ILHÉUS: CARMA, SINA OU MALDIÇÃO?


Por Aldircemiro Duarte(Mirinho)

mirinhoDizem que a Justiça é cega e se essa afirmação é deveras verdadeira, ela não cuidou de evoluir com os tempos para buscar através das inovações tecnológicas, pelo menos, evitar o agravamento da sua cegueira. A impossibilidade de enxergar aliada a sua velhice não só lhe traz cansaço, tornando-a improdutiva, como, também, lhe causa embaraços auditivos, porque  não ouve os gritos de quem dela necessita imediatamente e se isola no seu cantinho recatado e luxuoso e lá, nos intervalos das suas “pescadas”(cochilos), determina ora empilhar, ora engavetar, ora arquivar milhares de processos, inclusive, por conta da prescrição.

A corrupção é doença infecto contagiosa provocada pelo vírus da desonestidade que se alimenta da impunidade e já afetou o sistema circulatório do país, contagiando todos os  demais sistemas do seu organismo. É preciso combatê-la na sua origem, na sua causa, na sua raiz, para conter os seus efeitos, pois, se assim não for, testemunharemos um tsunami de lama, que inundará de lodo e mau cheiro, cada município desse nosso imenso Brasil.

É inadmissível a prescrição de um processo judicial em qualquer hipótese, principalmente quando seja o réu um gestor ímprobo, que se utiliza ilicitamente de recursos públicos em seu beneficio, ou em beneficio de outrem, ou de grupos e essa inadmissão se agrava, se esse réu, em sendo reincidente, goze do beneficio do instituto prescricional e continue livre, a praticar novos delitos, posto que, é da exclusiva competência e responsabilidade do judiciário julgá-lo e puni-lo no prazo estabelecido em lei, pois, é a sensação de impunidade que alimenta a fome ensandecida dos corruptos e a certeza dela institucionaliza o crime. Esse é o retrato atual e fiel do nosso país.

As mudanças ansiadas pelo povo brasileiro dependem da Reforma Política para que o voto seja realmente um instrumento de transformação e não de barganha, um ato de consciência e não de conveniência, nem de subserviência. Também dependem da Reforma do Judiciário para que a Justiça seja implacável em desfavor dos corruptos e dos corruptores, retirando-os do cenário político e impedindo-os, inclusive, do exercício laboral nos serviços públicos, com uma velocidade maior que a velocidade com que são praticadas as fraudes, os desvios, as corrupções. Se eliminarmos o corrupto com ele a corrupção será exterminada. Portanto, extinguindo a causa não seremos vítimas dos efeitos. A Justiça é o caminho mais eficaz no combate aos corruptos e a corrupção.

Trazendo o cenário político desenhado para a sucessão ao trono do Paranaguá em 2016 à aplicação da nossa linha de raciocínio, conclui-se que se a Reforma Política e a Reforma do Judiciário fossem aprovadas, se consolidassem e regessem às próximas eleições, os candidatos “fichas sujas” seriam retirados do cenário; os “aparecidos” que adotam o sistema de comensalismo na relação com o povo, perderia a característica do “peixe rêmora” que fixa uma das suas ventosas no corpo do tubarão para ser transportado sem esforço e cômoda e preguiçosamente se alimentar dos restos descartados; os “aventureiros” identificados como autômatos e subservientes de partidos, não teriam condições de emprestar os seus nomes para negociar interesses escusos, porque sendo inescrupulosos se alia sem olhar a quem; e, por fim, os candidatos fichas limpas inoperantes também representam uma ameaça ao eleitorado, porque imaginam que honestidade de que são dotados é o suficiente para se tornarem gestores públicos capazes de administrar o município de Ilhéus, que é uma verdadeira “omelete de problemas com pepinos” sem ter mostrado capacidade de liderança, sem conhecer as demandas da população, sem ter apresentado sequer um trabalho de repercussão que beneficiasse a maioria dos segmentos sociais diretamente, sem ter nunca sido um ator social operoso em defesa dos interesses comuns.

Apesar de honestos, candidatos com o perfil de ficha limpa inoperante, desprovidos de aptidão, capacidade, habilidade, coragem e independência para o enfrentamento dos problemas, até que se prove o contrário, também geram incertezas quanto à eficiência de um gestor público, porque podemos estar diante de um inocente útil, que se esconde por detrás de “fichas sujas”, de “aventureiros”, ou, de aparecidos e que ao ingerir ou inspirar a sagacidade e esperteza desses seus “orientadores”, comprometerá a sua gestão e prejudicará o povo. É preciso que mostre a cara, diga de onde vem, o que pretende e com quem anda.

  O desfile dos nomes dos pretensos candidatos ao Palácio Paranaguá nos permite identificar os perfis de quem possa ser fichas sujas, aventureiros, aparecidos e fichas limpas inoperantes, cabendo a cada eleitor fazer a sua leitura particular, em conformidade com a sua visão analítica da conduta e atuação de cada um dos candidatos, enquadrando-os na conceituação mais adequada dentre as sobrerrelacionadas.

Se o eleitor ilheense não se unir em torno de nomes de candidatos moralmente honestos, tecnicamente competentes, politicamente hábeis e socialmente acessíveis, independente de esquerda, de direita, de centro e de matiz partidária, não será preciso se ter o dom de pitonisa para prevermos o aprofundamento do abismo no qual fomos atirados, sem condições de retornar à superfície.

A mesa está posta e todos nós sentados ao seu redor. O cardápio apresentado nesse momento é variado e indigesto e mais indigesto ficará se na dúvida experimentarmos as opções disponíveis para dentre elas escolhermos uma, a hipoteticamente mais palatável, porque a menos prejudicial, isoladamente, causa flatulência grave, cujos efeitos têm provocado a “entropia” do nosso meio ambiente político. Pior será se repetirmos o trivial nosso de cada dia que aí estar e que vem nos envenenando paulatinamente, pois, estaremos como um “kamikase”, suicidando-nos administrativa, política, econômica e social.

As próximas eleições, mais uma vez, serão uma oportunidade de mudanças abruptas e radicais da história política de Ilhéus. Se o Judiciário celerizar o julgamento de alguns processos de gestores ímprobos e condená-los, estaremos livres dos candidatos fichas sujas. Caso contrário, dependeremos apenas e tão somente da consciência do eleitor, com o seu voto, porém, muitos ainda votam em quem rouba, mas faz. Essa é a maior preocupação.

Na hipótese dos “Ses”, se nem o Judiciário, nem o eleitor decidirem pelas mudanças que Ilhéus precisa, aí, é quase certo tratar-se de CARMA, SINA OU MALDIÇÃO. Nesse caso a solução somente será encontrada em outros “Terreiros”.

Nicolefé Lorum(seja o que Deus quiser)!