Desvios precários e ponte condenada: o colapso logístico do Jequitinhonha na BR-101


A ponte sobre o rio Jequitinhonha será demolida. Foto arquivo divulgação PRF

A interdição total da ponte sobre o Rio Jequitinhonha, no km 661 da BR-101, em Itapebi, no Sul da Bahia, desde o início de maio, mergulhou a região em um cenário de caos logístico e econômico. Com a estrutura condenada e a demolição já anunciada pelo governo federal, desvios improvisados e a falta de infraestrutura adequada estão elevando os custos do frete, encarecendo alimentos, prejudicando o escoamento da produção e dificultando o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação.

Colapso Logístico e Seus Efeitos na Economia Regional

A ponte de 186 metros de extensão era um elo crucial entre a zona rural e o centro urbano de Itapebi, além de ser vital para o transporte de cargas e passageiros na movimentada BR-101. Desde janeiro, veículos pesados já enfrentavam restrições, mas a interdição completa agravou a situação:

  • Aumento no preço dos alimentos: Com rotas alternativas que chegam a 849 km em alguns casos, o custo do frete disparou, impactando diretamente o preço de produtos perecíveis e insumos agrícolas para o consumidor final.
  • Comércio local em crise: Pequenos empresários relatam dificuldades para transportar mercadorias, muitas vezes tendo que carregá-las manualmente ou em carrinhos de mão devido à falta de opções viáveis.
  • Saúde em risco: Ambulâncias enfrentam obstáculos para atravessar o rio, causando atrasos críticos no atendimento a pacientes graves, colocando vidas em risco.
  • Êxodo de empresas: Prefeitos da região alertam que companhias estão desistindo de investir no Sul e Extremo Sul da Bahia devido à precariedade da infraestrutura, impactando o desenvolvimento local.

Medidas Emergenciais em Curso: Balsas e Reestruturação de Desvios

Em resposta à crise, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou a construção de uma nova ponte em até um ano. Enquanto a nova estrutura não é entregue, soluções paliativas estão sendo implementadas:

  1. Instalação de balsas: Em negociação com a Neoenergia, proprietária de uma barragem próxima, será permitida a travessia de carros pequenos e ambulâncias, aliviando parte do problema para veículos de menor porte.
  2. Melhorias no desvio terrestre: O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) prometeu reforçar os 50 km de rotas alternativas com pavimentação, defensas metálicas e sinalização, buscando dar mais segurança e fluidez ao tráfego.
  3. Liberação do desvio da Veracel: Uma rota estadual que antes era restrita a veículos leves foi aberta para caminhões, mas a presença de trechos não pavimentados ainda dificulta consideravelmente o tráfego de veículos pesados.

Reclamações e Pressão por Soluções Mais Rápidas

Enquanto o governo federal promete agilidade, moradores e comerciantes da região cobram ações mais rápidas e efetivas. Na última semana, habitantes de Itapebi chegaram a furar o bloqueio em protesto, relatando que estudantes precisam fazer parte do trajeto a pé devido à ausência de transporte adequado para atravessar o rio.

“Temos que atravessar mercadorias nas costas, no carrinho de mão. O pior é para os doentes, que não conseguem chegar ao hospital”

desabafou um morador em entrevista à TV Bahia, expressando o desespero de quem vive o dia a dia da interdição.


Um Ano de Desafios Pela Frente

Apesar do anúncio de uma nova ponte em “tempo recorde”, a região de Itapebi e o Sul da Bahia ainda enfrentarão meses de dificuldades. Se as medidas emergenciais não forem suficientes para mitigar os impactos, os prejuízos econômicos e sociais podem se aprofundar, intensificando a pressão sobre o governo por respostas ainda mais efetivas e ágeis.