A “preocupação” do CDL de Ilhéus


Por Jamesson Araújo

Mais uma vez, a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Ilhéus se mostra submissa ao poder executivo, como acontece há anos. A entidade assiste à derrocada de Ilhéus sem ao menos se posicionar no que há de errado de verdade no município.

Denúncias graves contra o desvio do erário público, paralisação dos serviços para a população, como saúde e educação, vindas do governo anterior até o atual governo, que conseguiu piorar a situação de caos que se instalou em Ilhéus. E a CDL? Calada!

Nessa sexta-feira, a entidade, depois de sua inércia de anos sobre a situação de Ilhéus, veio a público se manifestar contra o movimento Reúne Ilhéus, que luta pela redução da tarifa de ônibus, o que consequentemente ajudaria os comerciantes a economizar com na passagem de seus funcionários.

Ao invés de intermediar o diálogo para chegar a uma solução, a CDL compra a briga do governo municipal e acusa o movimento, de ser um dos culpados pela queda de 30% nas vendas no comercio. Segundo o presidente do CDL, Paulo Ganem, o centro comercial da cidade está feio, sujo, “já precisamos começar a organizar a praça para a Campanha de Natal e desenvolver ações culturais, entre outras coisas, mas, se continuar aquele acampamento na rua, certamente não vamos poder”.

Talvez, se não comprasse essa briga, não ganharia a barganha que faz todos os anos junto ao governo municipal, para realizar campanhas de fim de ano, principalmente com o brinde maior da campanha, um carro zero, na grande maioria das vezes doada pelo governo do município.

O movimento Reúne Ilhéus, pelo que acompanhamos, sempre esteve aberto ao diálogo, e a CDL poderia ser a ponte para resolver o impasse, mas tomou lado, claro que não de seus clientes e funcionários.

A entidade precisa ser mais atuante, como também a Associação Comercial de Ilhéus, com posições impositivas junto ao governo municipal, cobrar soluções viáveis para um comércio forte, promover o desenvolvimento do segmento lojista.

Até hoje não saiu do papel o  shopping a céu aberto. O projeto virou museu e apenas traz lembranças e argumentos para contrapor quando se fala na construção de um shopping Center.

O que falta à CDL é exercer seu papel na plenitude, com apresentação e cobrança junto ao governo municipal, com propostas para reordenar o centro, que há anos é uma bagunça sem tamanho.

Um problema que a CDL deveria enfrentar de verdade, por exemplo, é retirar a grande quantidade de barracas e ambulantes das ruas e calçadas da Marques da Paranaguá e do entorno. Assim, estimularia a construção de camelódromos e de empreendimentos privados, como os que já funcionam em algumas cidades no nordeste, como Fortaleza.

Os ambulantes têm papel importante no Centro da cidade, mas da forma como a região é ocupada, todos saem perdendo.

Mas a CDL não está preocupado com nada disso, apenas se ocupa em combater um movimento que ocupa a frente da prefeitura e cobra benefícios para a população.

“Pense num absurdo, na Bahia tem precedente”, dizia Otávio Mangabeira.