Indulgência ou omissão? Vereadores de Ilhéus evitam denúncias na Comissão de Ética após confusões no plenário


Por Jamesson Araújo

Plenário ou picadeiro ?

A Câmara Municipal de Ilhéus vive dias turbulentos, com cenas de bate-bocas, ameaças e até tentativas de agressão que se repetem no plenário. Enquanto isso, a Comissão de Ética assiste impassível a tudo, sem tomar qualquer providência. A explicação é simples: nenhum dos vereadores envolvidos nos recentes episódios constrangedores se dispôs a formalizar denúncia contra os colegas.

Apurou-se que, mesmo diante de embates recorrentes que comprometem o trabalho legislativo e a imagem da Casa, o que predomina é a omissão. O vereador Mesaque Soares (PSDB), membro da Comissão de Ética, esclareceu que o órgão precisa ser acionado para agir – seja por outro parlamentar ou por cidadãos que se sintam prejudicados por condutas antiéticas.

Mas a pergunta que não quer calar: quem terá coragem de denunciar? Nos corredores da Câmara, fala-se abertamente em corporativismo. O resultado é o silêncio cúmplice em vez do enfrentamento necessário.

Enquanto isso, as sessões se transformam em espetáculos lamentáveis, com trocas de insultos e cenas montadas para viralizar nas redes sociais. Tudo vira conteúdo para engajamento, tudo acaba em pizza – ou, como ironizou um observador, “em pizza e Coca-Cola de 50 litros”.

Até quando a população vai aceitar passivamente um Legislativo que dedica mais tempo a brigas do que a legislar? Enquanto os vereadores praticam a autoproteção, quem realmente perde são a ética e a credibilidade da política local.

Quem é mais ético no reino da hipocrisia?