
A Cosan, holding controlada pelo empresário Rubens Ometto, está em movimento ambivalente: enquanto desinveste para reduzir seu endividamento, também busca novas oportunidades estratégicas. Desta vez, a companhia mira o setor de mineração, com um memorando de entendimentos assinado com a ERG, do Cazaquistão, para avaliar a aquisição da Bamin, mineradora sediada na Bahia.
A Bamin, porém, não será um ativo simples. A empresa enfrenta uma dívida elevada e demanda investimentos pesados – estimados em US$ 5,5 bilhões – para expandir sua operação no estado. A Cosan, que no início do ano vendeu sua participação na Vale, parece enxergar potencial na retomada da mineradora, alinhando-se a uma estratégia de diversificação mesmo em meio a ajustes financeiros.
Diálogo com o governo federal
Além das tratativas com a ERG, a Cosan já discutiu o interesse na Bamin com a Casa Civil do governo Lula, buscando alinhar apoio político e entender possíveis incentivos. A movimentação sinaliza que o negócio pode ter relevância não apenas econômica, mas também estratégica, dada a importância da mineração para a balança comercial e o desenvolvimento regional.
Fontes próximas ao assunto indicam que a holding avalia os riscos do investimento, mas enxerga oportunidades de valorização no longo prazo. A Bamin detém direitos sobre minas de ferro no estado, além de infraestrutura logística, como acesso à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL).
Cosan equilibra dívida e expansão
Apesar do interesse em novos negócios, a Cosan mantém o foco no ajuste fiscal. Nos últimos meses, a empresa vendeu ativos, como sua participação na Rumo e parte da Raízen, para aliviar um endividamento que preocupa investidores. A possível entrada na mineração, portanto, seria um movimento calculado – ainda que arriscado, dado o cenário global de commodities.
Analistas ponderam que a aquisição da Bamin dependerá de condições favoráveis, incluindo a viabilidade financeira e o aval regulatório. Se concretizado, o negócio marcará mais uma virada na trajetória da Cosan, que já atua em setores como energia, logística e açúcar e álcool.
Enquanto isso, o mercado aguarda os próximos passos. A ERG, atual controladora da Bamin, também estuda alternativas para a mineradora, o que pode acelerar (ou complicar) as negociações. Para a Cosan, é mais um capítulo na busca por crescimento – mesmo quando o momento exige cautela.
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