Tradição cultural: Festa da Puxada do Mastro movimenta Ilhéus neste fim de semana


Puxada do Mastro em Olivença. Foto Clodoaldo Ribeiro.

Acontecerá a tradicional festa da Puxada do Mastro de São Sebastião, neste final de semana em Ilhéus, de 10 a 12 de janeiro, no distrito de Olivença, com realização da Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) e em parceria com Associação dos Machadeiros de Olivença (AMO). A programação da festa dos “Caboclos de Olivença”, como também é conhecida, reúne cultura e atrações com shows de bandas locais para os ilheenses, visitantes e turistas. Os três dias de evento contarão com as presenças das 68ª e 69ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) da Bahia.

Integrada ao calendário turístico da cidade, a Puxada do Mastro, começa na sexta-feira (10), com desfile cultural às 16h. Logo após, segue-se a exposição da 5ª Mostra Literária “Nos Resistimos e Existimos”, seguida de apresentações. Às 19h30 será realizada a missa na Igreja Nossa Senhora da Escada e a partir das 20h30 shows das bandas Vai dar Samba e Realce, no palco montado na Praça de Olivença.

No sábado (11), a programação se inicia às 17h com apresentações culturais de grupos e convidados, seguida da procissão e missa de São Sebastião às 19h30. A partir das 21h, show de Batuque Bom, Kauã Araújo e Alan Diniz. Já no domingo (12), os festejos começam com a alvorada às 5h na praça com caminhada e cânticos, missa matinal, rituais indígenas na mata de Ipanema e com participação por puxadores do mastro. A partir das 16h, as atrações como Top Gan, Lê Bandê, PagoFunk se apresentam no terceiro dia do festejo.

De acordo com o Secretário de Cultura e Turismo de Ilhéus, Fábio Manzi Jr., a parceria entre o poder público e a sociedade civil é fundamental no processo de reconhecimento e valorização da cultura local. “A Puxada do Mastro traz os sentidos de pertencimento e identidade para o ilheense. Todos estão convidados a participar desse evento secular e que renova uma memória própria de Ilhéus, que integra a história da cidade, e que por isso é tão importante”, destacou Manzi Jr.

Segurança – Um grupo de quatro patrulhas estará em atividade durante os três dias de festa para a segurança da população no evento, é o que informa o Major PM Manoilzo Bomfim, Comandante da 69ª CIPM Zona Sul. Ao comando da 68ª CIPM o Major Bomfim solicitou um efetivo com duas patrulhas para suporte e reforço do policiamento.

O presidente da AMO, Arivaldo Batista, popularmente conhecido como seu Camisa, estima que a festividade receba um público de aproximadamente dez mil pessoas. “A Prefeitura é responsável pela limpeza total de Olivença, estrutura dos shows, montagem de palco e contratação das bandas. A festa é pequena, mas possui um grande valor cultural. Durante a festa é possível ver as coisas fluindo e acontecendo de modo especial. Muitas pessoas já receberam a graça, sendo curadas, inclusive de doenças de pele com o banho do cavaco”, disse. Seu Camisa acrescentou ainda que é no dia 20 de janeiro (segunda-feira) que acontece o hasteamento da bandeira com a celebração do dia do padroeiro da Catedral Diocesana de Ilhéus, São Sebastião.

Segundo informações do historiador e etnógrafo ilheense, Erlon Costa Tupinambá, a festa se inicia com o ritual da escolha da árvore na Mata de Ipanema, feita por um grupo de machadeiros. No segundo domingo de janeiro, a árvore é transformada em mastro e toda a comunidade é convidada a ir à mata e trazer o tronco até o centro de Olivença.

A sacralidade também é um elemento fortemente presente na festividade. Conforme a dissertação “Da corrida de Tora ao Poranci: a permanência histórica dos Tupinambás de Olivença no Sul da Bahia” de autoria do historiador Erlon, alguns entrevistados apontavam São Sebastião como a figura de um “encantado”. Durante o festejo, após a derrubada da árvore em homenagem ao santo católico, há as práticas de retirada das cascas do mastro para fazer chá, com crença de cura de enfermidades e atração de sorte, quando colocadas na carteira.

Segundo a tradição e crença, as cordas utilizadas para puxar o mastro servem de enfeites e de proteção para o corpo e a alma. Transcorrida a festividade, o mastro é substituído na praça, o tronco novo é retalhado e o antigo guardado junto com o mastaréu para ser queimado nos festejos juninos.

Os eventos que antecedem a Puxada do Mastro reúnem jovens nativos e crianças, que também participam do festejo através do Mastaréu, um pequeno mastro específico puxado até chegar à primeira praia. São realizadas apresentações culturais como o Bando dos Mascarados; Terno das Camponesas (Terno de Reis) e o Boi Estrela, manifestação cujas mulheres da comunidade se destacam. Todos esses folguedos são embalados ao som da zabumba e do sino do badalo.

Nos últimos anos, o fator sustentabilidade inseriu aos festejos novos rituais com destaque para o replantio de árvores no local da cepa, onde ocorre a derrubada do tronco, explicou o historiador Erlon.