Por Gustavo Kruschewsky/[email protected]
No início do século XX, segundo a história, já se insurgia em Ilhéus a briga na disputa do “poder” político acompanhado de “adornos empolados de retórica” – dirigidos ao povo da época que consideravam a fala primorosa, mas, para muitos conhecedores era discurso “vazio de conteúdo”. O poder privado, quase sempre na liderança política de um coronel – que tinha esse status muitas das vezes através de carta ou diploma outorgado que conferia essa condição – adquiria a competência de chefiar o município de Ilhéus pela expressiva votação sob o auspício do chamado “voto de cabresto”, o famoso voto comprado pelos coronéis daquela época. Naquele tempo, longe de existir norma que punisse o candidato que comprasse voto, foi uma época em que a disputa pelo poder político em Ilhéus constituía-se de uma facção que pregava o conservadorismo e outra facção que pregava a Liberalidade.
Essa luta ideológica era capitaneada pela família Adami de Sá que era conservadora e por grande parte da família Pessoa que era considerada liberal, nas figuras centrais do Coronel Domingos Adami de Sá e do Coronel Antônio Pessoa da Costa e Silva. Tanto o Coronel Adami de Sá quanto o Coronel Pessoa da Costa e Silva ocuparam a cadeira de Intendente do Município de Ilhéus na chamada era do ouro, do abundante cultivo do cacau. A família Adami, segundo conta a história, era conhecida pela sua aristocracia, detentora de muitas terras e domínio de instituições importantes em Ilhéus. Enquanto a família Pessoa se notabilizou principalmente por ser a favor da liberdade dos escravos. Além de que, segundo pesquisas, a riqueza que essa parte da família Pessoa adquiriu “foi proveniente do esforço próprio, sem auxílio de parentes ricos ou recursos públicos”.
A verdade é que os “súditos” de Ilhéus daquele tempo – que pertenciam, mormente à massa, considerada excluída – nunca souberam o que significava CONSERVADORISMO ou LIBERALISMO. Para eles era uma linguagem snobe para encher linguiça. Tanto a massa quanto muita gente do povo não entende esse linguajar ainda usado pela elite “política” dos tempos atuais. Sendo assim, os “súditos” de ontem como os de hoje nunca puderam participar do processo político da cidade de Ilhéus, a maioria sempre votou por troca de favores. Serviam – e muitos ainda servem na atualidade – apenas de pasto da demagogia. Desde aqueles tempos prevalecia, portanto, seguidamente em pleitos municipais – que finalmente decidiam as eleições – os votos de cabrestos que eram armazenados em currais eleitorais.