Fogo amigo dificulta guerra urbana contra o coronavírus


Por Luiz Augusto Pereira de Almeida

Os gargalos do planejamento urbano no Brasil, principalmente o déficit de moradias, a precariedade do saneamento básico e os problemas de mobilidade, que tanto afetam a qualidade da vida, ficaram ainda mais evidentes na pandemia da Covid-19. Além disso, transformaram-se em desafios prementes para a retomada das atividades econômicas e adaptação das empresas e pessoas ao chamado “novo normal”.

Questões não atendidas há décadas por políticas públicas precisam agora de respostas urgentes: como manter práticas de higiene, se aproximadamente 20% dos brasileiros não têm acesso a redes de água e metade não conta com esgoto coletado, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)? Tais problemas concentram-se em áreas densamente povoadas, como favelas e conglomerados de casas em regiões com infraestrutura precária, muitas vezes resultantes de uso e ocupação ilegais do solo, o que permite supor que ainda teremos bolsões nos quais será muito difícil conter o contágio pelo novo coronavírus.

Como evitar aglomerações e o distanciamento social, se a grande maioria das pessoas, principalmente nas grandes cidades, depende do transporte coletivo para ir ao trabalho, à escola, às compras e para toda sua necessidade de locomoção? Somente os trens do Metrô da cidade de São Paulo, segundo a companhia, movimentam 5,92 milhões de passageiros por dia. Outros 8,7 milhões são transportados pelo sistema de ônibus da capital paulista, o maior da América Latina, com uma frota de 14,07 mil veículos, distribuída em 1,3 mil linhas, de acordo com dados da SPTrans.

Tais números reduziram-se no período de quarentena, mas irão voltando paulatinamente à realidade estatística, à medida que forem reabrindo as atividades econômicas. Assim, enquanto não houver uma vacina contra o novo coronavírus e até que seja possível a imunização em massa dos brasileiros, as ruas, as habitações precárias e o transporte coletivo serão caldos de cultura de um dos vírus mais contagiosos de todos os tempos.

Obviamente, nenhum país estava totalmente preparado para enfrentar a Covid-19, que surpreendeu o mundo. Porém, o Brasil, como outras nações emergentes e em desenvolvimento, iniciou sua luta contra a pandemia já perdendo de goleada para seus próprios e crônicos problemas urbanos, resultantes do “fogo amigo” da falta de planejamento urbano e de políticas ineficientes de uso e ocupação do solo, ao longo de décadas. Obviamente, será muito mais difícil virar o jogo.

É como se vivêssemos em outro planeta e não naquele chamado Terra, no qual a ONU indica que 1,4 milhão de pessoas migram para o meio urbano a cada semana. Às vezes, relegam-se até mesmos as nossas próprias estatísticas oficiais. O IBGE divulgou que as 27 capitais do País registraram, em média, crescimento de 0,84% em 2019 e, somadas, têm 50 milhões de habitantes, o equivalente a cerca de 23% da população total do País. Diante do gigantesco déficit habitacional brasileiro e de deficiências crônicas na universalização do saneamento básico, fica muito claro que as políticas públicas e estratégias de planejamento urbano estiveram sempre em descompasso com as demandas relativas à expansão das cidades.

Agora, teremos de continuar lutando contra uma das mais graves pandemias de todos os tempos e retomar as atividades econômicas no contexto do “novo normal”, tropeçando em todos os obstáculos do meio urbano, que é o teatro de operações mais intenso e decisivo na guerra contra o novo coronavírus. Está lançado o desafio para autoridades, empresas, entidades de classe, trabalhadores e toda a sociedade. Chegou a hora, sem mais adiamentos, de mostrar do que, juntos, realmente somos capazes.

*Luiz Augusto Pereira de Almeida é diretor da Sobloco Construtora e membro do Conselho Consultivo do Secovi.

Jorge Portugal, da massa, da Bahia e do Mundo


por André Curvello

Alguém escreveu que o céu de Santo Amaro da Purificação tinha uma estrela a mais hoje. Recebi tantas mensagens, li tantos textos que peço desculpas pela preguiça de não procurar o autor. Mas, tenho que discordar em parte, pois não foi apenas o céu da terra de Caetano que ganhou mais uma estrela; foi o céu da Bahia e do Brasil.

