compreende basicamente Região Central,  Bairros, Vilas e Distritos. Infelizmente o que existe desde a sua existência como cidade, são compartimentos com discreta e enganadora integração sócio-política. Os Distritos são distantes uns dos outros, da Sede da cidade e dos Bairros, com estrutura urbana deficiente que não oferece boas condições para se viver. Com certeza, é por isso que a cidade não se desenvolveu integradamente até hoje.

Nesse viés também não se terá diminuição da criminalidade! Praticamente todos os Distritos Ilheenses são bem distantes do Centro da cidade, notadamente desprovidos de estrutura urbana decente, sem oferecimento eficaz de saúde naqueles sítios, a exemplo de farmácia, posto de saúde da família e hospital funcionando efetivamente. Além desses sítios não oferecerem escolas municipais bem equipadas, com regularidade e sem interrupção do ano letivo. Uma verdadeira falta de respeito pelo “poder” público! E o pior sem “os poderosos” terem nenhuma punição! Pontuando ainda precárias vias de acessos para esses Distritos combinado com transporte com pífia qualidade.
Os “moradores” desses sítios estão longe de prosperar e se desenvolver porque vivem naqueles territórios, sem oportunidades para si e para seus familiares, principalmente para seus filhos. Essa é a triste história, ano após ano até os dias atuais! A maioria da população Ilheense que vive na região distrital do município não moureja, peleja para subsistir.

Em relação ao eixo Centro e zona sul de Ilhéus, se houvesse criatividade, amizade à cidade, vontade política em consonância honesta com empresas da cidade e fazendeiros de cacau bem sucedidos à época do ouro, no decorrer desses mais de meio século, já deveriam existir outras pontes ligando o centro da cidade e o Bairro do Banco da Vitória à região sul da cidade, facilitando assim a fluidez do trânsito inclusive dos veículos oriundos da cidade de Itabuna e outras regiões e das cidades de Canavieiras, Una  e regiões do sul do País.

Indigna também hoje o perfil de Ilhéus no quesito higiênico. Não é crível, é lamentável, as pessoas assistirem  à paisagem”urbanística” em Ilhéus – na atualidade – e presenciar no Bairro Hernani Sá e Bairro do Malhado esgoto à céu aberto inclusive esgotos próximos a estabelecimentos que comercializam bens alimentícios.

Vale lembrar o economista Ilheense José Alberto Maia que vem trabalhando um anteprojeto sugerindo que os Distritos e Vilas a exemplos de Aritaguá, Coutos e Japu  devem servir de locais com boa estrutura para moradias, tornando o município mais horizontal e fortalecido com o advento de cooperativas de produtores de alimentos vinculando distrito-sede-distrito, com isso facilitaria empreendimentos de produção de alimentos – agricultura familiar – e fornecimento de produtos para os supermercados e outros. Assim poderiam ser implantados comércios varejistas nesses Distritos com preços acessíveis para moradores e visitantes e oferecimento de empregos nessas localidades.

Com tudo isso, os Distritos fortalecidos economicamente poderiam tomar formas de microcidades e se organizarem do ponto de vista urbano, incrementando a educação, saúde e segurança nessas localidades distantes geopoliticamente do Centro e Bairros  de Ilhéus. Se tudo isso fosse feito de forma sustentada se teria hoje uma cidade de Ilhéus digna de aplausos.

Portanto, questiona-se: Os gestores públicos e muitos empresários foram ou são AMIGOS  DA  CIDADE  DE   ILHÉUS?

*Gustavo Cezar do Amaral Kruschewsky é advogado e professor.

O presente ARTIGO foi inspirado no livro “A força da Amizade” da lavra desse articulista, lançado recentemente em 10/12/2014 na nova sede da OAB- Subseccional de Ilhéus, editado pela Mondrongo. Exemplares deste livro estão à disposição na Banca de Revista de PAULINHO ROSÁRIO, em frente ao Shopping Itarte, ao lado da Floricultura, no  centro da cidade de Ilhéus. Desfrutem da Leitura…