Cacau: comercialização na Bahia está travada


Segundo matéria publicada na revista Valor Econômico, os recebimentos de cacau nacional por comerciantes na Bahia, maior produtor nacional da amêndoa, foram muito baixos na semana passada, inferiores ao esperado e menores que o fluxo atual do produto sendo colhido nas fazendas, de acordo com relatório semanal divulgado pela TH Consultoria e Estudos de Mercado. Quase todos os participantes do mercado monitorados pela TH reduziram o volume dos seus recebimentos de cacau.

De acordo com a publicação, na semana encerrada em 9 de dezembro da temporada 2012/13, os recebimentos de cacau na Bahia somaram 44,039 mil sacas, queda de 34,6% sobre as 67,345 mil sacas no mesmo período de 2011. Já as entradas de outros Estados produtores seguem o declínio sazonal, mas continuam acima dos anos anteriores.

Na avaliação da TH, o mercado baiano enfrenta uma situação jamais experimentada, com grandes e crescentes quantidades de cacau sendo retidas na região produtora por fazendeiros e comerciantes intermediários.

Thomas Hartmann, sócio-diretor da TH, disse que em mais de 40 anos dedicados à cacauicultura nunca viu situação semelhante. Segundo ele, as indústrias recebem menos cacau e comerciantes intermediários estariam guardando a matéria-prima. “Tenho a impressão de que os atravessadores estão segurando o cacau para conseguir preços melhores”, diz. Hartmann conta que os atravessadores compraram a amêndoa por preços maiores e agora os prêmios sobre o produto recuaram por causa do excesso de oferta.

Walter Tegani, secretário-executivo da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (APIC), afirma que o menor recebimento por parte da indústria é decorrente de uma oferta abundante no país frente a uma previsão de safra menor no início do ano. Segundo ele, as processadoras estão com volumes altos de estoques que dão conta da demanda até o primeiro trimestre de 2013, e tentam suspender algumas importações para minimizar o problema.