As delações políticas e os contos


Por Mohammad Padilha

Quando leio as notícias da Operação Lava jato, bem como alguns ensaios políticos do grande ficcionista e intelectual Luiz Inácio; dá-se comigo as mesmas angustias de quando deito a ler os Textos Selecionados – mais conhecidos por Delações Premiadas – dos intuitivos ladrões da República de São Saruê, nosso deflorado e extorquido Brasil. Claro, falta aos textos, romance, paixões sublimes ao estilo shakespeariano e sobram lascívias e luxúrias carnais untadas pelo sêmen podre da ganancia pelos valores materiais, esputos que embalam a retórica dos eloquentes instintos dos nossos inventivos representantes políticos quando, de lá dos altos púlpitos da nação, manipulam sábios as massas marionetes.

A Flauta Mágica (original em alemão Die Zauberflöte) é uma ópera em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart, que nossos políticos tocam sôfregos como bronha no falo em “allegro ma non troppo un poco maestoso”, prolongando o gozo por conta da tolerância casmurra da população brasileira pasmada de quatro sob o condescendente olhar da justiça…

Eu ficaria horas por aqui escrevendo sobre literatura ficcional e sobre contos pra moças adolescentes de hímen imaculados e jovens mancebos vítimas involuntárias das indesejadas poluções noturnas que mancham o branco imaculado dos lençóis às manhãs. Mas nem assim, repetitivo, em evidente risco de nem chegar a ser lido por tão tediosa narrativa, ainda assim arrisco paralelizar a intuição político-filosófica dos nossos homens públicos – um tipo de intelectualidade verbalizada em corrupta e mentirosa argumentação que deturpa, corrompe e transcendem os mais “nobres” princípios defendidos pelo filósofo Maquiavel. Dito assim por que derivam instintivos ao estilo Bukovisky e Henri Miller, onde a sensorialidade efêmera dos instintos, não obstante a fugaz temporalidade dos orgasmos imorais, dos sabats temperados com orgias com felações, ainda persiste sem nenhum pudor. Qualquer hora dessas poderemos ser surpreendidos ao nos deparar com políticos-cortesãos mostrando “as partes” do alto da Tribuna no vale-tudo pelo poder. Tirem as crianças da sala, viram?

São tantas as mentiras, os estratagemas, as contraditas e reformatações contextuais dos ditos pelos não ditos, a ponto das suas longas dissertações se tornarem tosca, totalmente ininteligíveis para uma população contemplada por educação formal de baixa qualidade. Como se diz: só o Bê-á-bá! Embora tidas previamente como inteligíveis e aceitáveis pelos nossos rigorosos e imparciais doutos juízes e procuradores incumbidos de justiça-los. É lindo ser lido e acatado! Invejo-os no mau sentido.

Aí fica o drama para aqueles que sonharam com Pinóquio, de Carlo Collodi, pseudônimo de Carlo Lorenzini. Com Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido pelo pseudônimo Mark Twain. Com Hans Christian Andersen, de O Rei Está Nu. Jules Gabriel Verne, popularmente como Júlio Verne. O belíssimo e bucólico Sítio do Pica-Pau Amarelo, série de 23 volumes de fantasia, escrita pelo autor brasileiro Monteiro Lobato entre 1920 e 1947. Jonathan Swift – As Viagens de Guliver.  Daniel Defoe – de Robinson Crusoé. De Monteiro Lobato, e até o maior e mais inspirado intelectual autodidata nordestino, Catulo da Paixão Cearense; todos inspirados por literatura.

… E dizer que tolos e apaixonados pela extinta ética da moral nos agitamos ofendidos e lesados por peraltices insignificantes praticadas nas escolinhas de Jardim de Infância por ingênuos educandos. Hoje grandes universidades abastecem internacionalmente o mundo político com hordas de especialistas, verdadeiros Águias de Haia, no mais lato sentido inverso das palavras.

O pior em tudo isso, é que o brasileiro, tardiamente, começa a ficar com medo do futuro ao perceber que a situação do país e sua ordem social saíram do controle do estado. Os indicativos estão aí, embora bem fantasiados por eufemismos insustentáveis e discursos por reeleição e perpetuidade no sistema.  Está a cada dia fica mais difícil agente ser feliz no Brasil.