A chegada de Jorge Portugal é certeza de festa entre as estrelas no céu brasileiro. A mim, só resta agradecer a Deus a oportunidade de ter conhecido e convivido com uma bela figura humana: gente na máxima expressão da palavra.

São várias recordações recheadas de carinho e admiração que vão desde a um encontro fortuito em pleno centro antigo de Roma a várias reuniões na Secretaria de Comunicação do Estado muitos anos depois. Mas, permita-me, poeta, dizer que o mais fantástico momento foi nos bastidores do ensaio de Maria Bethânia, numa quinta-feira, véspera da inauguração da nova Concha Acústica. E você disse pra rainha: “Vai, agora é com você. Estamos realizando um sonho”. E Bethânia te respondeu: “A inauguração não é hoje. O sonho só será realizado amanhã”.

De tantas pessoas que vibraram, não me lembro de uma vibrar tanto com a nova Concha quanto Jorge Portugal. Um entusiasta da cultura, das aulas de Português, um amante de fazer amigos. Um poeta, um sonhador, um ser humano da democracia e da liberdade. Um daqueles caras especiais que sentem “a dor do menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar… é a dor de nem poder chorar”.

Jorginho soube viver e interpretar a sociedade e suas angústias em tempos sombrios e duvidosos. Fez parte de uma massa, aquele “massa dos homens normais”.  Teve sensibilidade e sofrer ao falar da massa, “a massa que falo é a que passa fome, mãe…”. Deixa uma obra imortal. Faz parte de uma daqueles baianos humanos imortais. Luto e saudade.

André Curvello é secretário estadual de Comunicação.

As composições políticas inesperadas que podem acontecer em Ilhéus


Artigo de Jamesson Araújo.

Na política ilheense, as articulações continuam a todo vapor. As pesquisas de consumo interno vão mostrando o caminho que cada grupo político, com seu pré-candidato a prefeito, deve seguir.

Você, eleitor, sabe que a política, principalmente em época de eleição, guarda surpresas, a exemplo de composições inesperadas.

As declarações do deputado estadual Rosemberg Pinto (PT), no último final de semana, levou o ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP) a reaparecer no cenário político ilheense comentando e tentando rechaçar a ideia apresentada pelo líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia. Pode haver uma união da base do governador!

Mas ambos concordam com uma leitura: a expectativa em torno do nome de Valderico Reis (DEM), não corresponde em números significativos à corrida ao Palácio Paranaguá. Isso deixou o Jabismo abonado.

Os números que demonstram Cacá Colchões completamente dentro do jogo eleitoral, fizeram Jabes sair das cordas e se animar. Tanto que este chegou ao ponto de voltar à cena realizando críticas com tom maior ao governo de Marão.

Ao Jornal Bahia Online, o ex- prefeito, nesta terça-feira (28), fechou as portas para uma aliança com Marão, que até pouco tempo era ventilada por prepostos do governo do PT.

Ninguém é besta! Essa aliança Marão e Jabes (Cacá), apesar de ser especulada, nunca aconteceria. Porém, uma outra pode estar nascendo! Que o governador abra o olho, pois o traído é sempre o último a saber.

Alguém sabe dizer por que a emissora de Valderico Reis não ataca o ex-prefeito e seu afilhado político, Cacá Colchões? Por que Valderico e Cacá não atacam um ao outro?

Em setembro do ano passado, trouxemos a informação sobre o que seria o início de diálogo entre Valderico Junior, Jabes Ribeiro e Cacá Colchões para uma política limpa, ou melhor dizendo, sem ataques. Existe um acordo de cavalheiros!

Hoje, pela primeira vez, em meses, houve uma crítica do ex-prefeito ao Valderico Júnior por não aceitar um direito de resposta na Gabriela FM, em relação as ataques feitos por Mário.

Agora, com toda conjuntura política que se desenha, uma candidatura solitária de Cacá ajudaria o atual prefeito Mário Alexandre, que quanto maior o número de candidatos, maior será a chance de vitória. Isso é fato!

