Porto Sul e FIOL: Jonas Paulo acusa Vale de boicotar projetos e destaca interesse chinês


Jonas Paulo durante participação no Super Blogs. Foto Yordan Bosco.

Em participação no Podcast Super Blogs nesta quinta-feira (05), o candidato a presidente estadual do PT e coordenador-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia, Jonas Paulo, abordou os impasses em torno do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), acusando a Vale de frear os projetos e destacando o interesse de investidores chineses.

Questionado sobre a demora na conclusão da aquisição da Bamin (Bahia Mineração) – que inclui o Porto Sul e a FIOL – pela Vale, Jonas Paulo foi enfático: “Quem não está querendo isso aqui (Porto Sul) é a Vale”. Segundo ele, se a mineradora assumir o controle, os projetos podem ser inviabilizados. “A Vale detém o direito de passagem da Norte-Sul, que vai para Itaqui (MA), e tem 30 anos de concessão da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), mas não investiu um real”, criticou. Ele citou que a empresa priorizou rotas alternativas, como o Porto de Açu (RJ), de Eike Batista, e um novo terminal em Barcarena (PA), desviando investimentos da Bahia.

Jonas Paulo destacou que grupos chineses têm “total interesse” em financiar a FIOL e o Porto Sul, projetos estratégicos para escoar grãos do Mato Grosso pelo litoral baiano. “O Ministro Rui Costa e Marcos Calçavante, da PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), já incluíram no PAC o projeto executivo do entroncamento da FIOL com a FICO”, explicou. Ele alertou para a necessidade de pressionar contra o que chamou de “interferências negativas”: “A sociedade ilheense e do sul do estado tem que estar atenta, porque é um momento privilegiado”.

O ex-presidente do PT na Bahia criticou a “passividade da população do sul da Bahia” diante do atraso nos projetos, que poderiam revolucionar a economia regional. “O maior centro produtor de grãos é Rio Verde (GO). Queremos que saiam pelo Porto de Ilhéus. É isso que os outros querem? Não!”, concluiu, em referência a grupos que preferem rotas por outros estados. Enquanto a Vale não se pronunciou sobre as acusações, o governo baiano reforça a busca por parceiros internacionais, com a China no radar. A disputa pelo futuro logístico do sul da Bahia segue acirrada.

O Porto Sul é um projeto estratégico localizado em Ilhéus, no litoral sul da Bahia, concebido para ser um dos principais terminais portuários do Nordeste, com capacidade para escoar minério de ferro, grãos, celulose e contêineres. O investimento estimado é de R$ 5 bilhões na fase inicial, com capacidade para até 20 milhões de toneladas por ano, expansível.

A FIOL é uma ferrovia crucial para o escoamento de commodities do Centro-Oeste e Oeste da Bahia até o Porto Sul, com extensão total de 1.527 km dividida em 3 trechos. O Trecho 1 (FIOL 1) entre Ilhéus (BA) e Caetité (BA) tem 537 km e está em fase final de construção. O Trecho 2 (FIOL 2) entre Caetité (BA) e Barreiras (BA) tem 480 km e está com licitação em andamento. Já o Trecho 3 (FIOL 3) entre Barreiras (BA) e Figueirópolis (TO) tem 510 km e está em desenvolvimento.

As conexões estratégicas incluem a FICO (Ferrovia de Integração do Centro-Oeste), que leva até Lucas do Rio Verde (MT), principal região produtora de grãos do Brasil, e a Ferrovia Norte-Sul, com integração ao Porto de Itaqui (MA) e ao Arco Norte. A estimativa é de geração de 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos durante a construção e operação.

A FIOL permitirá que grãos do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia) e Mato Grosso saiam pelo Porto Sul, reduzindo custos logísticos, além de viabilizar a exportação do minério de ferro de Caetité, um dos maiores polos minerários do Nordeste. O desenvolvimento regional deve receber impulso no agronegócio, indústria e comércio no Oeste e Sul da Bahia, com atração de novas indústrias e polos logísticos em Ilhéus e região.

A redução da dependência dos portos do Sudeste/Sul trará alívio aos congestionados portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), com rotas mais curtas para exportação para Europa, África e Ásia. A Vale é vista como obstáculo por controlar a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e ter preferência por rotas alternativas como o Porto de Açu (RJ) e Itaqui (MA). Caso adquira a Bamin, pode priorizar outras rotas, inviabilizando o Porto Sul.

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