A água de cheiro aguou


Ariel Figueroa – Coluna de Turismo

Dois capoeiristas, três estivadores, algumas baianas e muita raça, esse é o balanço de uma festa que já foi grande. Participei hoje –mais uma vez- da lavagem da Catedral, do inicio ao fim. No final da festa ficou um sabor amargo na boca, o retro gosto não foi legal.  Faltou muito, faltou tudo.

À margem de Ilhéus passou o cortejo de baianas festejando São Sebastião ou Oxossi. A Cultura de Ilhéus foi dizimada, vulgarizada, marginalizada, deu tristeza ver o cortejo passar e o olhar das pessoas mostrar o desconhecimento do que estava acontecendo. Ilhéus esqueceu suas tradições. A Ilhéus ariana esqueceu sua cultura.

Estive no Mercado de Artesanato, cheio de turistas e estes sem saber que nesse preciso momento estava acontecendo uma das mais belas festas populares de Ilhéus, parece que as pousadas e os hotéis não informaram a respeito da lavagem da catedral.  A Atil –Ass. De turismo de Ilhéus- precisa incorporar seu papel de pelo menos divulgar o que está acontecendo aqui, pelo menos. Senti a falta dos turistas fotografando, tentando dançar, se esforçando por participar. Senti a falta de Ilhéus.

Não se trata de ser ou não povo dos terreiros, e uma coisa nossa, de ilheense participar da lavagem da Catedral, pelo menos isso eu aprendi na década de 90, era assim. Os terreiros estão cada ano pensando se descem para a festa ou não, isso tá claro, enquanto continuar a ser uma festa organizada por políticos, está fadada a acabar, acredito que uma reunião entre os envolvidos seja necessária, de forma urgente.

Ano passado na hora do caminhão pipa a água faltou, este ano tinha um caminhão pipa relucente de novo, faltou uma coisa, Axé.

Lavagem da Catedral sem Axé não faz sentido.