Será que Jabes vai deixar seu inimigo político governar Ilhéus por mais quatro anos?

Mas uma composição entre Cacá e Valderico colocaria, como diz Bruno Henrique do Flamengo, em outro patamar, a corrida eleitoral em Ilhéus.

Vale ressaltar, que Cacá Colchões, hoje no PP e base de Rui, era, assim como Valderico, “menino” de ACM Neto. Cacá tem mais proximidade com Neto, do que o próprio Valderico.

As análises e as pesquisas futuras, vão trazer direcionamentos aos dois pré-candidatos. Isto é, seguirem sozinhos ou realizarem uma composição? Quem seria o vice?

O sonho Jabista é ter Valderico Reis na vice de Cacá Colchões. Será que Valderico aceitaria?

Até o dia 16 de setembro, prazo final das convenções municipais, teremos uma resposta.

Claro que tudo isso vai depender do desempenho do atual prefeito Mário Alexandre nas pesquisas, que até o momento, mostram uma vantagem considerável.

Desafios da Cultura Ilheense durante e no pós-pandemia


Por Diego Messias.

A liberação do comércio e de parte do transporte público da cidade aumentou a circulação de pessoas nas ruas de Ilhéus. O aumento na quantidade de transeuntes é notório, algumas destas pessoas estão dando pouca atenção às medidas coletivas de combate à pandemia, outras mesmo atentas às medidas precisam sair de casa. A vida vai voltando à nova normalidade, uma adaptação, pois sabemos que existem inúmeras pessoas doentes e muitas outras perdendo a vida.

Para o setor cultural, o retorno será diferente, mais lento, mesmo se a Covid-19 for controlada, a retomada será retardada. Os shows, o circo, os parques, a concha acústica, o teatro, o centro de convenções, o cinema, as apresentações de capoeira, os blocos e grupos afro e toda a cadeia produtiva, não importa se da cultura elitista ou da cultura de massa, não se tem predição muito positiva para um futuro próximo.

Segundo Eduardo Bomfim, psicólogo do IFBA (campus de Ilhéus/BA), a arte e as suas diversas manifestações culturais são aliadas da saúde mental. Desta forma, devido a sua importância, a cultura terá que descobrir novos formatos. Precisa-se entender que o acesso a cultura traz uma contribuição na formação do ser social.

É certo, que todas as formas de expressão de cultura continuarão a existir e voltarão a normalidade em breve, pois a maioria de nós se comporta através da rotina, iniciando um processo de superação e esquecimento do trauma. Porém, o retorno de eventos com grandes aglomerações de público e em ambientes fechados como o teatro ou o centro de convenções terão que ocorrer com público reduzido e dependerá muito de uma vacina ou da cura para a Covid-19.

Para mestre Nei, diretor do Grupo Cultural Dilazenze, o setor cultural busca se adaptar a nova realidade, se reinventado, alterando sua atuação, diálogo e sua inserção com a sociedade, sendo expressão desta, se ajusta às novidades, como por exemplo, realizando lives. A cultura sempre sofreu com a escassez de investimentos, principalmente o pequeno produtor e os artistas locais, o auxílio emergencial, para este momento, é uma ajuda importante, no entanto os gestores públicos e os empresários têm que entender que este setor tem grande importância econômica, emprega muitas pessoas e precisa, como todo setor econômico, de apoio para não agravar ainda mais uma economia já fragilizada.

Um problema ressoante é saber qual choque econômico a pandemia causou no setor cultural local. Grandes ou pequenas amostras, shows ou peças teatrais movimentavam significantes recursos na cidade, geravam emprego e renda desde a empresa que confecciona os ingressos até os responsáveis pela bilheteria, incluindo neste rol o pessoal da iluminação, sonorização, segurança, montagem estrutural, bebidas e comidas, além dos artistas. Com a proibição dos espetáculos, percebeu-se a falta de recursos e o sofrimento financeiro imputado aos trabalhadores do setor, mesmo com a gestão municipal sensibilizada com a causa, a consequência já é gritante e notória, nos mostrando que precisamos entender que a cultura é um ativo econômico fundamental.

