
Dois nomes investigados pela fraude de R$ 6,3 bilhões no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chamaram atenção por seu envolvimento em outro escândalo: a negociata da vacina Covaxin, alvo da CPI da Covid em 2021. Mauricio Camisotti e Danilo Trento, citados na época como participantes do esquema de superfaturamento com o imunizante indiano, agora são apontados como peças-chave no desvio de recursos de aposentados e pensionistas.
Camisotti, considerado pela Polícia Federal (PF) como “sócio oculto” da Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), teria movimentado R$ 178 milhões em supostas fraudes. A entidade, alvo de mais de 2 mil reclamações, firmou um acordo com o INSS em agosto de 2021 — mesmo período em que a CPI da Covid investigava seu papel no contrato superfaturado da Covaxin.
Na época, Camisotti foi vinculado a uma transferência de R$ 18 milhões para a Precisa Medicamentos, intermediária da compra das vacinas indianas. O contrato, suspenso após pressão da CPI, previa doses a R$ 80,70 cada — quatro vezes o valor da AstraZeneca.
Já Danilo Trento, indiciado pela CPI por integrar uma “organização criminosa” na negociação da Covaxin, aparece no caso do INSS em imagens de segurança do aeroporto de Congonhas, em áreas restritas, ao lado de um agente da PF e do ex-procurador-geral do INSS. Operações da PF encontraram US$ 200 mil em espécie na casa do policial, suspeito de escoltar os envolvidos no esquema.
A oposição no Congresso pediu a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar o caso, que pode ter lesado milhões de beneficiários. O governo federal anunciou planos para ressarcir os atingidos. As defesas de Camisotti e Trento não se manifestaram.
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