Tragédias com barragens em MG, acende a luz vermelha para Barragem de rejeitos no sul da Bahia


Barragem de contenção de rejeitos de minério de ferro da Mirabela Mineração, localizada no município de Itagibá. Foto montagem Blog Agravo.

Era 5 de novembro de 2015, 40 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro soterraram o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na região central de Minas Gerais, e percorreram quilômetros até o mar. Três anos depois uma nova tragédia, o rompimento de uma barragem da mineradora Vale na Mina Feijão, em Brumadinho, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, causou uma avalanche de lama e rejeitos de mineração, que devastou parte da comunidade da Vila Ferteco, na sexta-feira, 25 de janeiro. O desastre já deixou ao menos 37 mortos e os bombeiros, que trabalham nas buscas e resgate de soterrados, estimam em 345 os desaparecidos.

Moradores do Sul da Bahia, em especial Itagibá, Ipiaú, Barra do Rocha e Ubatã, por meio de redes sociais, levantam a questão de segurança da barragem de contenção de rejeitos de minério de ferro da Mirabela Mineração, localizada no município de Itagibá. Um rompimento causaria uma tragédia, como também um impacto ambiental inimaginável, a exemplo de atingir o Rio de Contas, podendo chegar ao litoral da Costa do Cacau.

Neste sábado (26), a TV Bahia e o G1 trouxeram uma reportagem com as opiniões de um especialista e do gerente regional da ANM na Bahia, sobre as 14 barragens, sendo que quatro delas podem representar algum risco.

O especialista, professor e engenheiros de Minas, José Bastista de Oliveira Junior, explicou que existem dois tipos; barragens de rejeitos e barragem de contenção de rejeitos. Segundo o professor, as barragens de contenção de rejeitos são construídas em terra, e os rejeitos são depositados dentro delas. Já as barragens de rejeitos, são construídas com os próprios rejeitos, e alteadas com esses rejeitos, sendo essas típicas a de Brumadinho, e há apenas uma na Bahia, a de Jacobina. Clique aqui para ver a reportagem!

Conforme Cláudio da Cruz Lima, gerente regional da ANM na Bahia, o estado tem um número muito menor de barragens de rejeitos, em relação a Minas Gerais. No estado baiano são 14, sendo que quatro delas podem representar algum risco.

“Enquanto Minas tem mais de 400 barragens no Plano Nacional de Segurança de Barragens, a Bahia possui apenas 14. Isso nos permite monitorar as barragens, no mínimo, uma vez por ano. Algumas são monitoradas até duas vezes por ano”, disse Lima.

A Bahia não tem registro de acidentes com barragens de rejeitos. A intensificação do monitoramento das unidades é uma medida preventiva, afirmou o gerente da ANM no estado.

“As barragens que têm mais alto potencial de dano são as localizadas em Jacobina (2), Santa Luz (1) e Itagibá (1), mas elas estão sendo monitoradas, inclusive presencialmente, e as empresas estão cumprindo os condicionantes impostos pela ANM. Apesar disso, a gente vai intensificar o monitoramento das barragens, e, a partir da semana que vem, já vamos fazer uma reunião para retraçar os planos de monitoramento das barragens aqui na Bahia”, completou Lima.

Especialistas afirmam que a chance dos rejeitos de Brumadinho chegarem a rios ou praias da Bahia são remotas, por conta do volume, que não é tão grande quanto Mariana, tragédia ocorrida também em Minas Gerais, em 2015.