Em se tratando de falta de recursos, não podemos deixar de citar a Lei Rouanet, contudo, a concentração de projetos contemplados estão nas regiões Sul e Sudoeste, atendendo os eventos maiores que possibilitem retorno financeiro, o que dificulta o acesso de nossos artistas a estes recursos, por isso, a necessidade de políticas públicas do governo local para mitigar esta triste situação.

Destarte, é necessário pensar na reconstrução desde logo, fomentando uma interação do governo (municipal, estadual e federal), empresas e instituições de ensino. A título de sugestão, um consórcio entre a UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), a UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia) e o IFBA (Instituto Federal da Bahia) poderia analisar as perdas no cenário cultural, as mudanças e as transformações que aconteceram. Esta análise poderia ser utilizada para que ocorresse um olhar diferenciado para apoiar os grupos, indivíduos ou instituições mais afetados que de alguma forma se ligam ao ambiente cultural, incentivando parcerias com aporte financeiro para um setor tão importante.

O aparato Estatal é fundamental para manter e incentivar, principalmente através de políticas públicas claras, as manifestações culturais. A ajuda deve ser de todos para superar esta crise que é sanitária, econômica, social e, também, cultural, pois como disse Mestre Ney, “a cultura é a expressão da sociedade”.

Autor do artigo: Diego Messias, bacharel em Ciência Econômica e em Direito, especialista em Gestão Pública Municipal e em Processo e Direito do Trabalho, Vice-Presidente do Sindpoc/BA, presidente do PSB de Ilhéus/BA, perito técnico de polícia civil e professor universitário.

 

Bahia registra 972 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas


Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 972 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +1,4%), 52 óbitos (+3,0%) e 874 curados (+2,0%). Dos 69.467 casos confirmados desde o início da pandemia, 43.946 já são considerados curados, 23.721 encontram-se ativos e 1.800 tiveram óbito confirmado.

Os casos confirmados ocorreram em 385 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (47,24%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram Itajuípe (1.800,79), Ipiaú (1.506,33), Gandu (1.484,43), Uruçuca (1.203,76), e Itabuna (1.164,98).

O boletim epidemiológico contabiliza 69.467 casos confirmados, 159.204 casos descartados e 72.067 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta segunda-feira (29).

Na Bahia, 8.264 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui.

Taxa de ocupação

Na Bahia, dos 2.284 leitos disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivos para coronavírus, 1.385 possuem pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 61%. No que se refere aos leitos de UTI adulto e pediátrico, dos 916 leitos exclusivos para o coronavírus, 705 possuem pacientes internados, compreendendo uma taxa de ocupação de 77%.

Cabe ressaltar que o número de leitos é flutuante, representando o quantitativo exato de vagas disponíveis no dia. Intercorrências com equipamentos, rede de gases ou equipes incompletas, por exemplo, inviabilizam a disponibilidade do leito. Ressalte-se que novos leitos são abertos progressivamente mediante o aumento da demanda.

Morre aos 92 anos o ex-deputado Félix Mendonça


Morreu nesta sexta-feira (26) o ex-deputado e fundador do jornal Correio da Bahia, Félix Mendonça (PDT), aos 92 anos. Ele estava internado após ter sido diagnosticado com covid-19.

O anúncio do internamento foi feito no dia 21 de junho pelo filho, o deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT). “Meu pai testou positivo para o coronavírus e está internado aos cuidados de uma equipe muito competente. Aos 92 anos, ele é o meu maior exemplo de coragem, ética, amor ao próximo e vontade de viver. É um guerreiro, torçam e rezem por ele, afinal pedir a Deus é o que mais importa”. Félix Jr. também foi diagnosticado com covid-19 e está em quarentena.

Formado em engenharia, Félix Mendonça foi prefeito de Itabuna (1963–1966), deputado estadual (1967–1971) e deputado federal (1983–2011).

 

Vamos atravessar a ponte!


Por professor Gurita.

Com a inauguração da nova ponte estaiada Jorge Amado, equipamento de mobilidade urbana e integração da população de diversos municípios que deve funcionar como mola propulsora do fomento do turismo e do crescimento econômico, Ilhéus faz uma grande travessia para o futuro capitaneada pelo prefeito Mário Alexandre.

