Quantos terão que morrer ?


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Wagner defendendo o complexo Porto Sul

Ontem foi um dia marcante para a Bahia. Perdemos um grande amigo, e, principalmente um ainda jovem, porém grande líder. Além de contribuir em varias lutas em prol dos trabalhadores, Wagner  Bastos exerceu um papel fundamental na movimentação política e popular local e também no estado.

Durante seu velório conheci uma pessoa que teve internado juntamente com ele no Hospital Regional Luiz Viana Filho, e os relatos só fizeram dar ainda mais veracidade às denúncias feitas relacionadas ao descaso que da atual administração do hospital Regional.

Segundo os relatos, faltava tudo, até mesmo material hospitalar para fazer curativos. “Gente, quem não trouxe material hospitalar para fazer o curativo, vai ficar sem fazer” alertava uma enfermeira ao adentrar no quarto onde estava Wagner e mais dois pacientes.

Foram longos 11 dias esperando uma análise de um neurologista, que apareceu, mas soube da confusão e protestos do sindicalista, visitou todos os pacientes, menos Wagner. O próprio Wagner relatou a esse blogueiro, que os médicos em sua grande maioria não cumpriam o plantão. Passavam meia hora visitando pacientes, e iam embora. Um absurdo! O medico ganha um plantão de 24 horas, mas só trabalha 30 minutos, quando trabalham!

Não seríamos irresponsáveis também de culpar o hospital sozinho pela morte do sindicalista, mas podemos culpar o sistema de saúde de nosso município por inúmeras mortes, incluíndo a de Wagner. Quantas pessoas morreram por falta de atendimento? Quantas gestantes perderam o filho ou até mesmo a própria vida por falta de atendimento ou negligência do hospital?

E Ilhéus mais uma vez aparece negativamente em mídia nacional. Na semana passada foi explicitado para todo o Brasil o caso de um médico do Hospital São José cobrando a taxa de R$ 50,00 para agilizar o atendimento de pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Agora o mesmo hospital aparece na mídia nacional em menos de uma semana, aonde uma mulher em trabalho de parto foi impedida por um segurança de entrar na maternidade. Ela deu à luz na calçada em frente ao hospital.

Wagner morreu decepcionado com atual gestão do município, a mesma que ele votou, esperando que atitudes rápidas pudessem amenizar o sofrimento da população, principalmente na área de saúde.

Que nada! Para revolta de Wagner, e da sociedade, o primeiro ato do prefeito foi demitir médicos e enfermeiros, deixando os postos de saúde fechados, sobrecarregando o único hospital público que funciona em Ilhéus.

Para temos uma ideia, até mesmo no pífio governo do prefeito Newton Lima, o cidadão encontravam médicos, material hospitalar, ainda que precariamente, mas ainda encontravam atendimento medico.

Na atual gestão, a situação se complicou, e nem uma seleção pública conseguem fazer! Incompetência? Talvez os cargos estejam sendo ocupados por burocratas perdidos dentro da administração.

Hoje o cidadão ilheense está proibido de ficar doente ou ser gestante.

Deixo aqui no final desse desabafo, uma pequena parte do editorial do Jornal Bahia Online sobre a saúde de Ilhéus :

Morrer no hospital por falta de atenção e de atendimento tem no coração de todos nós o mesmo sentimento da morte de um inocente nas mãos de um bandido cruel e sanguinário, que não pensa nos filhos que ficarão órfãos e nas mães que chorarão por uma vida inteira vitimada pela insensibilidade alheia. Ou as autoridades agem com rapidez ou muitas mortes, depois desta, estarão à caminho, alicerçadas em novos gestos do descaso e do desrespeito, quando deveriam ser de apoio e proteção.

É preciso perguntar: afinal, de quem é mesmo a culpa destes verdadeiros assassinatos disfarçados de atendimento e de atenção ?