Petrobras anuncia reajuste de 6,6% para a gasolina e de 5,4% para o diesel


gasosa

Prestes a divulgar uma queda de lucro e de produção em 2012 e após meses de pressão de sua diretoria e de investidores, a Petrobras anunciou ontem um reajuste na gasolina e no diesel, que deve injetar R$ 600 milhões mensais no caixa da companhia e aliviar as perdas com a diferença dos preços nos mercados externo e interno.

Em negociação com o governo desde o ano passado, o reajuste de 6,6% da gasolina nas refinarias da Petrobras será o primeiro com impacto ao consumidor desde 2005 –desde então o governo abria mão da arrecadação da Cide (imposto federal dos combustíveis) para anular a alta nos postos.

Esse tributo foi zerado no ano passado, logo não pode mais compensar reajustes.

O diesel sofreu aumento menor: de 5,4%, também nas unidades da estatal. Os novos preços já vigoram desde a 0h de ontem.

Como a gasolina recebe uma adição de 20% de álcool (produto com preço menor) antes de ser vendida nos postos, o reajuste não deve chegar na mesma proporção aos consumidores. A consultoria CBIE estima alta de 4% dos preços nas bombas.

Para o presidente do Sincopetro (sindicato dos donos de postos de combustível da cidade de São Paulo), José Alberto Gouveia, o aumento dos preços ao consumidor será “muito próximo” do percentual de reajuste na refinaria.

O Sindicom (sindicato nacional das distribuidoras de combustíveis) também diz que haverá repasse.

Segundo a Petrobras, “o reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo”.

O CBIE, porém, estima que ainda haja defasagem em relação aos preços internacionais. Antes do reajuste, a gasolina tinha uma diferença de 15%, e o diesel, de 24%.

Adriano Pires, sócio da consultoria, diz que o aumento veio para dar uma “boa notícia ao mercado”, pois o lucro deve cair 15%, e a produção 3%, em 2012. O balanço sai na próxima semana.

Desde 2012, a Petrobras amarga fracos resultados e sua presidente Graça Foster negociava intensamente com o governo o reajuste.

Para Pires, o aumento só foi possível agora porque houve queda do preço da energia elétrica, que trará alívio à inflação e compensará o aumento da gasolina. “O governo sangrou a Eletrobras [que vai receber menos pela energia gerada] para salvar a Petrobras.”