Rubens Ometto mira Bamin: Cosan avalia entrada na mineração após vender participação na Vale


Empresa de Rubens Ometto busca diversificar portfólio enquanto negocia apoio do governo para potencial negócio na Bahia.
Canteiro de Obras do Porto Sul. Foto José Nazal.

A Cosan, holding controlada pelo empresário Rubens Ometto, está em movimento ambivalente: enquanto desinveste para reduzir seu endividamento, também busca novas oportunidades estratégicas. Desta vez, a companhia mira o setor de mineração, com um memorando de entendimentos assinado com a ERG, do Cazaquistão, para avaliar a aquisição da Bamin, mineradora sediada na Bahia.

A Bamin, porém, não será um ativo simples. A empresa enfrenta uma dívida elevada e demanda investimentos pesados – estimados em US$ 5,5 bilhões – para expandir sua operação no estado. A Cosan, que no início do ano vendeu sua participação na Vale, parece enxergar potencial na retomada da mineradora, alinhando-se a uma estratégia de diversificação mesmo em meio a ajustes financeiros.

Diálogo com o governo federal

Além das tratativas com a ERG, a Cosan já discutiu o interesse na Bamin com a Casa Civil do governo Lula, buscando alinhar apoio político e entender possíveis incentivos. A movimentação sinaliza que o negócio pode ter relevância não apenas econômica, mas também estratégica, dada a importância da mineração para a balança comercial e o desenvolvimento regional.

Fontes próximas ao assunto indicam que a holding avalia os riscos do investimento, mas enxerga oportunidades de valorização no longo prazo. A Bamin detém direitos sobre minas de ferro no estado, além de infraestrutura logística, como acesso à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL).

Cosan equilibra dívida e expansão

Apesar do interesse em novos negócios, a Cosan mantém o foco no ajuste fiscal. Nos últimos meses, a empresa vendeu ativos, como sua participação na Rumo e parte da Raízen, para aliviar um endividamento que preocupa investidores. A possível entrada na mineração, portanto, seria um movimento calculado – ainda que arriscado, dado o cenário global de commodities.

Analistas ponderam que a aquisição da Bamin dependerá de condições favoráveis, incluindo a viabilidade financeira e o aval regulatório. Se concretizado, o negócio marcará mais uma virada na trajetória da Cosan, que já atua em setores como energia, logística e açúcar e álcool.

Enquanto isso, o mercado aguarda os próximos passos. A ERG, atual controladora da Bamin, também estuda alternativas para a mineradora, o que pode acelerar (ou complicar) as negociações. Para a Cosan, é mais um capítulo na busca por crescimento – mesmo quando o momento exige cautela.