Marão, carinhosamente chamado pelos seus amigos e eleitores, vem a cada dia consolidando-se como um grande gestor e articulador político.

O fechamento do canal da Central de Abastecimento do Malhado, a pavimentação asfáltica da cidade, inclusive do bairro Nossa Senhora da Vitória, a construção e recuperação de praças, escolas e postos de saúde, a política de valorização do servidor público municipal, e o compromisso com responsabilidade de prevenção e tratamento ao Coronavírus, criando o comitê de crise, dotando os hospitais de equipamentos para atendimento aos infectados, fechando o ciclo com a instalação do centro da Covid 19 no Centro de convenções com 200 leitos com atendimento 24 horas, tudo isso aliado à articulação política atraindo os maiores partidos de centro esquerda e também de centro direita e o apoio do governador Rui Costa de quem goza de um grande prestígio, cria um novo ambiente político e de desenvolvimento da cidade de Ilhéus jamais visto na sua história. Por isso, ao comemorar os 486 anos de Ilhéus, me somo a esse projeto como pré-candidato a vereador pelo PSD para contribuir com essa grande travessia rumo aos 500 anos.

Segurança Pública na Bahia durante o período de pandemia do novo coronavírus


Por Diego Messias.

A Segurança Pública consiste na possibilidade das pessoas usufruírem seus direitos e cumprirem suas obrigações pacificamente. Para que a segurança pública esteja instituída em sua plenitude faz-se necessário a presença de um sistema de instituições com objetivo de prevenir e reprimir a criminalidade, por vezes violenta, recorrendo não só a operações policiais, mas também, envolvendo outras áreas, tais como: justiça, saúde, educação e desenvolvimento social.

Nota-se, então, que se trata de um sistema interdisciplinar, que envolve quase todos os outros setores do Estado, sendo de suma importância que estejam funcionando razoavelmente bem, pois, caso contrário, contribuem para o colapso na paz social. É possível observar, por exemplo, que uma elevada taxa de desemprego pode desencadear o aumento significativo nas ocorrências de furto e roubo.

A pandemia do novo coronavírus e a necessidade de isolamento social colocaram mais luz no que já era notório: as nossas enormes fragilidades da saúde pública, do emprego e renda, do apoio a micro, pequeno e médio empreendedor, entre outros. Desnudou-se, também, a vulnerabilidade do nosso já caótico sistema de Segurança Pública. Ora, se a paz social depende de diversas áreas e elas são deficitárias, com certeza, irão gerar problemas de segurança para as pessoas, sem contar os próprios equívocos da pasta.

Em relação à violência, neste período suis generis que passamos, segundo o Monitor da Violência, houve no país 4.146 mortes violentas em março deste ano, no mesmo mês no ano passado, foram 3.729 no Brasil. Só a Bahia teve 525 mortes em março de 2020. Em 2019, levando em consideração o mês de março, foram 443 casos. Se observarmos o índice por 100 mil habitantes, o estado baiano teve uma taxa de 3,53, quase o dobro em relação a taxa nacional que é de 1,97.

Além dos problemas estruturantes nas outras pastas, pode-se atribuir este aumento da criminalidade neste momento na Bahia às atividades ligadas ao tráfico de drogas, a soltura de detentos do sistema judiciário, a infraestrutura deficitária das polícias, em especial, a Polícia Civil, incluindo Polícia Técnica, falta de qualificação contínua dos policiais, distinção clara de atribuições entre as polícias que compõe o sistema, desvalorização financeira e promocional dos policiais de base (praças, investigadores, escrivães, peritos técnicos), escassez de EPI´s para os policiais que atuam na linha de frente.

