Somos ou não galináceos


Por Mohammad Padilha

A implantação da política Neoliberal no Brasil, governo FHC, vendeu e privatizou as melhores estatais brasileiras para grandes holdings estrangeiras. O adventício e também pernicioso socialismo massivo pseudo bolivariano implantado durante os quase 16 anos de governo petista acabou por conduzir à bancarrota o país, quando “flexibilizou” a corrupção, o suborno e a roubalheira subvencionista. Isso nos leva a concluir que, só quando um ser humano atingiu certo nível de vida material e mínimo bem-estar social é que uma verdadeira cultura intelectual e um interesse por preocupações mais elevadas se tornam possíveis para ele. Sem essa preliminar, tais aspirações ficam, simplesmente, fora de questão.

Seres que estão constantemente ameaçados pela miséria mais terrível não podem apreciar os mais elevados valores culturais tanto quanto de usufruir dos seus direitos constitucionais conquistados ao longo da história do seu país. Portanto, só após decênios de combates por conquistas sociais democráticas que lhes permitiram garantir melhor nível de vida é que a questão do desenvolvimento intelectual e cultural pode começar a se apresentar aos trabalhadores. E são justamente essas aspirações que os patrões mais temem.

Para a classe capitalista, a frase do ministro espanhol Juan Bravo Murillo continua a valer ainda hoje: “Entre os trabalhadores não precisamos de homens capazes de pensar; precisamos de animais capazes de se esfalfar.”. (Juan Bravo Murillo Fregenal de la Sierra, 9 de Junho de 1803​-Madrid, 10 de Janeiro de 1873)​. Foi líder político, jurista, teólogo e filósofo espanhol de ideologia liberal. Foi membro relevante e destacado no partido moderado e ocupou diferentes cargos políticos durante o reinado de Isabel II.

Pois é, a diferença sutil que encontrei na colmeia política do horror, é elementar, diria ate factual. É que o político ate poucas horas atrás, antes da diplomação, era só povo, vítima potencial do sistema! Diplomado, agora é abelha rainha, e vai ser alimentado com geleia real! Seus zangões, com quem irá copular no harém da colmeia partidária do poder o farão perfilhar prolífico muitos outros rebentos em sua verossimilhança imoral. E viverão no ócio, transando aqui e ali; e nós, operárias, vamos pegar no pesado para mantê-los no bem bom! Essa é a sutil diferença. Por incrível que pareça esse ser político um dia foi povo, imagina? Que merda, poderia ter permanecido em sua fase larvar, mas evoluiu da massa para o seleto círculo dos vitoriosos expertos fadados a uma vida em luxo e opulência enquanto aqui e ali vão cometendo latrocínios em massa! Vou explicar de forma epistolar:

É difícil superar a lógica criada pelo autor russo para seu personagem central neste livro. Rodión Romanovitch Raskólnikov é um jovem inteligente, universitário, promissor, filho de seu tempo.

– Conversa entre os irmãos Rodión Romanovitch e Avdótia Romanovna, em Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski:

– O sangue todos o derramam – prosseguiu ele com veemência. – Esse sangue corre sempre em ondas sobre a terra. Quem o derrama como champanha sobe logo ao Capitólio e é tratado como benfeitor da humanidade. Examina um pouco as coisas antes de julgar. Eu, porém, desejei o bem da humanidade e centenas de milhares de boas ações teriam amplamente resgatado essa única tolice ou, antes, essa desastrada ação, pois a coisa não era tão fútil como agora parece. Quando malsucedidos, os melhores projetos parecem estúpidos! Pretendi apenas, com tal tolice, tornar-me independente, assegurar os primeiros passos na vida, depois repararia tudo com benefícios incomensuráveis…”. Pois sim. Vocês sabem a quem estou aludindo?

 As mulheres brasileiras tem assegurado pelas leis, quando diagnosticadas com câncer, a obrigatoriedade do sistema de saúde iniciar seu tratamento rádio quimioterápico em no máximo 60 dias! Coisa que raramente acontece porque faltam medicamentos oncológicos; o equipamento de radioterapia está quebrado, faltam médicos oncologistas, etc. Os brasileiros morrem como mariposas efemérides às portas dos hospitais, UPAs e postos de saúde onde falta tudo, até vergonha na cara. E não vamos falar de segurança pública, educação básica, transporte, justiça social ou mínimo respeito e observância pelo Estado dos nossos direitos constitucionais, solapados impunemente. Repito: Seres que estão constantemente ameaçados pela miséria mais terrível não podem apreciar os mais elevados valores culturais tanto quanto de usufruir dos seus direitos constitucionais conquistados ao longo da história do seu país.

Agora vou deixa-los refletir sobre o paradoxo político brasileiro e a antevisão a visão de um dos maiores assassinos em massa da história moderna. Refiro-me ao ditador sanguinário Stalin que trucidou seu próprio povo e às populações dos países parceiros da extinta URSS: Em uma de suas reuniões, Stalin pediu que lhe trouxessem uma galinha. Agarrou-a forte com uma das mãos enquanto a depenava com a outra.

A galinha, desesperada pela dor, quis fugir, mas não pôde. Assim, Stalin tirou todas suas penas, dizendo aos seus colaboradores:

_”Agora, observem o que vai acontecer”.

Stalin soltou a galinha no chão e se afastou um pouco dela.

Pegou um punhado de grãos de trigo, começou a caminhar pela sala e a atirar os grãos de trigo ao chão, enquanto seus colaboradores viam, assombrados, como a galinha, assustada, dolorida e sangrando, corria atrás de Stalin e tentava agarrar algumas migalhas, dando voltas pela sala.

A galinha o seguia fielmente por todos os lados.

Então, Stalin olhou para seus ajudantes, que estavam totalmente surpreendidos, e lhes disse:

_ Assim, facilmente, se governa os estúpidos. _Viram como a galinha me seguiu, apesar da dor que lhe causei?

_Tirei-lhe tudo…, as penas e a dignidade, mas, ainda assim ela me segue em busca de farelos.

_ Assim é a maioria das pessoas que seguem seus governantes e políticos, apesar da dor que estes lhes causam e, mesmo lhe tirando a saúde a educação e a dignidade, pelo simples gesto de receber um benefício barato ou algo para se alimentar por um ou dois dias, o povo segue aquele que lhe dá as migalhas do dia.

O Estado está falho e corrompido. Acho que necessitamos reinstalar o Sistema Operacional do Estado e reinicializar a máquina.