Polarização trava montagem de palanques de Ciro Gomes nos estados


Ciro Gomes.

A manutenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) isolados no topo das pesquisas de intenção de voto é um dos principais entraves encontrados por Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, para montar palanques no país.

Ciro se mantém consistentemente em terceiro lugar na disputa presidencial. Nas duas últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas pelo Datafolha, o presidenciável aparecia em empate técnico com Sergio Moro (União Brasil).

A quase certa saída do ex-juiz da disputa, no entanto, terá pouco impacto para o pedetista –a maior parte dos votos migra para Bolsonaro.

Sem conseguir se aproximar de Lula e Bolsonaro, que, juntos, têm cerca de 70% das intenções de votos, Ciro tenta assegurar alianças em estados com maior número de eleitores, mas esbarra em resistência. Isso porque para alavancar a campanha, pré-candidatos a governos e cargos eletivos federais e estaduais buscam atrelar seus nomes aos dos dois primeiros colocados.

No Nordeste, segunda região com maior número de eleitores do país, atrás do Sudeste, a situação de Ciro também é complicada. Mesmo no Ceará, base eleitoral do pedetista, há disputas internas envolvendo a formação do palanque do ex-ministro da Fazenda.

O estado registra uma disputa interna pela cabeça de chapa para a eleição de outubro ao governo, como mostrou a Folha. Os mais cotados para ocupar a posição são o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) e a governadora Izolda Cela (PDT), que assumiu o Palácio da Abolição no dia 2 de abril após a renúncia de Camilo Santana (PT) para disputar o Senado.

A governadora teria o apoio do PT de Lula. Caso o nome escolhido seja o do ex-prefeito de Fortaleza, o partido poderia lançar candidatura própria, fortalecendo o palanque de Lula no estado –pelo acordo, o PDT disputaria o governo e, na mesma aliança, o PT lançaria Camilo Santana ao Senado.

Na Paraíba, o PDT enfrenta uma crise que culminou com uma intervenção no diretório estadual, que era comandado pela família Feliciano. A migração do deputado federal Damião Feliciano para a União Brasil fez com que o partido de Carlos Lupi retirasse Renato Feliciano, filho do parlamentar, da presidência da direção estadual.

Até então, o nome do PDT ao governo do estado era o da vice-governadora da Paraíba Lígia Feliciano, mulher de Damião. O episódio, porém, gerou incerteza em relação à manutenção da pré-candidatura da política. Mesmo sem a controvérsia o palanque já era frágil: o líder nas pesquisas de intenção de voto é o atual governador, João Azevêdo (Cidadania), que manifesta apoio público a Lula.

Um dos palanques mais fortes que o pedetista pode ter no país é a Bahia, onde o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) se inclina a apoiar Ciro. Um respaldo mais explícito, porém, só seria dado após o fim das conversas para construção de uma candidatura única na terceira via –a data oficial é 18 de maio.

Até lá, a União Brasil ainda trabalha o nome do presidente do partido, Luciano Bivar, para compor uma chapa no autodenominado “centro democrático”.

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