Em se tratando de solução para a Segurança Pública, deve-se atacar todos os gargalos supramencionados. Ao invés de centrar a atenção apenas no combate direto ao tráfico, tem que rastrear o dinheiro que o financia; acompanhar através de tecnologia os detentos que foram soltos; melhorar infraestrutura das delegacias, das companhias, oferecendo materiais modernos para o sistema de investigação e enfrentamento a criminalidade; qualificação anual para todos os policiais, principalmente com novas técnicas e tecnologias para prevenção e enfrentamento à criminalidade; constituir atribuições claras entre os órgãos policiais; fornecer todos os EPI´s necessários, principalmente, neste momento de pandemia; valorizar o policial, extinguindo o abismo salarial entre o policial de nível hierárquico inicial e o policial gestor, permitindo que o profissional que ingresse nas carreiras de base, possa alcançar as carreiras de gestão do sistema policial; atendimento psicológico e psiquiátrico a todo policial envolvido em ocorrências que tiveram resultado lesões ou morte.

Com estas mudanças profundas, com gasto de energia, tempo e dinheiro, poderemos sentir melhoras nos índices e, consequentemente, na segurança pública de nosso Estado.

*Diego Messias – Vice-presidente adjunto do Sindpoc/BA, Presidente do PSB-Ilhéus, perito técnico de polícia civil, professor universitário, bacharel em direito e em ciências econômicas, especialista em processo e direito do trabalho e em gestão pública municipal.

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Resistir, Aprender e Sobreviver em tempos de pandemia


Por Maurício Galvão.

A todo momento somos lembrados de que “estamos todos juntos nessa”, mas muitos também já sinalizaram (ou nos lembraram) que, na verdade, nunca estivemos realmente juntos, nem antes da pandemia, nem dentro dela, e é muito possível que sairemos dessa ainda menos juntos do que antes. Em termos de desigualdade, renda e sobre a estrutura econômica nacional, as perspectivas não são nada otimistas e sabemos apenas com o que temos frente aos olhos. Aqueles mais abastados enfrentam as “quarentenas” com mais conforto e sem sentir a ameaça da inadimplência, despejo ou fome, alguns, por contar com uma reserva, quando empresário/a consolidado, outros por se encontrarem em um trabalho seguro.

Nos países subdesenvolvidos como o nosso, a insegurança do desemprego, da informalidade e das vidas consumidas para ter o de comer, a ameaça de um contágio viral e sua doença parecem cada vez mais abstratos à medida que os problemas da sobrevivência se agravam. Mesmo que, a cada dia, mais pessoas morram à nossa volta, a dura realidade e do “não ter o que fazer” se agigantam e parecem sempre mais reais que a morte por falta de ar que a COVID-19 causa. É por essa mesma razão que os governos locais, a despeito de terem convicção do potencial devastador de vidas humanas que o descontrole do contágio causa, cedem às pressões da população que clama por suas vidas voltaram ao normal, mesmo que o normal esteja longe do aceitável. Não é à toa que os movimentos governamentais, em muitas cidades brasileiras, e também em Ilhéus, estão sendo guiados em parte pela OMS e em outra parte por pesquisas públicas de opinião. Nesse ponto, se o resultado de uma pesquisa apontar forte rejeição do gestor que demonstra algum rigor no controle da doença em sua cidade, a pressão parece insuportável. Tudo isso, na verdade, é brutalmente irracional.

Por outro lado, nenhuma avaliação de governo ou analistas econômicos poderia realmente prever a pandemia, embora os sinais dos destemperos ambientais no mundo todo sempre advirtam a emergência de um fenômeno do tipo. Mas o que importa agora são as direções que ela abre para nossa escolha. Mais do que a crise financeira colocada em curso em 2008/2009, a pandemia expôs as notórias inadequações da política econômica aplicada por todo lugar, e principalmente para os países menos avançados industrialmente/tecnologicamente. Destacou a extraordinária incerteza deste momento e quanto pesa a opção da manutenção de populações extremamente pobres pelas elites financeiras e Estados que as apoiam. A economia que conhecemos não pode fornecer uma solução digna para o que estamos passando.

