Impulsionados por lulismo, PT e aliados lideram corrida em 7 estados do NE


Ricardo Stuckert 21.ago.2018/Divulgação

Disputado para compor coligações por vários partidos no Nordeste, o PT trouxe no embalo da popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região a liderança nas pesquisas eleitorais dos candidatos a governo petistas ou coligados com eles na maioria dos estados. Segundo especialista, o cenário foi impulsionado pela força do “lulismo” na região.

Dos nove líderes na primeira rodada de pesquisas do Ibope após o início da campanha eleitoral, quatro são do PT e três estão coligados com o partido e exploram a imagem do ex-presidente. Outros candidatos, mesmo sem se coligar, defendem Lula. Há, inclusive, emedebistas que rechaçam o nome do candidato do partido, o ex-ministro Henrique Meirelles, para pedir voto para Lula.

Caso os números permaneçam nesta tendência, o PT pode ter o melhor resultado da sua história na região em disputas estaduais, fazendo quatro governadores. Em 2006 e 2014, o partido conseguiu eleger três governadores, em seus melhores resultados.

Já o PSDB está com participação mais tímida este ano e, mesmo onde está coligado, não tem nenhum candidato que lidere a corrida. Dos candidatos do partido, apenas um aparece com mais de 10% de intenções de voto.

Segundo pesquisa Ibope divulgada no último dia 20, Lula aparece com 60% das intenções de voto na região, mais de seis vezes o percentual do segundo colocado, Jair Bolsonaro (PSL), que teria 9% dos votos. A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, e está registrada no TSE sob número BR-01665/2018.

Veja os cenários em cada estado

Na Bahia, o atual governador Rui Costa (PT) tenta a reeleição. O nome mais forte da oposição, o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM), desistiu de se candidatar e deve ser candidato ao cargo apenas em 2022. 2022. Contra ele, o candidato que chega mais próximo é o ex-prefeito de Feira de Santana José Ronaldo (DEM), mas que aparece com apenas 8% das intenções de voto.

Em Sergipe, o PT acabou se coligando com o atual governador Benivaldo Chagas (PSD) e indicou a viúva do ex-governador Marcelo Déda, Eliane Aquino, como vice na chapa. Benivaldo, entretanto, assumiu o cargo somente este ano após a renúncia de Jackson Barreto (MDB) –que vai disputar uma cadeira ao Senado. Já o líder nas pesquisas –o deputado federal Valadares Filho (PSB)– apoia Ciro Gomes (PDT).

Em Alagoas, o governador Renan Filho (MDB) segue os passos do pai, o senador Renan Calheiros (MDB), e, mesmo sendo emedebista, ataca o governo Michel Temer, rejeita a candidatura de Meirelles e pede votos abertamente para Lula. No estado, o PSDB se coligou com o PTC de Fernando Collor, o que gerou protestos de parte da cúpula tucana, que é adversária histórica do ex-presidente. O ex-governador Teotonio Vilela Filho disse que não vota em Collor “em hipótese alguma.”

Em Pernambuco, os dois principais candidatos ao governo declararam voto em Lula: o atual governador Paulo Câmara (PSB), líder na pesquisa Ibope e que tem o PT em sua coligação, e o senador Armando Monteiro (PTB). No estado, o apoio do PT foi disputado. O partido tinha como plano lançar a vereadora do Recife Marília Arraes. Mas mesmo com o diretório estadual decidindo pela candidatura, a executiva nacional barrou a candidatura para dar apoio a Câmara. Marília é candidata a deputada federal.

Na Paraíba, o candidato José Maranhão (MDB) lidera, mas rejeita a aproximação ao candidato presidencial do seu partido. “Nós estamos focados na campanha ao governo, ele pede votos pra ele apenas”, afirmou a assessoria do candidato, ao ser questionado em que votaria e apoiaria. O PT paraibano também seguiu orientação do diretório nacional e apoia a candidatura do ex-secretário do governador Ricardo Coutinho (PSB), João Azevedo (PSB).

No Rio Grande do Norte, a crise instalada no estado fez surgir nomes alternativos e que aparecem bem à frente do governador e candidato a reeleição Robinson Faria (PSD). Lá, quem lidera é a senadora Fátima Bezerra (PT), seguida pelo ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo (PDT).

No Ceará, o atual governador Camilo Santana (PT) também tenta a reeleição. Reunindo apoios da maioria dos nomes fortes da política local, ele lidera com 64% das intenções de voto e vê o tucano General Theophilo com apenas 4%.

No Piauí, outro petista lidera a disputa pela reeleição: o governador Wellington Dias, que lançou uma chapa puro-sangue, tendo como vice a senadora Regina Sousa –rifada da disputa à reeleição para dar lugar a Ciro Nogueira (PP) na chapa.

No Maranhão, a liderança é de Flávio Dino (PCdoB), que desta vez se coligou com o PT. Na segunda colocação vem a emedebista Roseana Sarney, que também já manifestou apoio à candidatura de Lula e defende a liberdade do ex-presidente.

Lulismo ganhou força, diz analista

Para o cientista político da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) Adriano Oliveira, a busca pelo apoio de Lula tem como explicação a sua liderança com folga nas pesquisas de intenção de voto.

“Essa busca por Lula existe por causa do Lulismo. Pesquisas qualitativas que temos mostram claramente isso, que o nordestino enxerga que ele olhou para a região, lutou pelo Nordeste. Sendo assim, é muito difícil para um candidato de outro partido se contrapor a Lula”, analisa.

Uma das características marcantes dessa eleição deve ser o debate nacional. “As campanhas serão fortemente nacionalizadas. Ou seja, em vez de ter o componente estadual, onde o eleitor decidirá a partir da avaliação do governo, vamos ter esse debate em torno de Lula, do governo Temer”, aponta.

Mesmo preso, o cientista acredita que força do presidente deve seguir alta na região. “O que as pesquisas mostram é que no Nordeste o presidente foi vitimizado. As pesquisas mostram que o eleitor pergunta por que somente ele foi preso. Então, a falta dele aqui nos palanques não afeta”, afirma.

*Com informações do Uol