Butantan diz que falas de Bolsonaro contra a China afetam produção de vacina e teme falta de doses


O diretor do Instituto Butantan criticou a falta de diplomacia do governo federal em relação à China, que fornece insumos para a produção dos imunizantes.

Segundo o Butantan, o ritmo de importação da China do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), essencial para a produção de vacina, está lento. O instituto entregou um milhão de doses da CoronaVac nesta quinta e promete mais 5 milhões nos próximos dias. Depois, não há previsão.

“Existe dificuldade. Há uma burocracia mais lenta e há autorizações reduzidas de volumes [do IFA]. Essas declarações têm impacto, e ficamos a mercê. Não vamos ter, de fato, condições de entregar. Pode faltar? pode faltar. E temos que debitar isso, principalmente, do governo federal, que tem remado contra”,afirmou o diretor do instituto, Dimas Covas.

Na quarta, o presidente insinuou que o país asiático poderia ter criado o novo coronavírus em laboratório como arma para uma “guerra química”. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e fundamental no fornecimento de insumos para vacina

Por conta de atrasos no recebimento de IFA, o Butantan precisou atrasar o cronograma de entrega das 46 milhões de doses contratadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) para até o final de abril.

A próxima remessa, de 54 milhões de doses, tem previsão de entrega para até setembro. O governo de São Paulo chegou adiantar o cronograma para agosto, mas hoje admitiu que “não se pode mais falar em antecipação.”