Essa pandemia foi compreendida, desde o início, como um produto das formas que o capitalismo assume hoje no mundo, mas sem ser dotado de culpa, e o ódio acabou depositado sobre os outros (aqueles que identificamos como diferentes de nós). Assim como no filme Contágio (2011), onde o longa exibe ao seu final a cadeia que encontra o paciente zero (e esse é um trabalhador pobre oriental), é o frenético ritmo de consumo que provavelmente inicia a transmissão, através de formas de trabalho que invariavelmente avançam cada vez mais sobre a natureza, empurrados para o interior da vida silvestre por grandes empresas que já tomaram o seu lugar. As redes velozes de fluxos globais garantem que a transmissão seja praticamente impossível de parar. Ainda que a China tivesse feito um controle ainda mais rigoroso vinte dias antes do espalhamento, os vetores internacionais já teriam saído do seu território e o estrago, feito. O mais grave, em seguida, e que muitos se recusam a ver, é como as décadas de hipocrisias liberais, privatizações, arrochos e dissolução das instituições públicas co-responsáveis pela vida das pessoas, foram o verdadeiro desastre dessa pandemia. No Brasil, por exemplo, nos sobraram duas coisas, ambas indispensáveis: o SUS, sustentáculo do nosso resto de esperança, e o Auxílio Emergencial, uma resposta lamentável, preguiçosa, e que expõe milhões ao perigo das aglomerações, numa crise como essa.

É exatamente por isso que pensar uma nova economia que possa substituir a apodrecida que temos não pode ser um fantasma keynesiano, afinal, ela precisa resgatar também aqueles que foram jogados para fora do barco “comum” bem antes da pandemia. Os modos de organização alternativos, que já existiam antes desse momento, devem ser aproveitados como orientação para o futuro logo ali. As cidades devem resistir o quanto puderem, a despeito das irresponsabilidades de muitos. Os empreendimentos locais e regionais, ser apoiados por suas comunidades fazendo o melhor uso dos meios virtuais. Os profissionais de serviços essenciais valorizados por seus empregadores e respeitados por todos, não apenas da boca para fora. As escolas e famílias reinventarem seus laços para além de um EaD que não consegue alcançar a todos. E assim vamos seguindo, cuidando uns dos outros, tendo em mente que uma vacina está no horizonte de eventos. Quando esse dia chegar, devemos estar preparados para agir melhor sobre cada ponto da vida em sociedade que conhecemos.

*Maurício Galvão é engenheiro florestal, vice-presidente da Juventude Socialista Brasileira e pré-candidato à vereador em Ilhéus.

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Ponte Nova (o encanto) x Ponte Velha (o desencanto) Ilhéus/Pontal


Artigo de José Rezende Mendonça.

Minha vó já dizia: “Nunca despreze a velha, por uma nova. Se um dia, a nova vier a falhar, a velha volta a servir”.

Este ditado popular, serve para nossa ponte Lomanto Júnior, que irá completar no dia 15 de agosto, 54 anos, que durante este período todo, só houve uma intervenção mais demorada, que teve início em 08/09/2008 e durou até 30 de novembro do mesmo ano. Ressalve-se que em 2008, antes mesmo do final da obra, publicamos uma matéria, onde sob nosso ângulo de leigo, que a intervenção fora realizada de forma errada. Que escrevemos assim: “por incrível que pareça, modificaram a estrutura do piso de rolamento, trocando o lastro de cimento para asfalto, deixando claro e comentamos muitas vezes sobre isso, pois o asfalto iria comprometer seriamente a sua estrutura e não deu outra”.

“Ora, fizeram um asfaltamento contínuo, juntando os vãos, que são separados para o “balanço” normal em termos de engenharia. Os defeitos estão cada vez mais à vista e precisam ser realizados de imediato. Outro erro cometido que, não era para acontecer nesta reforma/intervenção quando da reforma em 2008/2009, fora quanto o escoamento das águas pluviais”.

“Desde àquela época, comentamos no Facebook, que os drenos originais de escoamento com tubos de 40 mm, eram dos anos de 60 (1966), quando da sua inauguração. Estes drenos não recebiam águas pluviais em volume tão expressivo, devido um outro escoamento muito bem feito na cabeceira do lado norte. Este dreno, (bueiro) recebia as águas de chuvas oriundas das ladeiras do bairro da Conquista. Mas, de nada adiantou nossas observações, onde sugerimos as substituições por tubos de 100 mm no mínimo, e em diversos outros pontos espalhados na ponte”.

