Novas perspectivas, novos recomeços para Ilhéus. Mas por onde começamos realmente? Por dentro.


 Por Graziela Guimarães dos Anjos.

Temos que reconhecer que são novos tempos. Tempo para uma pausa, tempo para desacelerar os ânimos, refletir sobre tudo que nos tem acontecido e sobretudo tempo para pensar em como recomeçar a vida. O mundo parou, a pandemia chegou e se instalou em nossas vidas como um furacão e tudo mudou, a nossa rotina de vida mudou completamente. O medo, a insegurança, o desconforto, o desconhecimento do que estava por vir passou a rondar nossos pensamentos. Para uns (famílias) como algo inofensivo, para outros (famílias) algo completamente letal e avassalador.

Mas estamos em Ilhéus, “a linda princesa do sul” como diz a canção do cantor e compositor ilheense Reizinho, falecido em 1994, a terra inspiração de Jorge Amado e de todos nós. E não ficamos imunes a esse cenário de terror de disseminação do Sars-Cov-2. Conseguimos nos adaptar a esse vírus e fazer com que o prejuízo (em vidas, que é o que importa) não fosse tão devastador quanto em outras cidades do mundo.

Digo conseguimos nos adaptar, mas ainda estamos no “olho do furacão”. A pandemia não acabou ainda estamos em alerta e precisamos reconhecer que ouve um esforço de todos: individual (em suas casas) e coletivo (em seus estabelecimentos), a iniciativa privada e principalmente a iniciativa pública. Temos que reconhecer cada um dos esforços disponíveis e disponibilizados para minimizar esse cenário o qual nos coube nesse ano de 2020.

Precisamos rever nossos hábitos, nossos costumes, nossas heranças e buscar refazer um novo amanhã, principalmente no que diz respeito a nossa cidade. Por muito tempo enxergamos a olhos nus, resíduos do passado, regado de prosperidade e um coronelismo latente que o fruto de ouro proporcionava para a nossa cidade. Esse tempo passou e aqui estamos tentando sobreviver a uma situação tão devastadora quanto foi a vassoura de bruxa naquela época para a nossa cidade.

É preciso que tenhamos ciência de que essa é uma fase de transição, algo de melhor vem por aí, sendo assim, precisamos mudar a forma que pensamos, modificar a forma que agimos para que possamos presenciar uma mudança efetiva. Mas por onde começamos essa mudança? Como? E eis que a resposta está explícita: POR DENTRO. Porque não começamos a mudança dentro de nós? Podemos? Lógico que podemos! Estamos aqui, vivos e a cada dia que passa é uma oportunidade de seguirmos em frente.

Sabe aquele estereótipo de cidade que sempre tivemos em sermos sempre o segundo lugar do comércio da região? Pois é, porque não mudamos isso? Agora a onda da vez é o delivery, venda on line… podemos ser uma cidade que tem um serviço de excelência no comércio. Claro que podemos! Temos outro ponto que precisa ter uma atenção devida que é o atendimento ao turista. É óbvio que existe um encanto incomum pela nossa cidade pelos turistas que aqui nos visitam, temos recursos naturais que embelezam a cidade e nos fazem ser referência em destinos de férias e no verão, mas não podemos deixar esse encanto apenas para os recursos naturais, temos que atrair pessoas pela estrutura de acolhimento que podemos oferecer juntamente com esses recursos naturais. Ou seja, é necessário haver uma mudança de paradigma (é uma expressão utilizada por Thomas Kuhn no seu livro Estrutura das Revoluções Científicas (1962) para descrever uma mudança nas concepções básicas) em nossa forma de pensar, em nossa forma de agir para com o nosso próximo, para com a nossa cidade.

Existe um ditado popular que diz “Quem não vive para servir não serve para viver”. Que tal usarmos esse ditado para iniciarmos essa mudança! Podemos começar dentro de nossos próprios lares, e quem sabe num futuro próximo não sejamos a cidade referência em atendimento, tanto no comércio quanto no turismo, quem sabe! Toda mudança requer esforço, vontade e perseverança para que o objetivo seja alcançado. Não existe nada fácil nessa vida. Não foi fácil chegar aonde chegamos, aos poucos vemos sinais de progresso em nossa cidade, aos poucos vemos iniciativas individuais e coletivas, públicas e privadas fazerem o progresso acontecer, a exemplo da Ponte Jorge Amado, nossa! Que progresso! Temos que agradecer por recebermos uma ponte linda, tão benéfica para nossa cidade em plena pandemia, em pleno caos. Uma ponte que com certeza é, agora, um cartão postal da nossa cidade.

Enfim, por onde começamos? POR DENTRO. Podemos repensar nossos conceitos, nossas perspectivas para com o próximo, para com a nossa cidade e obviamente com uma qualidade de vida melhor para todos nós.. Não nos custa nada. No futuro iremos olhar para trás e agradecer a escolha que fizemos agora, a escolha da mudança.

Autora do artigo,Graziela Guimarães dos Anjos é administradora de empresas (UESC), MBA em Finanças corporativas e mercados financeiros (UNIFACS), Pós Graduada em gestão pública (UESC), pós graduada em Formação de Consultores (UESC), pós graduanda em Prática Jurídica em Direito Público e privado (CESUPI) e graduanda em Direito (CESUPI).

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