ILHÉUS, CIDADE TURÍSTICA?


Por Raymundo Sá Barreto  

Ilhéus, conhecida em todo canto. Ilhéus-Bahia, lugar único, privilegiado por natureza. Aqui o Brasil também começou e a historia se fez, algumas tristes, porem é importante sabê-las, e tê-las como lições úteis no presente. Aprender com os que aqui suaram, plantaram, lutaram e amaram. O conhecimento histórico inserido na sociedade tem o poder de transformá-la pra melhor. A 11º semana de museus que aconteceu neste mês de maio em todo o Brasil frisa bem isso, cujo tema é: Museus (memória + criatividade) = mudança social. Tantos foram os homens que aqui viveram e vivem, que merecem respeito e reconhecimento, pela dedicação que tiveram no querer de uma sociedade melhor e mais digna. Esses homens formam uma base sólida na edificação de uma sociedade mais fraterna e saudável.

O que vou dizer aqui, não é nenhuma novidade: Ilhéus é uma entre tantas cidades, de grande potencial turístico no mundo. Será? Analisemos então as formas possíveis de se trabalhar o turismo em uma cidade: turismo cultural, turismo esportivo, turismo rural, turismo de negócios e eventos, festivais, ecoturismo, aventuras (zona urbana e rural), além do “sol e praia”, que atualmente é a modalidade mais usada.

Continuemos o raciocínio. Qual dessas modalidades descartaremos, já que a nossa cidade não oferece condições para pratica? Falo de condições físicas, não estruturais. Pois bem, acredito que a hora é essa, Ilhéus não precisa apenas de uma ponte de concreto, Ilhéus precisa de solução, e o turismo se apresenta como uma luva. Eis a mola que precisamos para impulsionar a economia de Ilhéus e até mesmo da região. Nasci aqui há trinta e três anos, tive a oportunidade nesses anos de conhecer bem a minha cidade. Quantas vezes em minha infância eu comi guaiamum em Sambaituba? Perdi as contas, e, de lá pra Lagoa Encantada era um piscar de olhos, onde a natureza sempre esplêndida lá está. Quantos quilômetros já caminhei nas areias da praia do norte, onde no meio está a barra nova, simplesmente exuberante, e os mergulhos nas represas de Olivença e da Mata da Esperança, rio Almada, rio Itacanoeira, rio Santana, Sapetinga, Baia do Pontal . Sem falar nas trilhas das fazendas com suas árvores e ribeirões, e os povoados, que são mais de vinte ao redor da cidade, todos com suas biodiversidades e natureza singular.

Com isso o que quero dizer é que os ventos sopram a nosso favor, pois até o escritor brasileiro mais lido e traduzido no mundo é ilheense de coração e pensamento, e a Ilhéus ele dedica boa parte de sua obra, com o seu talento, e a fez ser conhecida nos seis continentes. Jorge é único, porem Adonias, Abel, Nelson Shaum, Sosígenes, Demostinho, Epaminondas, José Perpétuo dos Santos, José Reis de Melo, Francisco Prates também são, e ainda tem mais uma porção, cada um do seu jeito deixou a sua contribuição, que servirá de base um novo momento que vem chegando.

Órgãos como o Sebrae, Atil, CDL, CEPLAC, Associação Comercial de Ilhéus, Secretaria de Turismo, Secretaria de Cultura, Empresas de turismo, Instituto Floresta Viva, Instituto Nossa Ilhéus, Instituto Cabruca, UESC, Conselhos de Cultura e Meio Ambiente do Município, Câmara de Vereadores, e mais alguns que não me lembro agora, precisam falar a mesma língua, andar de mão dadas, deixar de lado as diferenças e trabalhar em prol do mesmo projeto, ou seja, tirar a cidade da estagnação social, sonho almejado há tempos.

Algumas ações simples precisam ser começadas de imediato, dependem apenas da boa vontade dos nossos gestores, ou melhor, da mobilização da comunidade, pois , o povo organizado é que detém o poder. Pena que ainda não percebeu isso. A criação de uma linha de transporte náutico ligando o centro da cidade aos distritos terá dupla função, pois além de atender os moradores da localidade, viabilizará a chegada do turista em lugares como Rio do Engenho, Lagoa Encantada, e até mesmo o Banco da Vitoria, refazendo uma antiga rota.

Um outro fator que será fundamental para a região e que fará girar a roda da economia, gerando desenvolvimento sustentável, já vem acontecendo devagarzinho e logo será realidade. Trata-se da transformação da região produtora de cacau, em produtora de chocolate. Isso fará com que aumentemos os nossos ganhos em dez vezes, já que atualmente o produtor fica apenas com dez por cento do valor final do produto chocolate. Com isso também resolveremos a questão do preço mínimo do cacau, que é uma afronta à inteligência de quem sabe fazer conta de somar.

O Rio do Engenho desponta com um projeto que deve ser abraçado por todos. A iniciativa de um grupo de empreendedores, que tem como articulador o produtor de cacau orgânico Ronaldo Santana, que há anos acredita no potencial que a região tem para o ecoturismo, turismo rural, com isso o sonho começa a vira realidade.

Há dois anos instalou-se no Rio do Engenho uma indústria de chocolate, que uniu o segredo do bom chocolate com tecnologia de ponta, sendo uma das poucas fábricas de chocolate do mundo que planta, colhe e beneficia o cacau , sendo o produto final um chocolate com excelente qualidade, empregando pessoas da localidade em todas a etapas. Além do restaurante Netos da Gabriela, localizado na margem do Rio, tendo na outra margem, a Igrejinha de Senhora Santana, que há mais de quatrocentos anos ali está, sendo uma das mais antigas desse nosso Brasil.

O Alambique Rio do Engenho também vem se destacando a nível nacional, produzindo um produto com ótima qualidade. Ronaldo Santana, na sua propriedade, faz um trabalho de preservação de árvores da mata atlântica, onde existe uma trilha sinalizando as espécies e no meio, uma singela cachoeira nos contempla. O Instituto Cabruca abraçou a causa, e vem desenvolvendo um trabalho pioneiro, visando a preservação da mata atlântica, a sustentabilidade do homem do campo e o desenvolvimento econômico, agregando valores à propriedades tradicionais no cultivo do cacau.

O Cabruca lança no dia 29 de maio de 2013 um importante programa denominado Árvores da Cabruca, que tem como ideia identificar árvores nativas, para que possam servir de símbolo no trabalho de reconstituição da mata atlântica, tão castigada nos últimos anos. Esta iniciativa premiará as propriedades que tiverem o maior exemplar de cada espécie, sendo que com o resultado disso, todo mundo ganha, pois a ideia é que possam permanecer preservada todas as árvores identificadas no programa, onde pretende-se também viabilizar o acesso para que as pessoas possam conhecê-las de perto. Um passo importante no desenvolvimento do ecoturismo, de pesquisas e outros projetos.

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