“E foram mais além, isolando (entupindo com brita e asfalto) em definitivo um grande dreno com grade de ferro, ali existente entre as duas calçadas. Resultado: toda vez que chove é aquele acúmulo de água e terra em toda sua extensão piorando cada vez mais a estrutura da ponte”. Pontal, 04/02/2009.

No final da reforma o Secretário de Obras da prefeitura, num determinado meio de comunicação da cidade simplesmente declarou: “a ponte tá igual a uma mulher de 45 anos que depois de umas plásticas fica uma garotinha de 15 anos…”

Como não somos especialista no assunto, tivemos que esperar os primeiros resultados desta intervenção na ponte, que não demorou muito. Tudo fora revelado ao passar de cada ano, onde lentamente as aberturas entre os vãos, voltaram ao mesmo estágio de 2009. Tudo pela insistência de vedar com asfalto, estas separações que tecnicamente existem para o balanço, na dilatação do cimento entre a temperatura fria e quente.

Nestas abertura/separação entre vãos, o que vemos por aí, são estes vãos separados por um tipo de borracha, para funcionar como “sanfona”. O mal disto tudo, é que ao longo do tempo, a vida útil desta ponte, que seria pra mais de 100 anos, deverá ter este tempo bastante reduzido, pois cada intervenção desta natureza, com asfalto nas juntas de dilatação, significa mais esforços do efeito sanfona, comprometendo mais precocemente a vida útil de uma obra tipo padrão dos anos 60 e 70.

Pois, hoje as obras deste tipo e com tecnologias modernas, estão despencado com menos de cinco anos. Exemplos vistos com várias obras nos últimos anos no Brasil. São edifícios, conjuntos habitacionais, viadutos, anéis rodoviários, passarelas, pista de ciclismo, aeroportos, etc.

Resolvemos hoje, fazer mais uma vistoria a nossa velha ponte, e não tivemos surpresa alguma, pois estavam lá e cada vez mais de forma acentuada, as falhas/aberturas pelo rompimento do asfalto de forma contínuo. (Ver fotos abaixo).

O que registramos na verdade neste texto, não foi mais um apelo, de uma intervenção nas juntas da ponte, pois como sabemos, a pandemia do Covid – 19, vai ser por um bom tempo, as desculpas para o abandono de todo patrimônio público, daqui pra frente.

Só nos resta, as lembranças da pomposa festa da reinauguração da Ponte Lomanto Junior, com uma iluminação cênica e com a presença do saudoso governador Lomanto Júnior. E como se quisesse protestar a tudo isso, sua iluminação cênica se apagou pra sempre, assim como se apagaram as mentes dos gestores públicos ultimamente. E como tudo se apaga nesta Terra de Gabriela, a ponte Lomanto Júnior, deverá ser chamada de a “PONTE VELHA”, para diferenciar da ponte Jorge Amado, que não vai vingar, e por isso, deverá ser chamada de “PONTE NOVA”, pela maioria da população.

É assim que funciona com a memória do passado.

AS FOTOS A SEGUIR SÃO DE 2009/2010 – DOIS ANOS DEPOIS DA GRANDE INTERVENÇÃO E ÚNICA NESTE 54 ANOS DA EXISTÊNCIA DA PONTE LOMANTO JÚNIOR. DANOS QUE JÁ 2007, DIZÍAMOS QUE IRIA OCORRER, E COMO LEIGO NÃO FUI OUVIDO. RESULTADO, UMA NOVA INTERVENÇÃO. MAS, SEGUIRAM O MESMO CRITÉRIO DE VEDAR AS JUNÇÕES DE CADA VÃO COM ASFALTO. E DE NOVO DOIS ANOS DEPOIS, JÁ ERA O MESMO ESTRAGO. E HOJE 19.05.2020, PUDE MAIS UMA VEZ PROVAR QUE, O DINHEIRO PÚBLICO É ASSIM QUE SE ESVAI PELO RALO.

CLIQUE AQUI PARA VER AS FOTOS.

Todas as fotos foram clicadas por José Rezende Mendonça e fazem parte do nosso acervo eletrônico.

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